domingo, 7 de maio de 2017

Belchior - Liberdade e Humanidade

Almanach Lucas Destaca Belchior


1988: "Não sou preso a nada, mas posso virar a mesa amanhã (DN)



26 de abril de 1981 . Fez o show de reinauguração do calçadão da Av. Beira Mar no anfiteatro Flávio Ponte, que era inaugurado pelo Grupo O Povo. Conforme publicação do O Povo, um show de três horas ao lado da banda Coração. (Foto O Povo)


Filantrópico


SP: apoio aos irmãos
do Ceará ( O Povo)
4 de setembro de 1983. De São Paulo, onde residia, anuncia engajamento na campanha de ajuda aos flagelados da seca no seu Estado, fazendo questão de ressaltar que não se tratava de ação assistencialista, embora fosse o foco do governo. Através da União de Nordestinos de SP, fez rápidas apresentações pela metrópole paulista, de modo que, em dezembro, entregou um cheque de CR$ 4,5 milhões à então primeira dama, Miriam Mota, à frente da Missão Asa Branca. Ele, que a convite do executivo estadual, cantou em jantar dos lojistas cearenses, tendo papel relevante na arrecadação total de CR$ 370 milhões até então. Portanto, financeiramente Belchior nada nos deve, partiu com créditos do seu trabalho e ajudas humanitárias. (Fotos O Povo)



Cheque nas mãos da primeira dama. (O Povo)


16 de fevereiro de 1985. 


`"Não curto esse lance de sucesso" (TC)
Em entrevista ao Caderno TC Dimensão, do Jornal Tribuna do Ceará, confirma ser uma pessoa que gosta de conversar, “viver a vida a cada instante”, mas acima de tudo da liberdade. Fala de uma Fortaleza bonita e provinciana, que recebeu uma cultura nova, inclusive referente à música. Se diz feliz em ter sido parceiro de todos os músicos locais, condenando a prática de “derrubar” o concorrente. “Não curto esse lance de sucesso e troco qualquer possibilidade nesse sentido. O fundamental é criar, inventar, ser um homem feliz. Nunca tive o sucesso como objetivo primário, muito pelo contrário. Acho que esse é um fator mais para o acidental. De qualquer maneira, a minha expectativa inicial era de que a minha música maior receptividade apenas junto a uma elite musical, mesmo porque as atitudes que assumi quando ainda morava aqui, como abandonar a família e ir trabalhar na televisão, fiz numa boa, com certo charme, inaugurando um estilo que passou para o meu trabalho. Gosto muito desse "finesse" do fazer, do sentir, e isso surpreende quem só conhece uma faceta do meu sucesso ”.

10 Anos de Carreira


28 de junho de 1985 . Recebe a concessão do título de Cidadão Honorário de Fortaleza pela Câmara Municipal de Fortaleza, conforme projeto do vereador Emanuel Teles. Naquele ano, o cantor participou de um evento no Hotel Samburá (Av. Beira Mar), organizado pelos amigos Cláudio Pereira e José Tarcísio, em comemoração aos “dez anos de carreira”, afinal, conforme o próprio, o sucesso de “Alucinação” (1975) foi a concretização do seu nome na música nacional. Não só fez um show no hotel, que inaugurava o bar “Velas e Ventos”, como conversou com a plateia. Alem desse, tocou em sua Sobral, pela data alusiva, e igualmente no ginásio Meton Vieira Vasconcelos (Náutico Atlético Cearense), em Fortaleza.


1985. Com Cláudio Pereira e José Tarcísio: 10 anos de sucesso.


 Disse ao O Povo do dia 28 de maio de 1985: “Se tivesse que apresentar um saldo destes dez anos de musical por parte de cearenses, eu diria que modernizamos a música nordestina e criamos uma música popular cearense, de caráter nacional. E alem de contribuirmos para o panorama nacional com uma música moderna, estabelecemos um fio evolutivo para a moderna música cearense dentro de um espírito de modernidade, de contemporaneidade, extrapolando qualquer limite regionalista. Na verdade, estamos fazendo uma música extremamente contemporânea na verdadeira acepção da palavra geral, universal. A briga, hoje, é para saber quem é mais ou menos moderno, mais ou menos participante do cenário musical. Isso justifica o fato de, nestes dez anos, as gravações de mais de cem discos, quase duas mil canções interpretadas e quatro milhões de discos copiados”

 “Posso virar a mesa amanhã”


 
1981. Com o seu povo na B. Mar ( O Povo)
Em 1988, lançando “Elogio à Loucura”, disse ao Diário do Nordeste: “No começo, a gente, que saiu do Ceará, tinha uma visão de grupo forte, era fundamental. Toda cidade que avança ao futuro precisa ter uma visão clara de todas as artes, mantendo raízes, mas sem ufanismos. Sou a favor da civilização e da cultura contra a barbárie. Estamos em pleno fim de século, mas ainda se toma atitude de caráter arcaico, medieval. No mundo musical, eu me proponho a fazer uma obra que tenha o sentido atual, algo parecido com a literatura de performance. Isso é um caminho em que a minha música conduza o meu discurso. É claro a minha formação cultural sirva para isso. Sou favorável ao individualismo, mas não sou preso a nada, convivo com qualquer pessoa de pensamento ou cultura, por isso vejo que, só no Brasil, não se respeita seus artistas, como estão fazendo com Cazuza. Se você observar meus discos, minhas canções, vai ver que sou o único do grupo que fez canções com todos os cearenses. É isso que faço hoje, mas posso virar a mesa amanhã”. (Diário do Nordeste)

 Fontes: Jornais O Povo, Tribuna do Ceará e Diário do Nordeste.