sexta-feira, 4 de maio de 2018

Trairi CE, 14 de agosto de 1974. O Centenário de Livramento.


 
O momento foi por demais aguardado. Nas missas, Padre Tomás Féliu ministrava os preparativos para a solenidade tão louvada. Católicos, irmandades, o bispado do Ceará, o conjunto em torno da veneração por uma Santa estava mobilizado. Um pedaço da história do Estado traçava mais algumas linhas para o futuro. Dificilmente havia um trairiense que não soubesse o que se passava. No mercado, no comércio, nas praias, escolas e comunidades do sertão a conversa era única: a Paróquia de Nossa Senhora do Livramento estava completando cem anos.





Aquele 14 de agosto caiu numa quarta-feira, fato que não tirou o brilho de um evento histórico. Cem anos de Vila e Paróquia de Nossa Senhora do Livramento. Uma verdadeira massa de fiéis presente, lembrando os festejos religiosos do fim de ano, com representações de todas as comunidades. Autoridades de diversas esferas sociais presentes, como  o ex Bispo Auxiliar de Fortaleza, D. Raimundo de Castro e Silva; do Pe. Windemburg Santana (Superior Provincial da Companhia de Jesus), de vários ex vigários da paróquia; do vigário de Baturité, Pe. Hugo Furtado, descendente de Dona Maria Furtado; do presidente da Assembleia Legislativa, Almir Pinto, além de representantes das classes operárias, agrícolas e empresariais do município e do Ceará.



Prefeito Manoel Barroso Neto com os fiéis na rua Raimundo Nonato Ribeiro


 Mas acima de todos estava o povo, os fiéis procedentes daqueles que levantaram a imagem da milagreira desde a sua origem. À meia noite a deslumbrante missa, na qual o devoto beija-mão perdurou quase uma hora. Seguindo-se os cânticos acompanhados da banda do Colégio Piamarta, atos litúrgicos e declamações de poemas, destacando-se a fiel Maria Pia de Salles.  Muitos ainda chegavam de longínquos municípios quando se iniciou o grande cortejo. Estudantes e fiéis, pessoas de origem simples mas de grandeza cristã, de fé, carregavam as imagens dos demais santos que ornamentam a Igreja, sendo a de São Pedro aos cuidados dos pescadores.




A multidão e os demais santos acompanham Nossa Senhora do Livramento


 Nossa Senhora do Livramento abençoou o seu povo. Chorou quando ali chegou após cruzar  o Atlântico;  chorou quando a viu paróquia, com o Pe. José da Silva Carvalho, em 1874, surgindo ao seu lado, triunfante, rumo ao templo idolatrado. E chorou novamente de alegria no centenário, durante uma festa católica da qual o povo trairiense  jamais esquecerá, emocionando os visitantes. E mais do que isso, nunca a abandonou. Assim conta um povo tão católico, fiel, sabedor do seu destino, que é amar a Deus e por ele ser perdoado. Assim conta a História.


                                                                                          (Acervo Lucas)



 Pesquisa: "Como Nasceu Trairi" (Maria Pia), "Ungidos do Senhor" (Aureliano D. Silveira), jornais O Povo e Tribuna do Ceará.