Um Dia de Euforia
Foto O Estado. 16 de julho de1961 |
Pouso
Complicado
A ventania estava forte
quando, às nove horas, avistou-se o “teco-teco”, que dava voltas em torno da
pista improvisada, pois tinha dificuldades para aterrissar no “piper” de
piçarra, a qual, apesar do susto, felizmente foi concluída sem acidente. Na
comitiva, as maiores autoridades eram o governador do Estado, Parsifal Barroso,
e o vice-presidente do Departamento Autônomo de Estrada e Rodagens (DAER), Caio
Studart. Na recepção, o vigário da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, o
prefeito, Antônio Silva, e o chefe político de Trairi. Resolve-se, contudo,
evitar as formalidades e um verdadeiro cortejo humano, autoridades e a
comunidades, caminharam até o centro da cidade.
Passeata
pela Cidade
Passeata pela ponte
|
O
Governador Ora na Igreja
Após a inauguração, a passos
rápidos, dirigiram-se à Matriz do Livramento, onde o governador orou, segundo o
próprio pedindo “por ele e pelo município”, terra em que estivera, quando, aos
25 anos, iniciava as carreiras de advogado e professor do Liceu do Ceará. Depois
de ouvir os pedidos de Padre Alberto, constaram visitas ao Grupo Escolar
Raimundo Nonato Ribeiro e à velha Cadeia Pública, em precárias condições, do
lado direito do casarão dos Granja.
Rua dos Cururus (Tolentino Chaves). O primeiro logradouro da cidade. Foto O Estado. |
Recitação
e Reivindicações
Já na residência de José
Granja, o coral do Grupo Escolar recepcionou a comitiva com cânticos ensaiados
por Dona Olga Ribeiro, Maestro Silva Novo, e pelas professoras. Algumas
reivindicações foram feitas ao governador, que retribuiu os manifestos de
carinho, prometendo reformar a Cadeia Pública (na verdade foi construída
outra), reequipar a escolar e melhorar o acesso até o vizinho município de São
Luís do Curu. Já a pequena Ângela Freire Ribeiro, filha de Zé Granjinha e de
Olga Nunes Freire Ribeiro, recitou um belo verso, recebendo o carinho de
Parsifal Barroso.
Promessas
O governador solicitou da
prefeitura a indicação de uma área a ser doada e onde se instalaria uma unidade
sanitária dentro das características propostas pela Secretaria de Saúde do
Estado. Completou: “Não sabia que jamais havia estado em Trairi um governador.
Somente agora posso medir esta alegria que, de fato, senti em todos os
semblantes, esse abrir de corações que, por toda a parte, palpitou bem perto
mim, fazendo-me o vosso contentamento. Assim, a data de hoje é histórica,
porque é a primeira vez que um Chefe do Executivo vem a Trairi. E por que é essa data é histórica? Deve ser porque, como
disse o vigário, Padre Alberto, a data que marca um nova vida , abrindo uma
nova perspectiva, dando a todos a confortadora certeza de que os problemas de
Trairi começaram a ser conhecidos e atendidos. Estabeleçamos aqui um pacto
cordial e sagrado, de sempre marcharmos juntos para a conquista dos benefícios
de que necessita esta terra generosa”.
Histórico cortejo da Igreja de Nossa Senhora do Livramento ao Grupo. |
Tempos
difíceis antes da ponte
Conforme
o historiador, Professor Batista Santiago:
“Havia um aparato artesanal com estrutura apenas de madeira. Era um grande jirau de carnaúbas. Sobre elas as pessoas atravessavam o rio, usando todo seu equilíbrio e com muito medo de facilitar e cair, principalmente quando o rio estava cheio. Era um risco tremendo. Imaginem como era complicado. Mas muita gente passava, levados por determinadas necessidades. Quem no inverno tivesse que apanhar transporte no outro lado do rio, tinha que caminhar pela antiga Rua dos Cururus (hoje Tolentino Chaves) até o local desejado. Muitos paravam na casa do saudoso Cortiço, cuja casa era a última da citada rua, nas proximidades do atual posto de gasolina. Cortiço era homem hospitaleiro e prosador. Dava gosto chegar à casa dele”.
“Nesse tempo, grandes invernos em Trairi causavam transtornos. Quando algumas carnaúbas caíam danificando o processo de travessia, alguns passavam nadando ou segurando em uma longa corda amarrada de um lado a outro do rio, principalmente quem não tinha dinheiro para pagar aos donos de canoas. Contudo, existia pelo menos duas ou três canoas a serviço de quem podia pagar pela travessia. Imagino que os senhores José Florêncio (Zé Mugango) e Fransquim Maneco, eram donos de canoas que faziam esse serviço”.
“Durante o período do verão, não precisava de ponte; o rio baixava o nível e até ficava seco naquele trecho, facilitando os pedestres, cargas de animais e algum jeep ou caminhão misto passarem tranquilamente. Já no inverno, nenhum veículo chegava às ruas de nossa cidadezinha. Todo veículo ficava do outro lado, precisamente nas proximidades da casa do Sr. Zeca Tibúrcio, onde, no período ficava localizada a Agência de venda de passagens. Que velho tempo!”
Fontes:
Jornais dos Diários Associados: Correio do Ceará e Unitário. O Estado e Tribuna
do Ceará.
Fotos: O Estado e Diários Associados.
Fotos: O Estado e Diários Associados.
Agradecimento:
Professor Batista Santiago.
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