Por João Batista Santiago e J. Lucas Jr
Apresentação
Destacamos neste primeiro volume o princípio do
povoamento branco em uma terra de formação indígena, compreendendo o
período entre a presença humana no Brasil à separação administrativa de
Pernambuco, em 1799, quando o Ceará tornou-se independente, com foco em Trairi.
Acesso às fontes desses fatos históricos talvez possa ser
simples em se tratando do conjunto, da história dos desbravamentos marítimos,
das primeiras expedições, das tentativas de povoamento de uma capitania abandonada,
debruçada em batalhas entre índios e invasores estrangeiros. Mas em se tratando especificamente de Trairi o trabalho não foi fácil.
Lendo sobre o histórico município cearense, constatamos,
diante dos contos orais, uma relação amistosa entre os povos primitivos e europeus;
a chegada de uma rica "portuguesa" após uma tempestade, uma súplica ante a
eminencia de um naufrágio com a promessa de construção de uma capela onde
ancorasse.
Sua chegada, salva, e consequente deslocamento pelos
morros desertos em busca de ajuda faria sentido se a maioria dos índios não
morasse naquela faixa litorânea, com vários pontos de observações, devido aos morros colossais . Quem sabe,
porém, os próprios a transportaram ao rio Trairi, dependendo da amabilidade e das caridades econômicas
(presentes) da náufraga.
Por sua vez, este registro procurou analisar as datas das
sesmarias, e outras, além dos seus protagonistas, a fim de se posicionar sobre o fato. Em Trairi, a primeira
tentativa de concessão de terras ocorreu em 1706 pelo tenente-coronel Estêvão
Vicente Guerra, que faleceu em 1711 sem o título da terra, certamente por não cumprir as exigências, principalmente a de estar presente e viver nela. Então, a sua esposa, Maria
Furtado de Mendonça, requereu as ditas propriedades em 1725, partindo para a sua
posse imediatamente após a legalização.
Com o passar dos anos, carecendo o povo de instrução e de fontes escritas, contou a história oral que Dona Maria Furtado
encontrava-se negociando com as Índias Ocidentais quando, por acaso, após a
tempestade, teria chegado em Trairi entre Flecheiras e Guajiru, não coincidendo com as terras tratadas nas sesmarias. O correto seria a foz do Rio Trairi.
Mas, caso esse naufrágio tivesse ocorrido antes ou no ano
de 1706? Ela teria no máximo dezenove anos, seria muito amadora, diante de
navegações arriscadas, para se envolver em comércio marítimo, até porque havia uma bandeira rival no oceano, dos holandeses, que assassinaram seus dois tios-bisavós frades franciscanos, como destacamos no livro.
Os primeiros registros que encontramos da Capela de Nossa do
Livramento são de 1727/28. O período seria muito longo para pagamento de
promessa por uma religiosa como Maria Furtado de Mendonça, que
adotou o nome de beata, Maria de Jesus e José.
Respeitando o outro lado da história, diante da atenção
que o pesquisador deva ter, e por isso não descartamos a hipóteses de
naufrágio, esta opinião dos autores tem como parâmetro o estudo de fontes históricas escritas.
Com base neles, descrevemos, cronologicamente, o
máximo de acontecimentos, como o povoamento discreto e distante da futura sede;
os casamentos, batizados de escravos, comércio, famílias coronelísticas e
escravagistas; e principalmente a importância que já tinha o templo, embora simples, de Nossa
Senhora do Livramento, pertencente à Diocese de Olinda PE. Portanto, para Trairi seguiam, com terços às mãos, as
senhoras fiéis do Curral Grande ao Aracatiaçú; do Curu e Tururu ao Paracuru.
Capítulo 1. Há algo sobre
Trairi e a Pré-História?
Antes de apontarmos
quaisquer indícios que marcaram fatos ou passagens do homem pré-histórico por
Trairi, o que indiscutivelmente aconteceu, consideramos oportuno reeditar
pequenos trechos sobre os períodos da história da humanidade, especificamente
da Pré-História.
1.1. Período Paleolítico.
O primeiro e mais extenso
período que se conhece da história da humanidade foi o período “paleolítico”.
Nele, surgiram os primeiros hominídeos antepassados do homem moderno.
Com o desenvolvimento da mente
e acumulação de experiência e conhecimentos, os homens primitivos foram
aperfeiçoando seus instrumentos, utensílios domésticos e armas, suas técnicas e
meios de subsistência. Também sua vida em sociedade, suas atitudes e hábitos
sociais, como a vida familiar, a vida em grupos, a participação coletiva,
introdução de cerimônias religiosas, aperfeiçoaram a arte, o artesanato,
passaram a construir casas e abrigos, descobriram o fogo e inventaram os meios
de comunicação e transporte.
Esse período também ficou
conhecido como a Idade da Pedra Lascada.
1.2. Período Neolítico.
Também chamado Idade da Pedra
Polida. Começou em 10.000 anos antes de Cristo e terminou em 6.000 anos a.C.
Houve nesse período uma predominância de instrumentos feitos de pedra lascada e
polida. Destacou-se um intenso crescimento da agricultura, acompanhado da
pecuária e aumento da população.
1.3. Idade dos Metais.
Último período da
Pré-História: 6.000 a 4.000 anos antes de Cristo. Foi marcado pela invenção da
escrita. Durante o seu desenvolvimento o ser humano adquiriu seus primeiros
conhecimentos sobre a técnica de fundir, ou derreter metais. Processo que se
chama metalurgia.
1.4. Sítios arqueológicos comprovam
presença humana em Trairi.
De todas as etapas ou períodos
da pré-história, os elementos que nos comprovam terem existido a ocupação de
grupos humanos diversos e sua evolução desde o passado remoto, são as
descobertas de vestígios e fosseis.
No Ceará, de acordo com
dados do Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), existem
pelo menos 582 sítios arqueológicos, cuja área mais rica de descoberta de
antigos povos que viveram no Estado é a litorânea, onde está concentrada a
maioria desses sítios. Sendo que, o mais antigo registro de ocupação humana no
Ceará foi encontrado nas dunas de Sabiaguaba, em Fortaleza.
Trairi, com cerca de 35
quilômetros de litoral e muitas dunas, certamente contém sítios ainda não
conhecidos, além dos poucos que já foram descobertos.
Não temos como apresentar
comprovação sobre que tipos grupais de homens pré-históricos habitaram Trairi.
Porém, evidentemente que não duvidamos da passagem deles e até permanência em
nossa terra em determinados períodos da pré-história, com base na teoria sobre
a origem do homem americano e brasileiro, segundo a qual, o ser humano chegou
ao Continente Americano, vindo da Mongólia e Sibéria, na Ásia, atravessando uma
ponte de gelo ou terras emersas na região do Estreito de Bering, entre os
Estados Unidos e a Rússia. Isso teria ocorrido a cerca de 20.000 anos, segundos
os pesquisadores.
Outros afirmam que grupos
humanos já estavam aqui há 12.000 anos. Trabalhos mais recentes mostram que a
há 10.000 anos o Brasil não era um deserto de gente. Diferentes povos já haviam
se espalhado em todas as nossas regiões, sobretudo no Nordeste. Claro que essa
presença humana no Nordeste brasileiro também marcou nossa terra, provavelmente
de uma forma nômade.
1.5. Vestígios em Trairi.
Não há movimentos organizados nem pelo poder público, nem pela sociedade, para fazer
busca e estudar os vestígios deixados pelos seres humanos pré-históricos.
Sabe-se, no entanto, que a partir dos últimos 11.500 anos, com destaque maior a
partir do início da história há 4.000 anos, foi marcante a presença de grupos
indígenas no Vale do Curu.
No breve histórico das
descobertas arqueológicas no litoral do Ceará, de responsabilidade do Núcleo de
Estudos de Etnologia e Arqueologia (Neea) da Universidade Estadual do Ceará,
encontra-se registrado o seguinte:
Concentrações mais significativas foram
evidenciadas no litoral oeste, em sítios localizados nos municípios de
Paraipaba e Trairi, a 90 e 110 quilômetros, respectivamente, da cidade de
Fortaleza. Os grupos pré-históricos que ocuparam o trecho relacionado à atual
Paraipaba, precisamente a praia da Lagoinha, deixaram como testemunho de sua
presença extensas oficinas líticas de lascamento identificadas pela presença de
produtos residuais desta atividade como lascas, fragmentos, pequenas estilhas,
além de instrumentos que são caracterizados pela persistência do fino
acabamento como se verifica nos raspadores distintas formas exemplificados
pelos plano-convexos (lesmas), os circulares ou semicírculos, além de lâminas,
furadores de ombro e uma diversidade de facas e pontas.
A singularidade dos materiais
arqueológicos identificados em Trairi, nas proximidades do rio do mesmo nome, é
representada pela ocorrência de sítios arqueológicos pertencentes a grupos
ceramistas que habitaram essa região. As informações arqueológicas vão de
encontro às informações históricas que apontam o espaço atual como um
território circunscrito na área da antiga aldeia do líder Cobra Azul.
Essa conclusão está na tese de Doutorado do arquiteto Clóvis Ramires Jucá Neto, de 2007, pela Universidade Federal da Bahia.
Outros vestígios identificados em
Trairi, precisamente na comunidade Boa Esperança, por ocasião do preparo da terra
para o plantio da mandioca, são representados por grandes vasilhas cerâmicas de
paredes grossas, decoradas em vermelho, marrom e branco, tratadas
particularmente com a técnica do alinhamento e, em menor proporção, do polimento.
Materiais arqueológicos com essas características tem sido atribuídos aos
grupos tupi que habitaram à Zona costeira do nordeste brasileiro. Além dessas
significativas concentrações de sítios arqueológicos, evidenciados nestes
municípios da costa ocidental cearense, já foram identificados concentrações
esparsas nos municípios do litoral leste como Icapuí, Beberibe, Cascavel,
Aquiraz, nas proximidades de Sabiaguaba, em Fortaleza, e nos municípios de
Camocim, Acaraú, Itarema, Itapipoca e Caucaia, localizados no litoral oeste.
Destaque-se ainda, que em
2016, conforme publicado no Jornal O Povo, através de uma matéria especial
enviada pelo professor Célio Alves Ribeiro, ocorreu a descoberta de um Sítio
Arqueológico em Mundaú, assim editado: “Sob as areias das dunas de Mundaú,
praia do município de Trairi (a 150 quilômetros de Fortaleza), um novo Sítio
Arqueológico do Ceará foi identificado a cerca de um mês. Moedas do ano de
1860, um machadinho, vasos de cerâmica, cachimbo, pedras talhadas e até parte
de um crâneo.
Trairi ainda tem muito a
explorar no que se refere a vestígios, fósseis e sítios arqueológicos.
Necessita, todavia, nas atuais circunstâncias, que o Poder Público Municipal
priorize e invista nas pesquisas correspondentes. Esta ação, sem dúvida traria
à nossa terra inestimáveis benefícios, entre os quais, identificar nossa
verdadeira origem no passado.
Capítulo 2. Os índios de Trairi.
2.1.
Tarairiús.
Como destacamos, o princípio do povoamento de Trairi
remonta à época da chegada dos primeiros aborígenes nas Américas, período não
preciso pelos historiadores, uma vez que ainda se questiona os trajetos e as
épocas em que imigraram de outros continentes, notadamente da Oceania. Sabe-se,
contudo, que seus índios descendem dos tarairiús, o grupo característico do
Nordeste brasileiro, a princípio nômade, praticante da caça, flecheiro,
cultivador da agricultura, fortemente difundido pelo europeu como tapuias.
Dos tarairiús, no Ceará, encontramos os kanindés,
jandoins, tremembé, paiacus, jenipapos, jenipapoaçus, javós, camaçus,
tocarijus, arariús ou irariús, e os xucuros, ou xocós, quase todos extintos.
Os holandeses, a partir de 1637, grafaram os tarairiús
como tarairyou e tararyuck, que, como citamos, eram as subnações dos jandoins,
estes jaguaribaras, e dos kanindés, ambas enormes. Confundidos com os cariris,
falavam língua travada. Tinham o costume de comer assado, ou seus ossos muídos,
os parentes mortos para que estes tivessem sepultura condigna, segundo relatou
o padre jesuíta Luiz Figueira em Relação do Maranhão.
Artistas da cerâmica dormiam em redes e eram hábeis
nadadores. Isso é perfeitamente compatível aos costumes Tremembé e, por
conseguinte, aos anacés, que eram os habitantes genuinamente daquela região, em
direção ao Maranhão, cuja história se resume em mortes via genocídios ou em
expulsões durante o povoamento pernambucano, nos séculos XVIII e início do
XIX.
2.2.
Pitiguaras
e Anacés.
Os tremembé, predominantes no Maranhão, dominaram o nosso litoral e eram exímios pescadores. Esses índios de Trairi com o tempo passaram a ser denominados “pitiguaras”,
uma caracterização dos potiguaras, fugitivos da Paraíba e Rio Grande do Norte, liderados por Jacaúna, por conta dos massacres dos europeus. Portanto,
vício de linguagem por questão de pronúncia.
Entre os grupos expressivos descendentes dos tapuias, os primitivos e sem influência dos brancos, já misturados com os
tupis (potiguaras) e com a singularidade da cultura e da língua, os anacés
justificam plenamente a constituição de uma família ético-linguística que
compreende todas as tribos que se expressavam na mesma linguagem dos jandoins
(região jaguaribana), por exemplo, ou outro dialeto, ou seja, a formação dos
tarairiús. Sua resistência, em Caucaia e em São Gonçalo do Amarante, mesmo
diante dos agravantes das perseguições, evidencia a história secular da raça
originária cearense, em meio a mártires anônimos, em defesa da sua posse, do
seu sustento, das suas terras.
Todo a “Ribeira do Curu” era dominada por tribos e elas
mantinham a sua cultura, inclusive em se tratando de artesanato. Machados
encontrados em Itapipoca, entre 5,45 Kg a 20 kg de massa (peso), tinham formas
variando de acordo com os pesos. Uns de formatos ovoides, poligonais, cilíndricos
ou triangulares, outros achatados, de bordas laterais, ora cortantes ora
arredondados. Eram usados para as guerras, porém, por outro lado, de maneira
simbólica e ornamental, ou a trabalho como desmatamento e lavoura. Somado aos
achados em sítios arqueológicos em Trairi e Mundaú, comprovados pelo Iphan, citados
no primeiro capítulo, todas as evidências levam a uma região genuinamente
ligada às origens do Ceará.
Capítulo 3. Antes e depois de Cabral.
Quando Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em "22 de
abril de 1500", como aprendemos na escola, no sul da Bahia, os espanhóis não
apenas já haviam avistado como pisado em terras brasileiras, no Nordeste,
e, no nosso entendimento e de vários historiadores, no Ceará.
Em 1494, o papa Alexandre VI reverenciou um acordo para
pôr fim à disputa referente às conquistas marítimas entre Espanha e Portugal,
com o Tratado de Tordesilhas, segundo o qual haveria uma linha imaginária a 370
léguas de Cabo Verde como referência, onde seu território, primeiro a leste, pertenceria a
Portugal.
Na época de Cabral, partiram três expedições de Palos,
Espanha, uma sob comando de Alonso Hojeda, auxiliado por dois dinâmicos
cartógrafos: Américo Vespúcio (italiano) e Juan de la Cosa, autor dos primeiros
mapas da costa brasileira, ainda que imprecisos; outra à frente Vicente Pinzón,
e a de Diogo de Lepe.
Pinzón, seus dois irmãos e la Cosa participaram da famosa
esquadra do genovês Cristóvão Colombo, em 1492, rumo à América do Norte,
segundo o historiador Caldeira sabedores dos seus destinos, que não para as
Índias. E embora os reis de Castela os proibissem de aportar, não os impedia de
se abastecerem, notadamente com madeiras. Assim, fato e lógico concluir que
praticamente todos pisaram em “terras estrangeiras”.
Segundo vários historiadores, como Mártir e Mõnoz, no dia
26 de janeiro de 1500 Pinzón desembarcou no Ceará, aguardando até o dia 2 de
fevereiro para denominar o local de Santa Maria de la Consolación, dia da
purificação de Nossa Senhora. Seguindo na direção sudoeste, a 3,5 graus ao sul
do Equador, conforme orientação da Coroa, os espanhóis procuraram contornar o
litoral poente cearense, entre as fozes do Rio Pará (Curú) e Mundaú, evitando
as correntezas do norte, contrariando vaga presunção de um mapa confuso de la
Cosa, que indicava o Cabo Corso (Icapuí), quase na divisa com o Rio Grande do
Norte.
Em 4 de fevereiro de 1500, Pinzón estava no Mucuripe, morro de
Fortaleza, onde o almirante fincou uma cruz, a quem deu o nome de Rostro
Hermoso. Dias depois, Diogo de Lepe foi testemunha desse humilde, porém histórico, monumento.
Em “Protohistória Cearense”, de Pompeu Sobrinho, um pouco
sobre a persistência europeia pela exploração do solo nordestino após a chegada
de Cabral. No início de 1501, o rei de
Portugal, Dom Manuel, preparou duas modestas expedições, com destinos
aparentemente mercantilistas. Uma sob comando do fidalgo João da Novame, e
outra a frente André Gonçalves, com os navios Quatuor Navigationes e
Mundus Novus, respectivamente, para reconhecer as costas da Terra de Santa Cruz
e enfrentamentos com nativos.
Partiram do Tejo em 10 de maio e de Lisboa no dia 14
seguinte, com escala programada em Dacar, na África, segundo o documento
redigido pelo navegador italiano Américo Vespúcio, convidado por Portugal para
a empreitada quando estava em Sevilha, capitaneando o Lettera, o que consagraria
a sua terceira navegação à América. Após forte tempestade, o florentino, independente,
seguiu na direção da Linha do Equador, aportando em 17 de agosto em local identificado
como Curumicoara pelo citado pesquisador cearense, segundo ele a “Enseada do
Parazinho”. Nessa bela barra, a tripulação desceu e recuou após avistar
habitantes. Pisou na terra no dia seguinte em busca de mantimentos,
contentando-se com água, apenas, a fim de evitar o confronto com os índios que
os observam dos morros.
Os brancos jogaram quinquilharias, como espelhos, a fim
de um contato amistoso nos dias seguintes. Foram recebidos a flechas. Na
correria, conforme escreveu o comandante, um jovem que ficara para trás foi
morto e sua carne “comida assada”, no que Pompeu Sobrinho qualificou como
inverossímil.
Analisando as cartas náuticas, o historiador Tristão de
Alencar Araripe, natural de Icó CE, e relacionando distâncias, focando-se na
longitude e na latitude, sustentou o local (Curumicoara) como Mundaú, no Ceará.
Portanto, 17 de agosto de 1501 caracteriza-se como uma data histórica. Embora saibamos que era
costume a presença de estrangeiros, a citação em documento de viagem marítima
coloca o atual município de Trairi como o primeiro local a ser pisado no Ceará pelos
europeus, quiçá o vizinho Paracuru
(defendido por Pompeu Sobrinho), este com comprimento litorâneo bem inferior em
relação ao outro, a quem pertenceu, assunto para adiante.
“...pois diz que, nas ditas expedições
(de Vespúcio), avistara terra a 17 de agosto de 1501, a 150 léguas do Cabo de
Santo Agostinho, embora dê errada a latitude para essa distância; e a ser assim
deveria essa terra jazer na costa do Ceará, no sítio Mundaú, que fica em três
graus e meio ao sul do Equador”. (Tristão de Alencar Araripe).
“Nos mapas quinhentistas mais antigos,
já a toponímia e as inscrições descritivas atestam os lugares de leição para
semelhantes atividades. O mapa de Juan de la Cosa, confeccionado no trecho em
análise segundo os informes das expedições de Pinzón e de Lepe (1500), registra
a costa de arboledos entre os estuários dos rios Mundaú e Aracatiaçu, mais ou
menos onde Reinel, em 1516, localiza a “terra da pescarya”, que também se
encontra anotada no mapa de Descaliers, “tierre de pescacherie” e em vários
outros”. (Pompeu Sobrinho).
Observação: Pinzón (Vicente Pinzón);
Lepe (Diogo de Lepe); Reinel (Pedro Reinel).
“G dos Parcéis”, que, pela posição
relativa e denominação indicativa da presença de parcéis, tanto pode ser a
enseada do Mundaú como a sua vizinha das Flecheiras. Continuando para leste, o mapa regista o “G. dos Negros”, que deve ser a enseada do Parazinho, ou melhor,
a Curumicoara”. (Pompeu Sobrinho sobre um mapa de Fernão Vaz Dourado, 1580).
Capítulo 4. Mundaú na História.
Muitos historiadores procuraram escrever, com o máximo de atenção e consequentes comprovações, o curso do nosso passado. Pompeu Sobrinho, porém, aparece como o mais lógico. Além da presença humana, concentrou-se na natureza, no contato com o meio ambiente e nos estudos detalhados sobre os índios e os “invasores”, como os holandeses. Com isso, disponibilizou dados sobre Mundaú.
Com salinas naturais e uma enseada perfeita para porto.
No leito do seu rio, fugindo da proibição de contato com o Brasil por conta do
Tratado de Tordesilhas, os holandeses escondiam seus navios. E mesmo na época
das sesmarias, concessão de terras a portugueses e aos seus descendentes, onde os
agraciados dificilmente apareciam, por ali ancoravam.
Em carta de 1612, Diogo de Mendonça Furtado, governador
geral do Brasil, citou ao rei as características da enseada, a qual escreveu
como Mondahu, a primeira citação sobre a localidade, o mesmo nome usado em
sesmarias nos anos de 1682, 1683, 1694 e 1706, ficando consagrado, na mudança
ortográfica do século XIX, Mundahú e o outro Trahiry. Antes da correção
ortográfica do século XIX, Trairi se escrevia como hoje, e às vezes com dois
pingos sobre o último “i”, ou com a troca por “y”: Trayry.
E sobre o rio, era
geralmente confundido com outros vizinhos a ele, inclusive com o Riacho das
Frexeiras, grifado como Molytatuba ou Mondeituba, o que nos parece relação
entre mundaú e tatajuba.
Na corrida por um território propício para variadas áreas
econômicas, ali se acomodaram as primeiras famílias oriundas de Pernambuco e de
origem portuguesa, no século XVIII, como os Ferreira da Cunha,
que introduziram canaviais, condição para obtenção de terras, e assentamento de
um porto para o exportação de sal e da produção agrícola da Uruburetama, tendo
como foco o algodão. Somente no século seguinte, tardiamente, um pequeno
comércio de charque.
Descreveram os holandeses sobre o nome Mundaú: K. Resenlaer, “Pendahug”, em 1628; Hondius,
“Mondahub”, em 1636; Laet, “Mendahug”, e Santa Tereza, “Mundahug. Já o
brilhante historiador Paulino Nogueira traduz a palavra como “Rio Tortuoso”,
sendo “mondé" armadilha e “hu” rio. Nasce na Serra da Uruburetama e desemboca
na foz homônima.
Enseada do Macurive: Apesar dos nomes
comuns, não é possível fazer esta enseada corresponder a do verdadeiro
Mucuripe. Do Aracatiaçu ao Mucuripe, pelo mar, vão 96 milhas. Isto é, de
fundeadouro, cerca de 26 léguas, que, de fato, se não podem coadunar com as
onze datas pelo cronista. Esta última distância nos levaria apenas
aproximadamente à enseada das Frexeiras ou do Mundaú. Não obstante a
discordância ser maior, preferimos identificar essa enseada como a de Mundaú,
em vistas de ser maior e comportar bom surgidouro e abrigo para os navios daquela
época; "A enseada do Mundahú é boa para qualquer navio ancorar bem aomeio della", dizia CollatinoMarques em 1883. (Pompeu Sobrinho. “Protohistória Cearense”)
Capítulo 5. A Primeira Bandeira Cearense.
A criação da Capitania do Siará Grande, em 1535, não
introduziu quaisquer vantagens aos seus poucos moradores. Por ali o seu
donatário, Antônio Cardozo de Barros, não apareceu e às terras a mercê dos
estrangeiros. Apenas décadas depois algo relevante deu origem às tentativas de
colonização.
Proposta de uma
bandeira (expedição) por Frutuoso Barbosa, governador da Paraíba, e seus
conselheiros ao governador geral do Brasil, Diogo Botelho, em vista notícias de
riquezas além do Rio Grande do Norte, e consequente incursão ao Maranhão,
passando pelo Ceará, de onde se partiria a pé rumo ao norte, foi aceita e
posteriormente relatada por escrito.
O capitão-mor Pero Coelho, cunhado de Frutuoso Barbosa,
com seus 65 soldados e cerca de 200 índios, teria estacionado os três navios na
Barra do Ceará, rio chamado pelos índios de Piranji, e dali até a “Enseada do
Âmbar”, ou “do Parazinho”, entre Trairi e Paracuru, em 1603, onde fez amizade com o líder indígena Jacaúna. Entre os soldados, o jovem português Martim Soares Moreno.
Documentos do século seguinte revelam que tais terras
pertenciam, na época, a Trairi devido às presenças, primeiramente, dos
portugueses entre o Soure (Caucaia) e o rio Aracatiaçu, além de forte
influência dos católicos povoadores, pernambucanos, junto ao bispado de Olinda,
ao qual eram subordinadas as freguesias cearenses. Indicam o povoamento em
torno dos templos católicos entre Siupé, onde os portugueses fundaram a capela
de Nossa Senhora de Soledade, até São Bento de Amontada.
Liderava os índios do Parazinho o cacique Acajuí, cuja
tribo era acolhedora e por sua vez colaboradora para com os portugueses e seus
interesses de se chegar à Serra da Ibiapaba e de lá ao Maranhão para investigar
a presença de franceses e as riquezas minerais locais. Caminharam pelo litoral
dos índios tremembé, aparentemente sem resistências, até o rio Camocim e a
partir dali uma difícil e fracassada jornada ao topo da Ibiapaba, onde
confrontos com os franceses impuseram o retorno à Barra do Ceará pelas praias
cearenses.
Outra corrente de historiadores defende o primeiro
desembarque da bandeira de Pero Coelho na foz do Rio Jaguaribe. De lá, a pé até
o Parazinho e pelo sertão até a Ibiapaba, rota de ida seguida em 1607 pelos jesuítas Francisco
Pinto e Luiz Figueira, saídos do Recife e caminhando ao Ceará desde Mossoró. Nesse
caso, o chefe indígena seria Cobra Azul, de quem os brancos desconfiavam de feitiçarias. Sua aldeia provavelmente se localizava em
Boa Esperança, entre os morros e o rio Trairi, conforme entendemos pelos relatados do Pe. Luiz
Figueira em Relação do Maranhão, de 1608, e das urnas encontradas durantes escavações a partir da década de 2000.
Capítulo 6. A conquista do Maranhão e o abandono do
Ceará.
Em Fortaleza, o forte de São Sebastião, de madeira, fundado
brevemente por Martim Soares Moreno com a ajuda dos aliados de Jacaúna (e
provavelmente dos índios de Trairi) a 20 de janeiro de 1612, é um marco na
história do Ceará pelo caráter de tentativa de conquista efetiva pelos
portugueses. Não se consolidou como a concretização da colonização cearense proposta
pelo governador geral por conta da visão desprezível e subalterna da parte do
El-Rei.
Um ano após, eis que Moreno partiu, ao lado de Jerônimo
de Albuquerque (Filho), capitão-mor do Rio Grande (RN), fundador de Natal, para a jornada no
Maranhão, onde se tornaram heróis após novos embates contra os franceses. Entre
outras paradas, Trairi foi ponto de apoio e de recruta se guerreiros.
Certamente foi ele quem enviou para o governador geral os detalhes sobre Mundaú.
A capitania
cearense, apesar de ficar em mãos de governantes, Estêvão de Campos (tio de
Moreno), Manuel de Brito Freire e Domingos Lopes Lobo, consequentemente,
apresentou mais um período de abandono.
Nesse período de pouca atenção de Portugal, destaca-se a
carta de doação, por dez anos, da Capitania do Ceará, a Martim Soares Moreno.
Por conta de tarefas no Recife, onde morava, só assumiu em 23 de setembro de
1621, como capitão-mor do Ceará, sendo recebido com festa nas aldeias do litoral.
Ele que, como primeiro governante após a frustração de 1612, procurou vigiar a
costa através da parceria com os índios, e ir atrás das riquezas, como as
pratas, para com elas a obtenção de recursos financeiros para a capitania. Mas, diante da administração do vizinho Maranhão (1621 - 1680), os retornos eram
mínimos, prevalecendo a miséria e a fome, e consequente deserções militares e
insatisfações do clero.
Moreno, que anteriormente procurou tornar a Barra do
Ceará local da presença portuguesa, com um forte (1612), uma ermida e o padre
Baltazar como vigário, seguido de coadjutores, muito mais que um executivo, era
militar, tendo que partir novamente, em 1631, para batalhas contra “invasores”.
Não foi valorizado a contendo, conseguindo poucos
retornos dos superiores diante das recorrentes cartas com súplicas aos
problemas do Ceará. Após o seu
falecimento, por volta de 1649, o litoral cearense tornou-se campo aberto para a exploração por outros europeus.
Os índios atentavam para outra bandeira nos mastros dos
enormes veleiros com mais de quarenta canhões; o mar estava livre para os
neerlandeses, que pelas aquelas terras aportavam desde 1637, na época em que se
vivenciava o “Brasil Holandês”.
Capítulo 7. Terras para os brancos.
“Em benefício da povoação e lavoura das terras do Brasil,
as dessem de sesmarias a todas as pessoas que, com mulher e filhos, viessem
para qualquer parte do Brasil”. Após a restauração da independência de Portugal
da Espanha, o rei D. João IV, em alvará de 8 de dezembro de 1650, determinou
concessões de nossas terras. Porém, as mesmas eram praticadas desde 1554,
regidas por legislações imprecisas, favorecendo as suas ineficácias. Ou seja,
ganhavam-se léguas de terras e nelas os seus proprietários não apareciam.
A fim de conter tais abusos, Cartas Régias orientaram
ordenações dos tamanhos das concessões com objetivo de “ficar lugar de se
acomodarem outros pretendentes de igual merecimento”. Isso atraiu mais
interessados, que nas observações dos requerimentos geralmente mencionavam o
sesmeiro de origem como “defunto”, “não povoou” ou a propriedade como “terras
devolutas”, em face que não cumpria os objetivos exigidos pelo rei.
Fato que, na época do Ceará subordinado a Pernambuco
(1681 - 1799) atraiu-se muitos lusitanos, sendo, no caso específico do Ceará, em
maioria formada por famílias de portugueses que se fixaram em Pernambuco,
capitania que administrava os cearenses. Tratando-se de Trairi e da “Ribeira do
Curu”, especificamente Itapipoca e Amontada, destacavam-se os oriundos do Arcebispado de Braga e das ilhas dos
Açores, da Madeira e residentes em Ipojuca, Olinda e Goiana, em Pernambuco,
como comprovam os livros e documentos consultados.
As sesmarias eram outorgadas mediante pedido escrito em
que o pretendente declarava o seu nome ou do beneficiário, o lugar de sua
moradia, localização geográfica da terra solicitada e o objetivo que tinha em
mente, este, em geral, na região nordestina, visando a criação de gado (Raimundo Girão). Sobre as terras de Trairi, as expedições de suas cartas foram
feitas por capitães-mores, destinadas aos governantes de Pernambuco e por sua
vez ao rei.
Após a Resolução de 17 de julho de 1822, dando findadas
as sesmarias, ficaram os registros daqueles que, com muita facilidade e
generosidade das autoridades amigas, poderiam, hoje, ser donos de um município
de grande área. No Ceará, o líder dos Inhamuns, coronel Lourenço Alves Feitosa,
por exemplo, foi o maior contemplado, com vinte e duas sesmarias.
Trairi estava no rol dos primeiros casos no Ceará.
Inicialmente, as sesmarias foram concedidas no Mundaú e imediações, terras
concorridas devido à localização privilegiada e propícia a porto e salinas.
Favoreceram a um grupo de quinze pessoas, a começar por Manuel Pinto Correia,
entre os quais quatro mulheres. Todos
sem pisar nos sítios, que iam até o Acaraú.
Conforme os livros de Sesmarias do Ceará, sob as guardas
do Arquivo Público do Estado e publicado por historiadores como Thomaz Pompeu
Sobrinho, Estêvão Vicente Guerra foi o primeiro sesmeiro do Rio Trairi. No
livro volume 2, número 103, de 12/03/1706, alegando “riacho deserto e
desaproveitado”, solicitou três léguas das terras do Rio Trairi “a começar a
água salgada para cima”. Na mesma data, no volume 6, número 421, ele
complementou: “principiando onde acaba a água salgada” e “o Trairi estava então
deserto”. Ano em que a Câmara de Vereadores de São José de Ribamar localizava-se na Barra do Ceará até 1713, quando foi transferida para Aquiraz.
Já em 04/04/1725, ano em que foi criada a Vila de Fortaleza (09/05/1725) pelo capitão-mor Manoel Francez, a viúva de Estêvão Vicente Guerra (falecido durante a Guerra dos Mascates, em Pernambuco, em 1711),
Maria Furtado de Mendonça, pernambucana, com 33 anos, solicita, conforme registra o volume 11, número 134 do livro, “as terras que correm da água salgada para cima, até
encontrar com a água doce do rio Trairi até topar com as terras que se supõe de
José Fernandes, que não as povoou”. Duas léguas e meia, ou seja, tamanho
inferior à concessão anterior pelo seu marido, embora se suponha a mesma
propriedade.
Antes, em 20/05/1718, José Fernandes Manuel Rabelo,
alegando que morava a três léguas da barra do rio Trairi, também reivindicou
terras. Certamente trata-se do citado “José Fernandes” por Dona Maria Furtado.
No volume 4, número 116, de 10/10/1738, a concessionária Maria Furtado de Mendonça, comprovada moradora de Trairi, alega que seu
falecido marido, embora beneficiário há trinta anos do Sítio São Domingos, em
Acaraú, por ter-se perdida a data e consequente traslado para o livro de
terras, solicita a regularização em seu nome das três léguas de terras.
Portanto, Estêvão Vicente Guerra teria sido sesmeiro em Acaraú, porém não houve
o registro legal.
Manoel de Moura Rolim (Junior), morador dos primeiros canaviais de Trairi, propriedade de herança da família, foi outro sesmeiro, como indica o
livro 8, número 610, de 09/01/1786, onde pede a confirmação de posse de meia
légua de terra e promete deixá-la de herança à Nossa Senhora do Livramento,
segundo testamento em posse de Tomé Ferreira Chaves, sobrinho de dona Maria
Furtado de Mendonça e que teve uma irmã com o nome da prestigiada tia. Houve a concessão, sendo a mesma, com a citada promessa, documentada em cartório, muito tempo depois, como doação das terras à Nossa Senhora do Livramento, certamente sob orientação do coronel Antônio Barroso de Souza (II).
Voltando às terras do Rio Mundaú, do lado proveniente ao
atual município de Trairi, constatamos duas sesmarias: no volume 4, número 198,
de 15/01/1707, onde Custódio Mendes de Oliveira reivindica três léguas de
terras no “Riacho Fleixeiras” pela costa abaixo do sul, buscando o norte, a
entestar com o rio Mundaú”; e no volume 6, sem número, de 20/01/1718,
concessionários João de Sá, Brandão de Oliveira Pinto e João Gomes da Silva
citam “o Riacho Mundaú, perto da aldeia dos anacés”. Essa aldeia, portanto, conforme
os sítios arqueológicos existentes, indica a provável presença de lideranças e
descendentes indígenas destacados por autores cearenses como Jacaúna e Poti, mais Cobra Azul (como citamos Canabrava outra indicação), já que os cruzamentos sanguíneos eram constantes.
Ainda que com ordem imprescindível de que as posses
dessas terras só ocorreriam na presença física dos sesmeiros e consequente
moradia, a maioria não seguiu tais critérios. Muitas terras continuaram sob
domínio dos legítimos donos, os índios. Foi quando a monarquia incentivou essas
posses aos descendentes europeus mediante casamentos entre brancos e índios,
futuramente tornando o laço mais atrativo ao conceder patentes na Guarda
Nacional, o que na prática resultou em genocídio indígena.
Capítulo 8. Povoamento oriundo de Portugal e de Pernambuco.
8.1. O Capitão do Ceará
Foi na época da chegada dos Furtado de Mendonça que a
história do Ceará passou por transformações. Em 4 de junho de 1720, em vias de
disputas com a Vila de Aquiraz, Manoel Francez foi anunciado capitão-mor do
Ceará, cuja patente de nomeação recebeu em 26 de agosto do mesmo ano. Capitão de
infantaria do 3° da guarnição de Olinda, onde era mestre de campo Antônio
Borges da Fonseca. Sua posse ocorreu em 11 de novembro.
No início 1726, o bispo de Olinda, D. José Fialho, em
visita pastoral ao Ceará, conferiu os estudos para a transferência da freguesia
de São José de Ribamar de Aquiraz para Fortaleza, que se preparava para a transformação em vias com os vereadores da vila,
então capital do Ceará. Na época, o padre Alexandre da Fonseca surgia como o segundo
vigário geral, substituindo João de Matos Serra, fato que viria a assinar os
primeiros atos religiosos da capela de Trairi.
Das mãos de Manoel Francez surgiu a Vila de Fortaleza em
13 de abril de 1726, proporcionando otimismo administrativo para ela, assim
como para as freguesias. Não apenas
Aquiraz e Fortaleza alcançaram progressos econômicos, como as povoações
interioranas passaram por processo de povoação e incentivos ao se contemplarem
as sesmarias de então. Não se inclui aí, entretanto, a parte social, que sofreu
para obter os primeiros avanços.
8.2. A fixação dos brancos.
A metrópole tinha interesse em equilibrar a sua
população, notadamente da povoada Açores, e ao mesmo tempo evitar o crescimento
da crise econômica, como escassez de alimentos, e enviar parte dela ao Brasil.
Em solo cearense, os portugueses chegaram após passagens por Pernambuco ou
Bahia, mas também por via direta, destacando-se pessoas mais simples, moradoras
de aldeias, endividadas e até julgadas na forma criminal. No Ceará tentariam a
sorte.
Em terras dos “tapuias” do Trairi, dos tremembé, assim como dos “forasteiros” potiguaras
(tupis), aos poucos “amansados” pelos religiosos cristãos, os brancos começaram
a chegar naquele território litorâneo, com rios, riachos e lagoas, propício
para agricultura e tendo como orientação, como citamos, iniciar o seu
povoamento e consequente colonização pretendida por Martim Soares Moreno.
Isso, entretanto, se deu com muita morosidade, diante da
escassez de mão-de-obra, aos poucos incrementada mediante chegada dos escravos,
e uma vez que, mesmo com a construção da pequena Capela de Nossa Senhora do Livramento,
os novos moradores se fixaram em sítios distantes da mesma, saindo de uma seca de cinco anos: 1721 a 1725.
Naquele período de transformações, 1725, ou mesmo no anterior, pois é provável que ela ja estivesse em Trairi, tão logo se
confirmou a sesmaria, concretizaram-se várias caravanas pernambucanas ligadas à Maria Furtado de Mendonça, que incluíam
parentes de Goiana e Ipojuca (PE), seu futuro genro e escravos rumo ao Ceará.
Percorreu da foz do rio até o
final das terras a ela concedidas, construindo a capela,
tendo como orago Nossa Senhora do Livramento, pela qual mantinha devoção, e a
consagração através da oferta de sua imagem, a menor, chamada de Milagreira, ou
Livramentinha Milagreira, pelos fiéis. Presenteou a Santa com brincos,
braceletes e cordões de ouro; dinheiro em libras esterlinas, pratas e fazenda
de gado, que, na fase da paróquia, a partir de 1874, passaram a ser vendidos
pelos padres, a mando dos bispos, alegando falta de recursos para a sua manutenção
O templo, na forma física atual, contou
com a colaboração dos jesuítas, franciscanos, ou da monarquia, não possuindo
precisão quanto a data e por quem foi ampliada. Por sua vez, lembremos que a construção da primeira Catedral da Sé, de
Fortaleza, foi autorizada por Ordem Régia de 12 de dezembro de 1746. A terceira, e atual, foi concluída em 1978.
Ressaltem-se, também, as
missões jesuítas pela Ribeira do Curu até a Ibiapaba, ainda que de passagem, que
foram várias (1744 a 1759, e de 1795 a 1798), as últimas com o Frei Vital da
Penha, pernambucano.
A localização da capela, no formato que conhecemos, paralela ao rio, com frente
rumando para a Ilha, é compreensível, pois indicava o então esvaziamento da atual sede de
Trairi. Os casebres certamente se encontravam ao seu lado, na estradinha que contornava o rio.
Uma mata acompanhava a subida onde atualmente
localiza-se o centro comercial, e dali começava o areal, em meio às árvores
frondosas, em direção à Boa Esperança e, por outro lado, ao Carrapicho, na beira-rio. Não se
imaginava que no subterrâneo a água seria de excelente qualidade para o
consumo. O fato é que os poucos casebres se localizavam à beira dos alagamares e no curso do Rio Trairi, uma tradição
dos índios. Aquela área verde seria de fato explorada e administrada após a
presença dos portugueses no século seguinte.
Destaca-se o registro, em formato de diário, relatado ao rei D. João V, do missionário João da Maia da Gama, de uma jornada a partir do Maranhão, onde chegara em 1719, cortando o litoral cearense a pé com a sua comitiva, contando com cerca de cem índios da Serra da Ibiapaba (tabajaras), pisando nas areias do Mundaú a 17 de fevereiro de 1728, onde tivera a ajuda dos anacé para atravessar o barra em meio às chuvas.
No dia seguinte, seguindo para Trairi, à tarde, foi traído pelo temporal que fez parte do seu comboio se perder do grupo na noite molhada e escura. Deu-se, enfim, o encontro com a poderosa do povoado, Maria Furtado de Mendonça, que providenciou a procura com o devido êxito:
...viemos dormir num sítio chamado Trairy, aonde assiste a viúva D. Maria e chegamos já de noite e com chuva todo o dia, e se perdeu parte do comboio pela muita chuva e escuro, e mandamos guia buscá-lo, e nesse dito sítio uma engenhoca que faz algum açúcar, muita aguardente e tem terras bastantes para canas.
Esse interessante documento, publicado em Portugal somente em 1944, nos dá a certeza da existência da primeira indústria trairiense, em tempos tão longínquos, anterior ao algodão, idealizada por uma mulher que conheceu de perto o sistema econômico da época, no progressivo Pernambuco, onde seu esposo era produtor de cana de açúcar e morrera numa guerra entre senhores de engenhos. Confirma-se que ela chegou em Trairi devidamente estruturada, com maquinário pesado, e imediatamente posto em prática a cultura açucareira em sua nova moradia ao lado de uma salina.
Assim, a rapidez do encontro da viúva com a comitiva, que se retirou no dia seguinte, evidencia dona Maria Furtado presente no dito engenho, que se localizaria entre a Canabrava e Barrinha, à beira-rio, com a possibilidade de que ela morasse no local ou mesmo nas proximidades da sua igreja. Reforça a citada solicitação de Manoel de Moura Rolim (Junior) de mais terras ao lado desse canavial e a promessa de doá-las à Nossa Senhora do Livramento.
Já o historiador e biólogo Antônio Bezerra, que pisou nessas terras em missão para a Província, conta em "Notas de Viagem" (Typografia Econômica, 1889) que o primeiro povoador de Trairi foi Desidério da Costa Araújo de Matos. Por certo, alguém o revelou, mas prova disso desconhecemos. Apenas a existência da família Costa Araújo, por sinal histórica e do povoado Córrego dos Costas. Portanto, a percepção de que os descendentes de Dona Maria se fixaram, adiante no tempo, num sítio mais distante, denominando Córrego dos Furtados.
8.3. Escravos batizados na Capela de Nossa Senhora do
Livramento.
Em 17 de agosto de 1728, uma nova constatação da presença dos
Furtado de Mendonça em Trairi e da capela, quando Dona Maria Furtado foi
madrinha durante cerimônia de batizados de quatro crianças, sendo uma delas
filha de seus escravos que a acompanharam de Pernambuco. Padre Alexandre da
Fonseca, vigário geral da Freguesia, o Reverendo da capitania, conforme citamos
acima, assinou o batistério celebrado pelo frei Lourenço de São Francisco. Isso
vem de tradição da família de Maria Furtado de Mendonça, uma harmonia religiosa
com os franciscanos. Muitas mortalhas com referência a São Francisco eram
usadas durante os sepultamentos na Capela de Nossa Senhora do Livramento.
A propósito, registrou-se o batistério de outro escravo,
forro, com o nome de Francisco Furtado Mendonça, e ao filho deste, nascido em
1732, batizou Estêvão. Isso nos deduz concluir que a fundadora de Trairi
homenageou em memória, com o nome de criado negro e do filho deste, seu bisavô,
Francisco, casado com Antônia de Moura (da Casa dos Alcaides-mores de Mourão),
e seu marido, Estêvão.
Mas até o padre, neto da fundadora do povoado, possuía escravos. Em 1775, Pe. José Furtado de Mendonça casou um senhor de sua propriedade, Gervázio, natural de Amontada.
O nome Francisco Furtado de Mendonça também coincide com
o patriarca da família no norte cearense, que se estabeleceu, na mesma época,
na Ribeira do Acaraú. Nasceu na Ilha da Madeira (Portugal) em 1684, Em Sobral, residiu na
fazenda Poço Dantas até a sua morte em 1750. Sua primeira filha do segundo casamento,
Izabel, nasceu em 1736.
Incluem-se outros batizados, de filhos de índios com
negros, na Lagoa dos Tapuias (Lagoa de Dentro), terras que passariam para Nossa Senhora do Livramento. Ou seja, embora escravagista,
uma forma de domínio e poder na sociedade conservadora e fechada de então, Dona
Maria Furtado doutrinava o catolicismo entre os negros, e não tinha, como citamos, preconceito
em dar nomes de parentes a eles. Conclui-se que os Furtado de Mendonça de pele escura descendem de escravos e não dos portugueses.
Isso coloca Trairi entre as mais antigas localidades
cearenses a possuir escravos, em posses de todos os “coronéis” uma vez constar
no inventário do capitão Antônio Mendes Lobato, na Ribeira do Icó, datado de
1719, o registro de propriedade de um escravo avaliado em 160 mil reis. Lembrando
que para a manutenção desse sistema, de fazer de uma pessoa seu bem, em forma
de aprisionamento em terras habitadas por índios, era necessário o uso da força
e da violência, tendo como vítimas índios e negros, o que evidenciou, com o
tempo, verdadeiro genocídio. No século XVIII, o Siará Grande contava com 47,97%
de população negra (obviamente incluindo os pardos), contra 11,17% branca e 40,86% indígena, mostrando o
crescimento do comércio escravo e queda brusca do número de índios, conforme
livros eclesiais.
A existência de um porto onde Dona Maria
Furtado se mantinha frequente, ainda que nas proximidades, constituiria a prática do
comércio, entre outros, com Pernambuco e com o continente africano, notadamente
Angola, colônia portuguesa e origem dos negros da citada senhora.
8.4. Os laços dos Furtado de Mendonça.
Já em 13 de julho de 1733, o casamento, na Capela de
Nossa Senhora do Livramento, do sargento-mor Manoel de Moura Rolim, natural de
Ipojuca PE, parente, e homônimo, do governador de Pernambuco, 16° Senhor de
Azambuja (e que também governava o Ceará), com Francisca Xavier de Moura, ela
natural de Goiana (PE) e filha única de Estêvão Vicente Guerra (homônimo do
pai) e de Maria Furtado de Mendonça.
|
1725. Governador de Pernambuco pede ajuda a D. João V quanto à resistência indígena no Jaguaribe. |
Foram testemunhas o seu tio, sargento-mor Tomé Ferreira
Chaves, e o filho deste, Leandro Teixeira Escorcio Dormond (Neto), portando
sobrinho de Dona Maria Furtado de Mendonça por parte da irmã, Maria Madalena de
Moura.
A repetição de nomes confunde, mas a atenção nos leva à
compreensão. Leandro Teixeira Escorcio Dormond era pai de Dona Maria Furtado de
Mendonça, Juliana de Dormond (a mais velha), Gabriel Teixeira Bezerra, Antônia
de Moura (Bisneta, faleceu criança), Maria de Aveiros, Francisco de Mendonça
(também faleceu criança), Maria Madalena de Moura (Neta) e de Manoel Escorcio
Dormond, que possui o nome do avô, pai do primeiro Leandro Teixeira Escorcio
Dormond, esposo de Vitória de Moura, que por sua vez perdeu seus dois irmãos, frades
franciscanos, durante as lutas contra os holandeses.
Dona Vitória de Moura era filha de Maria Madalena de
Moura e de Francisco Fernandes Braga, natural de Braga (Portugal), capitão-mor durante a
guerra contra a Holanda. Portanto, neta de Francisco Furtado de Mendonça e de
Antônia de Moura, casal que fugiu de Lisboa, antes da invasão holandesa ao Brasil (1630), casando-se em Pernambuco.
Numa época primitiva, o meio de comunicação de então era
a correspondência postal via embarcações marítimas. Isso confirma a existência, como citamos, de um porto da família, onde havia uma capela que pertenceria a
Francisca Xavier de Moura. Nesse pequeno
ancoradouro, seu marido comercializava os produtos do seu engenho, sal e o algodão
da região. Manoel de Moura Rolim, no nosso entendimento, foi o segundo fundador
de Trairi, e por mais tempo, pela geração de filhos e descendentes, além de
participações constantes em atos religiosos.
Dessa forma eram convidados os padres para as missões
afins. A propósito, constam, no ano seguinte, 1734, alguns batistérios celebrados
pelo mesmo Reverendo (Manoel Guerra), que conduziu o citado casamento. Um dos batizados foi o de José Furtado de Mendonça, futuro padre, tendo como madrinha a sua
avó Maria Furtado e como padrinho o segundo esposo desta. Já noutro batizado, os padrinhos foram os
irmãos Manoel Escorcio Dormond e Maria Furtado de Mendonça.
Do nome da filha de Dona Maria Furtado, Francisca confirma a devoção a São Francisco de Assis, Já Xavier
porque parte da família era Xavier Furtado de Mendonça, portanto parente de
Francisco Xavier Furtado de Mendonça, governador do Grão-Pará (atual Estado do
Pará) e do Maranhão (1751 - 1759), irmão do Marquês de Pombal, cuja mãe se
chamava Teresa Luísa de Mendonça.
Concluindo, a primeira família a se fixar em Trairi tinha ligação com os
governantes do Pará e daqueles que administraram o Ceará: Maranhão e
Pernambuco.
Dona Maria Furtado casou-se novamente, dessa vez com o
sargento-mor Tomé de Aguiar Rocha, do qual também enviuvou, não deixando
descendência. Tornou-se beata de Nossa Senhora do Carmo durante a enfermidade
da filha, adotando o nome de Maria de Jesus e José, a instituidora e dona da
Capela de Nossa Senhora do Livramento, como ficou registrado por longo período
naquele templo, inclusive citado pelo historiador Antônio Bezerra em "Notas de
Viagem" (1889).
8.5. Maria Furtado. Devoção, dor e morte aos 60 anos.
A morte prematura da filha Francisca, em 17 de maio de
1743, com aproximadamente 35 anos, mãe de um garoto de dez anos, José, futuro
padre; de Estêvão Vicente Guerra (Bisneto, com dois anos) e de uma garota, Ana
Maria da Conceição, com certeza abalou a vida de Dona Maria Furtado de Mendonça.
No registro de óbito consta que sua filha foi sepultada
na Capela de Nossa Senhora do Livramento, com hábito de São Francisco, deixando
como testamenteiro seu primo Tomé Ferreira Chaves (Filho), homônimo do pai
citado acima, uma capela e outros bens para o marido.
A saudade feriu sua alma, um passamento doloroso que por
certo a isolou. Os documentos históricos indicam, por prolongado período,
poucas atividades religiosas em Trairi, inclusive aparentemente sem aparições
oficiais de Dona Maria Furtado, precursora da devoção por nossa Senhora do
Livramento em toda a região.
Outro falecimento que a amargurou foi a de sua conterrânea, que com ela chegou a Trairi, da beata Francisca de Jesus e Maria, a 12 de maio de 1745, irmã de orações durante o período em que o padre Felix de Azevedo pregava em sua capela. Uma época de clausura, que contrastava com o seu passado participativo em
atividades religiosas.
Seu genro Manoel de Moura Rolim, contudo, estava mais
presente em casamentos e batizados. Viúvo, o mesmo firmou outro casamento, do
qual nasceu o filho homônimo (Junior), que se casou com Francisca Rodrigues de
Almeida, natural de Goiana (PE), tendo nascido fruto do casal, em 19 de
fevereiro de 1771, Joana, nome que homenageava a sobrinha de Dona Maria
Furtado.
Maria Furtado de Mendonça faleceu em 7 de maio de 1747, após dois anos consecutivos de seca, vitimada provavelmente por uma das pragas do passado, a doença da bexiga, como era conhecida a varíola, “afogada em sangue”, como cita a sua certidão de óbito, e, em resumo, relata o historiador e escritor de
Uruburetama Soares Bulcão:
...deixando testamento e, como
testamenteiros, seu irmão Manoel Escorcio Dormond e seu sobrinho Tomé Ferreira
Chaves. O testamento desapareceu, mas do seu inventário, feito a doze de maio
daquele ano, em que foi inventariante o seu genro Moura Rolim e herdeiros os
seus netos, filhos deste, consta que o “sítio Camurupim (como está escrito), na
Ribeira do Curu, com uma légua de comprido e outra de largo para uma banda do
poente e da parte do nascente, com meia de comprido e uma de largo, pegando de
Estêvão Furtado para cima, avaliada pelos avaliadores em cento e cinquenta mil
réis”, foi dado em partilha a diversos herdeiros.
.
8.6. Terras de sesmarias doadas à Santa.
O sítio Camurupim citado no testamento foi adquirido por Pedro Barroso de Souza Valente, do Curral Grande, durante negociação com familiares herdeiros. Mas parte desse patrimônio foi denominada Rosário, pertencente a Nossa Senhora do Livramento. A légua quadrada citada no testamento abrange atualmente a zona urbana da sede de Trairi, coincidindo com a
mesma faixa de terra que consta na certidão da matrícula do terreno patrimonial
de Nossa Senhora do Livramento, pertencente à Diocese de Itapipoca a partir de
1993, de acordo com o Livro de Registros recolhido ao Arquivo Público do Ceará
em 10 de janeiro de 1859 e tendo como transmitente Maria Mendonça Furtado,
solteira e residente em Campo Grande, na época entre Caucaia e São Gonçalo do
Amarante, uma das beneficiárias, por descendência, do testamento deixado por
Maria Furtado de Mendonça. Seria filha de Ignacio Escorcio Dormond e de Mariana
Maria Dormond, tendo falecido em Siupé a 27 de agosto de 1847. Verifica-se,
portanto, um longo período para a concretização do registro do terreno a favor
da Diocese e cuja área é bem inferior à citada na sesmaria de 1725.
8.7. Os “Escoceses”
Como percebemos, Dona Maria Furtado, de cujos Furtado de
Mendonça eram provenientes da Ilha da Madeira (Portugal), e no Ceará mais
distribuídos em Sobral, Granja e Jaguaretama, possuía outra descendência. O
nome Dormond (Dromond, Dormundo ou Drumondo), é aportuguesado como Drummond e sua origem
húngara, porém com domicílio escocês após um naufrágio, antecipado por Escorcio
(ou Escorcia, Escóssio, Escóssia, como mencionam variados registros) devido ao
cruzamento sanguíneo naquele país, conforme “A Origem Brasileira da Família
Drummond”, de Afonso Costa (Revista Nacional, 1934):
O primeiro a usar o nome Drummond foi
o príncipe Maurício, descendente de duques e de reis da Hungria. Comandava, em
1066, a embarcação em que Edgar Atheling, em companhia de suas irmãs Margarida
e Cristina, fugia da perseguição de Haroldo e Guilherme, que lhe usurparam a
coroa da Inglaterra.
Vítimas de naufrágio, pararam na
Escócia, onde foram abrigados pelo rei Malcolm III, que se casou com a princesa
Margarida.
Maurício, nomeado senescal hereditário
de Lounox, teve brasão de armas parlantes. Casou-se com uma das damas de honor
da rainha, obtendo vastas concessões de terras que abrangiam nove paróquias e
granjeando o apelido de Drummond dado pelo rei, juntamente com o Castelo de
Drummond.
Do príncipe Maurício Drummond
descendia Maria Pimentel Drummond, filha de Pedro Rodrigues Drummond e Isabel
Dias Ferreira, esta filha de Gonçalo Nunes Ferreira e Isabel Pereira de
Lacerda, que foram dos primeiros colonizadores da Ilha da Madeira.
Maria Pimentel Drummond matrimoniou-se
com Simão Acioli, pai de Gaspar Acioli, que constituiu família em Pernambuco.
Durante o advento das sesmarias, encontramos, no Ceará,
conforme o Memorial Colonial do Ceará (1721 - 1731), Domingos Escorcio,
pretendente a três léguas de terras a partir do Rio Pirangi (depois Rio Ceará)
ao norte, o qual teria relatado ao rei o seu povoamento “por mais de quarenta
anos”, fato não trasladado para o Livro de Registros na época, 1692, e,
consequentemente, perdida a data. Após o seu falecimento, a viúva, Maria, pediu
nova data, alegando, como fez Maria Furtado de Mendonça anos após, que o finado
de fato povoara as terras. O despacho acabou deferido em 12 de junho
de 1722:
Dizem a madre abadessa do convento do
calvário extramuros desta cidade de Lisboa Ocidental, por cabeça da madre
Catarina da Costa Maia Lourença Escorcia e Antônio Escorcio, filhos e herdeiros
do defunto Domingos de Escorcio, que o vice-rei do Brasil lhes deu de sesmaria
seis léguas de terra de comprido e uma de largo, meia por cada banda do rio chamado
Pirangi na capitania do Ceará as quais terras haviam dadas ao dito Defunto
Domingos de Escorcio pelas haver povoado e estar delas de posse mais de 40 anos
como tudo se vê no alvará junto e porque quer haver confirmação por Vossa
Majestade da referida data. Pede a Vossa Majestade lhes faça mercê mandar
passar sua carta de confirmação na forma do estilo. Espera receber Mercê.
O filho único e natural do irmão (solteiro) de Dona Maria Furtado, com o nome do pai, Manoel Escorcio Dormond, casou-se, em 1766, com Antônia Josefa
dos Santos, filha do alferes português Pedro de Villas Boas e de Francisca
Gomes Pessoa, pernambucana.
Do casal nasceu Antônio Furtado de Mendonça.
Morava no sítio Burrinha, em Uruburetama, onde veio a falecer em 15 de outubro
de 1781. Teve um filho chamado Manoel Escorcio Dormond (III), introdutor da cultura do algodão naquela serra, considerado o de melhor qualidade do Ceará.
Segundo Soares Bulcão, de Manoel Escorcio e Antônia Josefa “descendem
todos os Escóssio do norte do Ceará”, sendo que um dos seus filhos, Leonardo,
nasceu na Fazenda Fogareiro, em Quixeramobim, em maio de 1772, época em que o
casal negociava algodão por gado.
Por serem muito antigos, os Dormond foram motivos,
durante décadas, de uma questão sobre os primeiros estrangeiros de Trairi,
afinal se difundiu a lembrança de que os “escoceses” seriam os tais. Mas Soares
Bulcão, respaldado pela sua sabedoria e paciência, tirou-nos a dúvida através
dos documentos minunciosamente analisados.
Maria Madalena de Moura, irmã de Maria Furtado de
Mendonça e de Manoel Escorcio Dormond (ou Dormundo, como ele escrevia),
casou-se em Goiana (PE) com o sargento-mor Tomé Ferreira Chaves, natural de
Chaves (Portugal), ele que faleceu em Siupé (atual distrito de São Gonçalo do
Amarante, na época já com a capela de Nossa Senhora da Soledade) em 13 de
setembro de 1788, aos 80 anos, onde residia. Seus filhos foram Leandro Teixeira
Escorcio Dormond (Neto), Tomé Ferreira Chaves (Filho) e Maria Furtado de
Mendonça (Sobrinha). Já o irmão de Dona Maria Furtado, Manoel Escorcio faleceu no Sítio São Pedro, Ribeira do Curu, em 23 de agosto de 1755.
Tomé Chaves (Filho), casado com Joana de Jesus Sousa,
filha de portugueses de Lisboa, foi vereador da Vila de Fortaleza, falecendo em
Flecheiras em 26 de julho de 1794.
Maria Furtado de Mendonça (Sobrinha) casou-se com Manoel
Ferreira Duarte, cujos pais eram de Santa Clara dos Passos, bispado do Porto
(Portugal). Viúva desde 1746, dois anos depois perdeu a filha Maria (a segunda
homônima), então com quatro anos, quando morava em Trairi, onde era devota da
santa local. Faleceu em 26 de novembro de 1788, em Siupé.
Da família, quem mais se notabilizou no Ceará foi o
jornalista pernambucano Antônio Drummond, diretor do jornal Gazeta de Notícias, assassinado, no seu interior, enquanto trabalhava, na rua Senador Pompeu, Fortaleza, na noite de 11 de maio de 1930 por conta de matéria supostamente "injuriosa".
8.8. “Hurtado de Mendoça”.
Em 1664, partiu de Portugal em direção à Bahia, na nau de
guerra São Teodósio, o general Jorge Furtado de Mendonça no intuito de
organizar seus portos. Teria sido o primeiro da família a aportar no Brasil. Já
na Carta Régia de 25 de agosto de 1696 a Caetano de Melo de Castro, em
Pernambuco, encontramos André Furtado de Mendonça, capitão de uma companhia de
infantaria do Terço dos Paulistas, “julgado digno da mercê de 50$000 na
consideração de concorrer na sua pessoa haver morto e cortado a cabeça do negro
Zumbi, intitulado Rei dos Negros Palmares”.
Revela a história do Brasil que a fuga de Zumbi do
Quilombo dos Palmares, em Alagoas, deveu-se à invasão do aldeamento pelas
forças do bandeirante Domingo Jorge Velho. O líder da resistência negra foi
morto no dia 20 de novembro de 1695 e sua cabeça exposta em praça pública do
Recife.
Bem antes, em 1142, foi encontrada no Convento de São
Bento de Ave Maria, das freiras do Porto, uma escritura de venda de uma
“herdade”, em Minduceli, a Pero Furtado, filho de Fernão Peres Furtado, casado
com Marinha Gilibertiz. Ele Ganharia o título de “Furtado da Pedatura
Lusitânia”.
Afonso Furtado, nascido por volta de 1347 em Lisboa, foi
escudeiro e vassalo de D. João I até o fim do seu reinado, do qual participou
de campanhas militares. Esposo de Ana Migueis, porém, após o falecimento de sua
consorte, casou-se com Maria Mendonça, pertencente à nobreza portuguesa, cujos
filhos foram registrados como Furtado de Mendonça, sendo o primeiro deles
Afonso Furtado de Mendonça.
Já do lado espanhol, origina-se da família Lasso de la
Veja Hurtado de Mendoça, que identifica-se como “almirantes de Castela, condes
del Real e marqueses de Santillana”. Diante disso, para alguns historiadores a
família Furtado é uma só.
8.8.9. A curiosa chegada dos ciganos no
Ceará
Em 1718,
foram enviados para o Ceará, por Ordem Régia, ciganos do Reino de Portugal. E
em 1724, o citado governador de Pernambuco pediu autorização à Metrópole
portuguesa para destinar mais deles para as terras do Siará Grande. Ali,
continuaram à tradição, casando-se entre si e vivendo em comunidades,
geralmente nômades. Coincidências, tanto no ano da solicitação (pois Maria
Furtado de Mendonça chegou em Trairi por volta de 1725), como a procriação na
mesma raça, resultando em casos de albinismo e surgindo fenômenos de atavismo, pessoas brancas e fisicamente bonitas. Essa aproximação também decorre diante da discriminação
(e talvez por medo) àquele povo étnico.
8.9. Demais Famílias. Até 1799.
8.9.1. Barroso Valente.
Natural do arcebispado de Braga, nascido em 1688, o
capitão-mor Pedro Barroso Valente, proprietário do sítio Muritipicu, casou-se
com Ana Ferreira da Cunha, irmã do capitão de infantaria Luiz Ferreira da
Cunha. O referido capitão veio a falecer em 1730, deixando uma filha, Elena
Ferreira da Cunha, nascida em 1726, esposa do capitão de infantaria Domingos
Francisco Braga, famoso escrivão da Fazenda Real.
Domingos Francisco Braga era filho de Manoel Francisco,
português também daquele arcebispado de Portugal, chegado a Olinda (PE) quando
jovem no século XVII, e de dona Mariana Francisco. Porém, ao partir para o
Ceará, Manoel Francisco levou dois filhos ilegítimos: Virgínio Francisco Braga
e Inocêncio Francisco Braga, mesmo nome do avô do coronel Anastácio Alves
Braga, de Itapipoca. Pedro Barroso Valente e Manoel Francisco seriam os troncos
dos Braga e dos Barroso.
Esses nomes adotados eram comuns em lembrança às origens
europeias: Chaves, Tabosa, Braga, Escócia, Porto, Granja, Teixeira, Almeida,
Cunha, entre outros.
8.9.2. Moreira de Souza/ Barroso de Souza.
Pedro Barroso Valente, viúvo, casou-se novamente em 1733, agora
com Maria, filha do capitão Francisco Moreira de Souza, este nascido no Porto
em 1685. Desse casal originou-se a fazenda Curral Grande, na ribeira do Curu,
na qual viveu sua filha Maria Moreira de Souza, irmã de uma segunda Ana
Ferreira da Cunha, e mãe, entre outros, dos capitães Ignácio e Pedro Barroso de
Souza, além do padre Francisco Moreira de Souza, que também morava na fazenda,
tio de outro padre, José Moreira de Souza. Surgia a família Barroso de Souza.
O capitão Ignacio Barroso de Souza casou-se em 1762 com sua
prima, Josefa Moreira de Souza, dos quais nasceram nove filhos. Entre eles
destacaram-se o tenente Domingos Barroso de Souza e o tenente coronel Antônio
Barroso de Souza, esposo de Luiza Francisca de Avelar Braga (filha do major
Anastácio Francisco Braga) e pai do coronel Antônio Barroso de Souza (Filho),
conhecido como “do Curral Grande”, o primeiro intendente de Trairi, do qual
trataremos no volume posterior.
Após o falecimento de Dona Maria Moreira de Souza, em
1802, o capitão Ignácio Barroso de Souza representou, via procuração, seu irmão
padre no inventário das terras do Curral Grande. É talvez a maior família do
Vale do Curu.
8.8.3 Francisco Braga.
Domingos Francisco Braga e sua esposa, Elena Ferreira da
Cunha, casados em 1744 pelo padre Antônio de Aguiar Pereira, em Muritipucu,
possuíam a fazenda Caioca, na ribeira do rio Aracatiaçu (Amontada), e eram frequentadores
da Capela de Nossa Senhora do Livramento, onde foram padrinhos. Passavam
temporadas em Fortaleza por conta dos vários cargos públicos assumidos por ele,
como juiz e secretário da ouvidoria. Entre os seus oito filhos estava o padre
Domingos Francisco Braga, ou seja, com o mesmo nome, nascido em 1745 e falecido
em 1816. De tradição coronelística, exerceu influência política em Trairi.
8.8.4. Souza Machado.
De família originária dos Açores, Portugal, Thomé de Souza Machado, nasceu na Ilha de São Miguel. No Brasil, estabeleceu-se em Goiana (PE), onde se casou com Maria da Cunha. Ali nasceu seu filho, homônimo. Thomé de Souza Machado (II) se casou com Ana do Sacramento, natural de Olinda (PE), tendo nascido em Goiana o primeiro filho, homônimo, seguido de Thereza de Jesus e Maria, Francisco, Ana de Souza Machado e outros. Em Trairi por volta de
1770, tão logo recebeu a patente de tenente, era o encarregado da ordem. Foi vereador e procurador da Câmara de Fortaleza. Thomé e Ana tiveram o filho Thomé de Souza Machado (III), que se casou com Jozefa Maria de Jesus em 1778. Thomé (III) e seu irmão Thomaz tiveram forte presença em Trairi, deixando descendências misturadas com várias famílias, como a de Nicolau
Tolentino Chaves.
8.8.5. Ferreira da Cunha.
Luiz Ferreira da Cunha nasceu em Olinda (PE), partindo
pra o Ceará, já com a patente de capitão, em 1738, com a sua mulher, Maria
Tereza Ribeiro, e o filho Antônio José Fialho, que, em Soure, casou-se com
Josefa de Freitas Souza, também natural de Olinda. Desse último casal nasceu
Luiz Ferreira da Cunha (Neto), em 20 de janeiro de 1773, ao que, tornando-se
tenente, foi residir em Mundaú, casando-se em Trairi, no dia 21 de janeiro de
1793, com Ana Donata dos Santos, filha do capitão Manoel Martins dos Santos e
Ana do Sacramento. Luiz Ferreira da Cunha (Neto) veio a falecer a 22 de janeiro
de 1814, sendo seu bisneto o Padre Rodolfo Ferreira da Cunha. Fundadora das
lavagens, trata-se da família mãe de Canaan.
Datas:
1603/04: Expedição de Pero Coelho, com o jovem soldado
Martim Soares Moreno, 18 anos, percorre litoral Trairi.
11/01/1608: Padre Francisco Pinto é assassinado na
Ibiapaba pelos índios tocarijus. Pelo roteiro descrito em Relação do Maranhão, do
Padre Luiz Figueira, a missão teve passagem por Parazinho e Trairi.
12/07/1612: Corsários franceses aportam no Buraco da
Tartaruga (Jericoacoara) rumo ao Maranhão, onde se fixaram. Certamente passaram
pelo litoral trairiense.
1613: Expedição de Jerônimo de Albuquerque (Filho) para o
Maranhão, ao lado de Martim Soares Moreno, tem parada em Jericoacoara. Ali
erguem o forte de Nossa Senhora do Rosário.
1614: Série de confrontos contra franceses em Jericoacoara.
Índios do Mundaú devem ter reforçado a resistência da capitania.
15/10/1615: Incursão armada de Alexandre de Moura no
Ceará, com índios e o padre jesuíta Manoel Gomes. Alexandre de Moura era
militar português e lugar-tenente (governador) da capitania de Pernambuco até esse ano.
1621: Martim Soares Moreno, capitão-mor, retoma a
tentativa de governo da capitania.
18/05/1626: Frei Cristovam de Lisboa faz visita
missionária ao Ceará.
26/10/1637: Holandeses ocupam Fortaleza, tomando o seu
forte, domínio que durou até 1654, com a retirada de Mathias Beck.
1663: Nasce na freguesia dos Óbidos, Portugal, o
sargento-mor Antônio Marques Leitão. Casado com Apolônia da Costa, fixou-se em
Siupé, onde obteve concessão de sesmaria e construiu a Capela de Nossa Senhora
da Soledade. Por questões de terras, teve vínculos com Trairi.
1670: Nasce nessa década Felix da Cunha Linhares. Natural
do Conselho de Coura, na freguesia de Santa Marinha dos Linhares, Portugal.
Casou-se com Maria de Sá, herdeira de propriedades na Ribeira do Acaraú (futura
Sobral). Parte dessa família fixou-me em Mundaú, onde iniciou o povoamento
branco ao lado dos Ferreira da Cunha.
12/03/1706: Estêvão Vicente Guerra solicita sesmaria em
Trairi, alegando terra abandonada.
1712: Pe. João de Mattos Monteiro (Padre João de Mattinhos), coadjutor do seu tio, Pe. João de
Mattos Serra, primeiro vigário geral de Fortaleza, cria o curato do rio Mundaú
à Serra da Ibiapaba, região pertencente à ribeira do Acaraú. Seus
habitantes foram obrigados a pagar um
boi por fazenda.
04/04/1725: Maria Furtado de Mendonça solicita sesmaria
das terras pretendidas pelo falecido esposo, Estêvão Vicente Guerra. Um ano
após, chega a Trairi para tomar posse.
11/05/1725: Manoel de Moura Rolim, Capitão-Geral de
Pernambuco, em consulta ao Conselho Ultramarino, comunica ao capitão mor do
Ceará concessão de sesmarias.
13/04/1726: Capitão-mor Manoel Francez funda a Vila de Fortaleza.
13/07/1733: Capela de Nossa Senhora do Livramento. Casamento de Manoel de Moura Rolim e
Francisca Xavier de Moura, filha do tenente coronel Estêvão Vicente Guerra e
Maria Furtado de Mendonça. Testemunhas: sargento mor Tomé Ferreira Chaves e
Leandro Teixeira. Pe. Manoel Guerra.
04/04/1734: Nasce em Trairi José Furtado de Mendonça, neto de
Maria Furtado de Mendonça, sua madrinha. Ordenou-se padre com aproximadamente
24 anos.
01/10/1742: Casamento, em Trairi, de Luiz Ribeiro Moreira, filho do alferes Lisandro Ribeiro Morais e de Aurélia de Oliveira. Testemunhas: Luiz de Brito Lyra e Antônia Moreira, natural de Goiana PE, filha de Sebastião Gomes e de Francisca Rodrigues, moradora de Trairi. Padre Luiz Teixeira, coadjutor.
17/05/1744: Falece Francisca Xavier, filha de Maria
Furtado de Mendonça.
11/11/1744: Casamento de Domingos Ferreira Braga e Elena
Ferreira da Cunha. Ele deteve vários cargos importantes na capitania, assim
como a família Valente Barroso de Souza.
07/05/1747: Falece, em Trairi, Maria Furtado de Mendonça, aos 60
anos.
23/08/1755: Falece no Sítio São Pedro, Ribeira do Curu,
Manoel Escorcio Dormond, irmão de Maria Furtado de Mendonça.
1744/1759: Período de missões jesuítas do litoral do
Parazinho/Trairi à Ibiapaba.
15/08/1762: O bispo de Olinda pede a Francisco Xavier de
Mendonça Furtado que sejam argumentadas as côngruas dos vigários dos índios das
novas vilas do Ceara, pois seus pagamentos não podem superar aos dos vigários
dos brancos.
29/07/1763:Thomé Ferreira Chaves vereador de Fortaleza.
1765: Manoel de Moura Rolim e Pedro Barroso de Souza
entre os vereadores da Vila de Fortaleza.
12/09/1766: José Valente Barroso nomeado capitão de
ordenança do distrito de Trairi.
08/11/1768: Domingos Furtado de Mendonça, mestre da
corveta Santo Antônio, a procura de uma pequena embarcação de dois mastros,
ocupada em tráfico escravagista, com quatro ingleses e dois escravos no lugar
chamado “Kajuaes”, cujos sustentos são pagos pelo Conde de Povolide.
06/12/1769: Tomé Ferreira Chaves mantido juiz de
ordinário, entrando novos vereadores (de Fortaleza) para a gestão do ano seguinte, como
Antônio Barroso de Souza e Thomé de Souza Machado.
1772: Manoel de Moura Rolim nomeado juiz ordinário da
Vila de Fortaleza, depois substituído por Thomé de Souza Machado.
20/01/1772: Nasce Luiz Ferreira da Cunha (Neto), tenente.
Faleceu no Mundaú a 22/01/1814. Era filho de Antônio José Fialho e Josefa de
Freitas Souza, natural de Olinda. Neto do homônimo.
1774: Procurador da Câmara de Fortaleza: Estêvão Vicente
Guerra (III), cargo renovado em 1781; e José Barroso de Souza vereador.
1776: Antônio Barroso Valente empossado juiz da Câmara de
Fortaleza; e Thomé Ferreira Chaves juiz de órfãos.
09/11/1780. Novos vereadores de Fortaleza Estevão Vicente
Guerra (III) e José Teixeira da Cunha.
1781: José Barroso Valente vereador da Vila de Fortaleza.
15/10/1781: Falece, no Sítio Burrinha, Uruburetama,
Manoel Escorcio Dormond, sobrinho de Maria Furtado de Mendonça.
04/04/1783: Thomé Ferreira Chaves eleito procurador da
Câmara de Fortaleza.
13/09/1788: Falece em Siupé Thomé Ferreira Chaves,
aos 80 anos, cunhado de Maria Furtado de Mendonça.
04/09/1798. Falece, em Trairi, aos 64 anos, o Padre José
Furtado de Mendonça. No mesmo ano, o próprio celebrou, como o fez durante cerca
de 40 anos. Foi o reverendo que mais tempo pregou na Igreja de Nossa Senhora do
Livramento, o apóstolo da Capela, justamente o sobrinho e afilhado da sua
fundadora. Testemunha da história pouco comentada de sua terra. No seu lugar os
padres Antônio José Cavalcante e Francisco Antônio da Silva.
07/01/1799: Samuca Santa Thereza é violentamente assaltada por franceses na foz do Mundaú. Os corsários
fugiram para o Maranhão levando pólvoras e demais armamentos.
12/04/1799: Thomé de Souza Machado toma posse como
procurador da Câmara de Fortaleza.
Batistérios na Capela de Nossa Senhora do Livramento ou em Trairi:
12/08/1730: Mundaú. Batizado de Manoel, filho de Francisco Furtado de Mendonça (III) e Jozefa Furtado de Mendonça. Pelo cura Pe. Isidoro Rodrigues Resplandes durante visita apostólica.
23/09/1759: Quitéria, filha de Anna. Padrinhos: Manoel
Dias Paula da Silva Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça. Coadjutor do Ceará,
Antônio José de Miranda Henrique.
28/10/1759: Miguel, filho de José da Costa Gonçalves e
Bernarda Marques. Padrinhos: Antônio Alves Bezerra e sua mulher Domingas Maria
Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça. Coadjutor do Ceará, Antônio José de
Miranda Henriques.
21/07/1760: José, filho de Manoel Teixeira e Joana da
Costa. Padrinhos: Domingos Teixeira e Bernarda Marques. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
Coadjutor do Ceará, Antônio José de Miranda Henriques.
03/01/1761: Matheus, filho de Matheus Correa Pereira e
Anna Angélica da Conceição. Padrinhos: Capitão Mor João Batista da Costa,
branco, casado, e Josefa Maria, casada com Antônio de Freitas. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
Coadjutor do Ceará, Antônio José de Miranda Henriques.
24/03/1761: Sob licença do Pe. Manoel Correa D’Avilla.
Faustino, filho de Simplício Gomes e Filiciana Ferreira. Neto paterno de
Antônio Gomes e Eugênia Gadelha. e materna: Luiz de Freitas e Joanna Braga.
Padrinho: João Ribeiro. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça. Coadjutor do
Ceará, Antônio José de Miranda Henriques.
24/05/1768. Flecheiras. Maria Furtado de Mendonça
(Sobrinha), viúva, madrinha da filha de uma escrava, e nascida em primeiro de
maio daquele ano. Batizou o Pe. Eloy da Cunha Andrade.
24/05/1768. Lagoa do Tapuia. Maria Furtado de Mendonça
(Sobrinha), madrinha de José, filho de Luciano Camelo de Andrade e de Teresa Maria
de Jesus, naturais do CE, neto paterno de Teodoro Camelo e Delônia Ferreira,
ambos de PE, e materno de Daniel Soares, natural de PE. O padrinho foi Tomé
Ferreira Chaves, solteiro, natural do CE. Batizou o Pe. Eloy da Cunha Andrade. Seria a Lagoa de Dentro.
19/06/1768. Bernarda, forra, filha da escrava Josefa, de
Sebastião Ribeiro. Avós paternos ignorados e maternos Ignacio e Jozefa. Batizou. Pe. Eloy da Cunha Andrade.
26/12/1768: José, filho de José Ferreira Braga e de Elena
Gomes, naturais do CE, nascido em 31/11/1768, neto de Jesus de Freitas, natural
da PB e de Joanna Silva, do CE, e materno de Jerônimo Gomes (CE) e Eugenia de
Abreu. Padrinhos: Miguel Bezerra de Menezes e sua filha, Anna Maria, solteira,
moradores da freguesia. Batizou o Pe.
José Furtado de Mendonça.
26/12/1768: Izabel, filha de Antônio da Rocha Ferreira e
Ignacia Mendes. Avós paternos: Antônio da Rocha Ferreira e Luzia de Almeida.
Maternos: Manoel Moreira e Anna Mendes, moradores da freguesia. Padrinhos:
Matheus da Rocha de Almeida e Agostinha da Silva e Vasconcelos, moradores desta
freguesia. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
26/01/1769: Joaquim, filho de Luiz e Silva e Francisca e
Silva, naturais do CE. Avós paternos: Luiz da Fonseca e Maria do Nascimento,
naturais de Capiberibe. Maternos: Antônio Pereira (naturalizado) e Linda
Freitas, moradores do CE, moradores da freguesia. Padrinhos: Antônio Ferreira
dos Santos e Anna Maria de Jesus, filhos do alferes Sebastião Gomes, moradores
desta freguesia. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
02/02/1769: Eugênio, filho de João Tavares Cabral e
Bertoleza Ferreira, naturais do CE. Avós paternos: Valentim Tavares e Elza da
Silva. Maternos: Antônio Ferreira de Moura e Maria Marques, naturais do CE.
Padrinhos: Antônio Rodrigues e sua mulher Quitéria Ferreira, todos moradores
desta freguesia. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
03/02/1770: Antônio, filho de Francisco Dias e Quitéria
Marques. Padrinhos: Clemente Ferreira da Silva e Geralda Lopes, todos moradores
desta freguesia. Batizou o Pe. José
Furtado de Mendonça.
03/02/1770: Gonçalo, filho de Antônia, escrava do Capitão
Mor Tomé Ferreira Chaves. Padrinhos: José Paz do Nascimento, todos moradores
desta freguesia. Batizou o Pe. José
Furtado de Mendonça.
08/04/1770. Estêvão Vicente Guerra (Neto), solteiro,
padrinho. Criança batizada pelo padre José Furtado de Mendonça.
12/04/1770: Maria, filha de Vitório Barboza e Antônia Maia
de Morais. Padrinhos: Manoel de Moura Rolim e Tereza de Jesus, todos moradores
desta freguesia. Batizou o Pe. José
Furtado de Mendonça.
03/06/1770: Ignacio, filho de Izidro Barboza e Maria do
Carmo. Padrinhos: Manoel Gomes do Nascimento Escolástica e Maria de Jesus,
todos moradores desta freguesia. Batizou
o Pe. José Furtado de Mendonça.
20/06/1770: Nasce Dimisiana, filha de José Escórcio
Dormond e de Domingas Fernandes. Avôs paternos: Basílio Fernandes de Morais
(Itamaracá) e Lourença Furtado de Mendonça (Goiana). Avôs maternos: Cosmo
Fernandes de Amorim (Itamaracá) e Josefa Ferreita (Ceará). Batizou o Pe. José
Furtado de Mendonça.
24/06/1770: João, filho de José e Maria, escravos de
Manoel Gomes do Nascimento. Padrinhos: José da Costa Gonçalves e sua mulher,
Bernarda Marques, todos moradores desta freguesia. Batizou o Pe. José Furtado de Mendonça.
30/06/1770: Rita, filha de Anna Ferreira. Padrinhos:
Manoel de Moura Rolim e Custódia dos Reis, todos moradores desta
freguesia. Batizou o Pe. José Furtado de
Mendonça.
05/07/1770: Capela de N. Senhora do Livramento.
Francisco, filho de Francisco Fragozo e Rosa Ferreira. Padrinhos: Dona Maria
Furtado de Mendonça. Batizou o Pe. José
Furtado de Mendonça.
08/02/1771: Joaquim, filho de José Alê de Barros (RN) e
Ana Maria da Conceição (CE). Avôs paternos: Estevão Alê Barros (RN) e Paula
Maria (RN). Avôs maternos: Manoel de Moura Rolim (Ipojuca) e Francisca Xavier
de Moura (Goiana). Padrinhos: Manoel de Moura Rolim e Mariana Cruz.
Foto capa (mapa com rios Mundaú, Trairi e Curu): Amstelodami, Holanda. Século XVIII (Cartas Náuticas, Biblioteca Nacional)
Bibliografia:
Soares, José Paulo Monteiro. Ferrão, Cristina. Memória
Colonial do Ceará. Arquivo Histórico Ultramarino, Tomo II. Fortaleza, Kapa
Editorial, 2011.
História da Província do Ceará. Araripe, Tristão de
Alencar. Fortaleza, Edições Fundação Demócrito Rocha, 2002.
Demais Títulos Familiares, Tomo I. Lima, Cândido Pinheiro
Koren de. Recife, Fundação Gilberto Freyre, 2017.
Como Nasceu Trairi. História da Minha Terra. Sales. Maria
Pia de. Fortaleza, Gráfica e Editora LCR, 1997.
Pompeu, Sobrinho, Thomaz. Sesmarias Cearenses. Fortaleza,
SEDUC, 1979.
Costa, Afonso. A Origem Brasileira da Família Drummond.
Rio de Janeiro, Revista Nacional, 1934.
Soreval, Manuel Abranches de. Mendonça, Manuel Lamas de.
Os Furtados de Mendonça Portugueses. Ensaio sobre a sua verdadeira origem.
Lisboa, Greca Artes Gráficas, 2014.
Datas e Factos para a História do Ceará, Tomo I (1896).
Studart, Barão de. Fortaleza, Fundação Waldemar Alcântara, 2001.
Protohistória Cearense (2° Edição). Sobrinho, Thomaz
Pompeu. Fortaleza, Edições UFC, 1980.
Um Herói Esquecido - João da Maia da Gama. Martins, F. A. Oliveira. Lisboa, Agência Geral das Colônias, 1944.
Cronologia Sobralense. Araújo, Francisco Sadoc de. Fortaleza,
Gráfica Editorial Cearense, 1974.
Anastácio Braga, Notas Genealógicas. Bulcão, Soares.
Fortaleza, Editora Henriqueta Galeno, 1973.
Nobiliarchia Pernambucana. Fonseca. Borges da. Rio de Janeiro, 1936.
Pesquisas:
Cúria Metropolitana da Arquidiocese de Fortaleza.
Biblioteca de História do Seminário da Prainha.
Biblioteca Pública Estadual do Ceará.
Biblioteca de Ciências Humanas da UFC.
Núcleo de Estudos de Etnologia e Arqueologia (Neea) da Universidade Estadual do Ceará.
Biografias:
J. Batista Santiago.
Nascido no povoado de
Barrinha, Trairi, fez os estudos primário e ginasial em sua terra, concluindo o
ensino médio no CEJA Paulo Freire, em Fortaleza. Formado em Teologia, com
pós-graduação em Psicanálise Infantil, foi professor estadual do Grupo Escolar
Raimundo Nonato Ribeiro entre 1968 e 1976.
De origem camponesa, esteva à
frente das criações do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (1963) e da
Cooperativa Agropecuária do Trairi (1971), onde nesta foi presidente duas vezes
e ocupou diversos cargos na diretoria.
No início da década de 1970,
exerceu o cargo de coordenador das Comunidades Eclesiais de Base, organizadas
pela Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, época em que participou dos
movimentos sociais.
Eleito vereador em 1976, foi
presidente da Câmara de Vereadores por um mandato, no caso dois anos. Essas
experiências o levaram ao cargo máximo da Educação municipal durante a gestão
da prefeita Olga Nunes Freire Ribeiro, assim como Secretário de Agricultura nas
administrações de Jonas Henrique Azevedo (segundo mandato), Henrique Mauro de
Azevedo Porto (primeiro mandato) e de Francisco José Noronha, respectivamente.
Por sua vez, foi Ouvidor Geral do Município e Secretário de Planejamento
durante o governo de Josimar Moura Aguiar.
Pesquisador incansável, foi um
dos autores do livro didático Trairi, Cidade da Gente, de 2019, continuando os
estudos sobre a sua terra, em novo desafio, ao lado do amigo e historiador
Junior Lucas (J. Lucas Jr.), levando seus conhecimentos, da experiência em vida
e das pesquisas, como dever sagrado a todas as gerações de trairienses.
J. Lucas Jr.
O autor viveu a infância entre
Fortaleza, onde nasceu, e a terra querida dos seus pais e parentes, Trairi. Foi
no interior que cultivou, desde a adolescência, o convívio com a vida
primitiva, fazendo amizades com pessoas simples e convivendo em meio à natureza
e à liberdade.
Ali, entre os rios e o mar,
participou dos movimentos sociais e políticos, enaltecendo a democracia após a
ditadura militar. Foi, portanto, nesse convívio, que passou a se aproximar
dos fatos que marcaram a vida daquela gente, anotando as curiosidades, e
escrevendo um pouco da sua história, guardada no seu acervo memorialista, no
caso os blogs Ceará na História e Mundo em Debate.
Em Fortaleza, Junior Lucas desde moço passou a
ensinar, de maneira particular, as matérias mais procuradas: Matemática, Física
e Português, continuando com elas adiante, nos anos 1990, quando lecionou em
escolas, paralelo ao que cursava nas Faculdades: Ciências Contábeis (UFC) e
Filosofia (UECE), além do emprego no Banco do Nordeste mediante concurso.
Autor de Rock Cearense, o Heavy Metal e suas
Origens - 1951 - 1986, possui dezenas de matérias sobre as curiosidades do
Ceará em seus dois blogs e no Acervo Lucas.
Ao aceitar o desafio de
coordenar a Biblioteca Dr. Rodolpho Theophilo, do Instituto Tonny Ítalo, entre 2015/19, concluiu o romance Guerreiro sem Cor, explorando os desafios da expedição
de Pero Coelho, em 1603/04, com passagens por Trairi, além de escrever vários artigos e crônicas envolvendo os campos educacionais e sociais do País.
Finalizando 2019, ano em que
fez parte do Conselho de Leitores do Jornal O Povo, publicou a primeiro volume
deste Esboço Histórico de Trairi ao lado do parceiro João Batista.
Professores Batista Santiago e Junior Lucas
Arquivos históricos:
|
07 de maio de 1747. Falecimento de Maria de Jesus e José (Maria Furtado de Mendonça) |
|
13 de julho de 1733. Casamento da filha de Maria Furtado de Mendonça.
|
|
17 de maio de 1743. Falecimento da filha de Maria Furtado de Mendonça. |
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1734: Batizado do Pe. José Furtado de Mendonça. Sua avó, Maria Furtado de Mendonça, a sua madrinha. |
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1728. Maria Furtado de Mendonça batiza escravos. |
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1732. Batizado de filho de escravo, ambos com nomes de parentes de Maria Furtado de Mendonça.
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1741. Padre Felix de Azevedo batiza filho de escravos.
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1742. Batizado de filho de índio escravo. |
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1742. Batizado de Estêvão Vicente Guerra, neto de Maria Furtado de Mendonça.
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1742. Padre Felix de Azevedo batiza filho de negro e de índia escravos. |
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1759. Primeiros batistérios do Padre José Furtado de Mendonça.
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1768. Irmãos, sobrinhos de Maria Furtado de Mendonça, padrinhos na Lagoa do Tapuia. |
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1798. Últimos batistérios do Padre José Furtado de Mendonça.
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04 de setembro de 1798. Falecimento do Padre José Furtado de Mendonça. |
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Parte da genealogia da família de Maria Furtado de Mendonça. |
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ResponderExcluirOlá, gostaria de mais informações sobre Pedro Barroso de Souza. Quem teria sido sua esposa? Seria Josefa Barbosa Leitão? Francisco Barroso de Souza Cordeiro seria filho de Pedro Barroso de Souza? São charadas genealógicas que estou tentando decifrar. Há alguma forma de mantermos contato?
ResponderExcluirPor gentileza, entre em contato pelo email: fatoshistoricos.cearanahistoria@gmail.com
ExcluirOlá, tentei enviar e-mail para este endereço, porém recebo mensagem de que o e-mail não existe. Está grafado corretamente?
ExcluirMeu questionamento é o seguinte:
Pedro Barroso Valente teria tido um filho chamado Pedro Barroso de Souza.
Pedro Barroso de Souza teria casado com uma Josefa Barbosa Leitão e teriam tido um filho chamado Francisco Barroso de Souza Cordeiro (este teria sido implicado na confederação do equador inclusive).
Você teria algum livro ou fonte outra qualquer que me ajude a comprovar estas ligações? Eu encontro estas informações em alguns sites de genealogia, porém sem citar fontes ou comprovações.
Outro ponto que busco resposta é se essa Josefa Barbosa Leitão seria filha de Francisco Simões Tinoco, um dos fundadores da vila de Monte Mor o Novo (Baturité), casado com Anna Barbosa Cordeiro, esta última do ramo dos Barbosa Cordeiro da Paraíba, conforme consta no livro da nobiliarquia pernambucana.
Trata-se de um estudo genealógico que estou fazendo para meu padrasto, um resgate histórico-familiar, agradeço se puder me ajudar com qualquer informação.
Sou descendente do Francisco Moreira de Souza.Caso seja esposo de Mariana Lobo de Macedo,que geraram Maria Moreira de Souza,que casou-se com Domigos Rodrigues da Cunha(Domingos Rodrigues Chaves).Eu parei nele.Vi que seria natural do Porto,PT.E teria sido juiz de órfãos e juiz ordinário.Pergunto:É o mesmo aqui citado?Esses Moreira de Souza,seriam da mesma linhagem dos Moreira de Sousa Uchoa?
ResponderExcluirAgradeço por qualquer informação.
Parabéns pelo trabalho, uma pesquisa muito aprofundada sobre a origem histórica do nosso município de Trairi.
ResponderExcluirMeu questionamento é o seguinte:
ResponderExcluirPedro Barroso Valente teria tido um filho chamado Pedro Barroso de Souza.
Pedro Barroso de Souza teria casado com uma Josefa Barbosa Leitão e teriam tido um filho chamado Francisco Barroso de Souza Cordeiro (este teria sido implicado na confederação do equador inclusive).
Você teria algum livro ou fonte outra qualquer que me ajude a comprovar estas ligações? Eu encontro estas informações em alguns sites de genealogia, porém sem citar fontes ou comprovações.
Outro ponto que busco resposta é se essa Josefa Barbosa Leitão seria filha de Francisco Simões Tinoco, um dos fundadores da vila de Monte Mor o Novo (Baturité), casado com Anna Barbosa Cordeiro, esta última do ramo dos Barbosa Cordeiro da Paraíba, conforme consta no livro da nobiliarquia pernambucana.
Trata-se de um estudo genealógico que estou fazendo para meu padrasto, um resgate histórico-familiar, agradeço se puder me ajudar com qualquer informação.
lucas.junior.ce@gmail.com
ExcluirEntre em contato conosco. Abraço
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ResponderExcluirOlá, achei interessantíssimo o texto. Minha família é desses Braga e Barroso, mas minha bisavó assinava Sabina Furtado de Mendonça, nascida por volta de 1878 (como pude extrair do documento de casamento civil dos meus avós em 1928). Era casada com Francisco Ferreira Braga, filho de outro Francisco Ferreira Braga que era filho de Anastácio Braga. Sabina, portanto, era mãe de meu avô, Octavio Furtado Braga. Não tenho notícia dos ascendentes dela, mas meu avô dizia que ela era também Barroso. Era parda nas feições indígenas. Era alta e de cabelos longos e lisos. Vocês me dariam alguma informação dela?
ResponderExcluirOlá, parabéns pelo excelente trabalho.
ResponderExcluirgostaria de obter referências e mais informações sobre a genealogia da família Furtado. Como posso entrar em contato?
Ola ... por acaso vc teria encontrado alguma coisa sobre os dias de Sena do Trairi ?.. obrigado
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirTambém gostaria de saber. Sou trineto de Manoel Dias de Senna, de Trairí (acho que mais especificamente da vila de Guajiru), que foi casado com Maria de Souza Lima (esta, de Aracatí). Minha família materna veio do Ceará para o Amazonas há quase 60 anos e é um pouco difícil conseguir informações com os parentes mais antigos por conta da distância.
ExcluirOlá eu cheguei até o thome de Souza Machado porém tenho muitas dúvidas por acaso você teria como compartilhar o tem sobre ele meu e-mail e Natanael.teixeirafs@gmail.com desde ja obrigado
ResponderExcluirOlá,antes de tudo, parabéns pela pesquisa. Muito interessante! Estou em busca de minha genealogia e parei aqui. Minha bisavó chamava-se Francisca Barrozo Souza casada com Francisco Ferreira Bezerra. Teria alguma informação sobre ela, por favor?. Provavelmente viveu por volta de 1850/60 na região do Curu e pelo que parece descende de Pedro Barroso Valente. Agradeço desde já sua atenção.
ResponderExcluirRetificando Francisca Barroso Souza
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirThomé de Souza Machado III,era meu tetravô.Como faço para achar o registro de matrimônio dele com Jozefa Maria de Jesus?ou seja,em que local procurar?
Agradece:
Claudimy Carneiro de Lima
Meu e-mail
claudimy_zahav@hotmail.com
Meu avô chamava-se Francisco Tomé de Sousa e sua esposa era da família furtado ambos de Trairí
ResponderExcluirBom dia! Sou pesquisador graduado em /teologia. gostei muito de seu blo0g, mas se tiver como me responder agradeço? a sua pessoa tem algo referente as familias Antônio anastácio Correia Correia, que vieram de porutgal e fizeram familas em Pricuara no Paracuru?
ResponderExcluirBoa noite, você tem mais informações sobre os netos do casal Maria Madalena de Moura e sargento-mor Tomé Ferreira Chaves? sei que eles tiveram 3 filhos: Leandro Teixeira Escorcio Dormond (Neto), Tomé Ferreira Chaves (Filho) e Maria Furtado de Mendonça (Sobrinha). Sabe informação sobre os filhos destes 3?
ResponderExcluirParabéns pelo relevante trabalho histórico! Gostaria de saber mais informações sobre o Porto do Mundaú, especialmente as relacionadas a José Joaquim Carneiro da Cunha e a sesmaria que deu origem aos distritos de Marinheiros e Baleia, município de Itapipoca. Obrigada!
ResponderExcluirOlá, muito feliz com a leitura. Gostaria de maiores informações sobre a família de minha avó e do meu avô. Minha vó foi poetiza da cidade e autora do Hino de Flexeira. Rita de Sena Souza. Se for possível gostaria de receber informações.
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