quarta-feira, 15 de junho de 2016

Paulino Nogueira - 1908. A Partida de uma das Maiores Personalidades do Ceará

Dr. Paulino Nogueira


Paulino Nogueira Borges da Fonseca - Filho de Francisco Xavier Nogueira, natural de Russas e D.a Maria das Graças Nogueira, nascida a 6 de Julho de 1799 e falecida a 2 de Janeiro de 1878. Nasceu em Fortaleza a 27 de Fevereiro de 1842. Neto pelo lado paterno de Pedro da Costa Moreira, nascido a 14 de Abril de 1749 e D.a Maria Nunes de Lima e pelo lado materno do Capitão Antonio Borges da Fonseca e D.a Rosa Maria do Sacramento, natural de Fortaleza.

Foram seus irmãos: D.a Josefa Carolina Nogueira, Raymundo Xavier Nogueira, pai do Dr. Joaquim Anselmo Nogueira, Pe. Francisco Xavier Nogueira, que foi vigário ; de Sant'Anna do Acaraú, Manoel Nogueira Borges, D.a Maria das Graças Nogueira, Camilo Nogueira Borges da Fonseca, pai do Dr. José Nogueira (vide), farmacêutico Pedro Nogueira Borges da Fonseca, D.a Francisca Carolina Nogueira, José Nogueira Borges, Antonio Nogueira Borges da Fonseca e D.a Joana Carolina Nogueira.

 Formou-se a 22 de Dezembro de 1865 na Faculdade de Direito do Recife, sendo pouco tempo depois nomeado Promotor Publico de Saboeiro em substituição ao Dr. Antonio Pinto Nogueira Accioly, cargo que deixou por ter sido nomeado pelo presidente Dr. Homem de Mello para Official maior da Secretaria. O espirito partidário da administração Mello e Alvim, que foi a que se seguiu a de Homem de Mello, demitiu-o do emprego. Referindo-se a esse ato de Mello e Alvim, publicou Paulino um folheto, ao qual respondeu Mello e Alvim com outro folheto.

 No trabalho "Os Presidentes do Ceará", saído à luz na "Constituição", jornal por muitos anos abrilhantado por sua pena, Paulino Nogueira tratando desse facto escreveu: “Ferido profundamente por um ato de perversidade partidária sua (de Mello e Alvim), escrevi um folheto sobre sua administração, o qual mereceu resposta sua também em folheto. Quem chegar a ler um e outro, á de se convencer de que não lhe faço a minima injustiça deixando-me levar por sentimentos individuais”.

 O ato que o privou do emprego elevou-o de mais em mais no conceito dos seus patrícios, máximo dos correligionários, os conservadores, e isso explica sua nomeação para Secretário dos Presidentes Taquary no Ceará e Freitas Henriques na Bahia, Professor de Latim e Diretor do Lyceu e Inspetor Geral da Instrução Publica, Deputado Geral por duas vezes (1872 a 1879), Vice-presidente da Província, e nesse caráter a 21 de Fevereiro de 1878 recebeu das mãos do Dr. Ferreira de Aguiar, o futuro Barão de Catuama, a administração. Pelas reformas que realizou na Instrução Publica da Província, e entre elas não pode ser esquecida a abolição dos bolos, dos castigos corporais, foi condecorado com a "Ordem de Christo" (1871).

Foto Instituto de Ceará
Em 1883 abandonou a politica, voltando então á sua banca de advogado. Em 1887 fundou com Guilherme Studart, Thomaz Pompeu de Sousa Brasil, Joaquim Catunda e João Augusto da Frota o "Instituto Histórico, Geográfico e Antropológico do Ceará", sendo seu primeiro presidente. Em 1888, sendo presidente o Dr. Caio Prado, foi nomeado Provedor da Santa Casa, cargo a que voltou em 1906 a instancias do Presidente Dr. Nogueira Accioly. A Provedoria da Misericórdia assentava otimamente no Dr. Paulino Nogueira, homem à antiga, católico praticante, alma aberta a todas as dores, a todos os sofrimentos.
Senador Pompeu

 Por ocasião da organização judiciaria do Estado no novo regime, foi nomeado membro do Tribunal da Relação, e inaugurada a Academia Livre de Direito do Ceará coube-lhe a Cadeira de Direito Criminal. Recusou a presidência da Província


— "O ex-presidente Tenente-coronel João de Souza Mello e Alvim ou a demissão do Official maior da Secretaria do Governo do Ceará Bacharel Paulino Nogueira Borges da Fonseca". Fortaleza, Typ. da Constituição, Rua da Bôa-Vista n.O 25, 1869.
— "O Major João Erigido e sua refutação ao discurso do Deputado Paulino Nogueira".
Essa extensa serie de artigos saiu publicada na Constituição, ano de 1873.
— "Discurso proferido na Câmara dos Srs. Deputados na sessão de 25 de Agosto de 1875 sobre Limites da Província do Ceará com a de Piauhy". Rio de Janeiro, Typ. Imp. e Const. de J. Villeneuve e C.a, 1875.
— "Eleições Senatoriaes do Ceará". Refutação ao Major João Brigido. Publicada na Constituição, anno de 1884.
— "O livro do Sr. Rodolfo Theophilo", publicado na Constituição, anno de 1884.
— "Execução de Pinto Madeira Perante a Historia", por Paulino Nogueira, bacharel em Direito.
Entre as suas muitas produções, publicadas na maior parte na Revista do Instituto do Ceará, importante associação de que foi presidente desde o seu inicio:
do Amazonas e esteve indigitado para Barão de São Paulino pouco antes do 15 de Novembro. As pesquisas perseverantes e conscienciosas do Desembargador Paulino Nogueira se devem muitas paginas da historia do País, cumprindo aqui assinalar, que seu amor aos estudos históricos se revelou bem cedo porquanto no 5.o ano da Academia já se ocupava dessa especialidade no jornal "A Crença", de Recife.

Palecete Jeremias Arruda, atual sede
do Instituto Histórico de Ceará

 Este trabalho foi pelo autor oferecido ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, que o publicou em sua Revista, tomo 50, parte 1.a — "Vocabulário Indígena em uso na Província do Ceará", com explicações etmológicas, ortográficas, topográiicas, históricas, terapêuticas, etc, por Paulino Nogueira. Este trabalho saiu publicado na “Revista Trimensal do Instituto do Ceara” 4.o trim. de 1887.

— "Vida de Antonio Rodrigues Ferreira", publicada na “Revista do Instituto do Ceará”, 1887.
— "Fortaleza do Ceará", publicado na “Revista do Instituto do Ceará”, anno de 1888.
— "O Padre Ibiapina", publicado na “Revista do Instituto do Ceará”, anno de 1888.
— "O Naturalista João da Silva Feijó", publicado na “Revista do Instituto do Ceará”, 1888.
Como complemento deste trabalho Paulino Nogueira publicou com anotações na Revista de 1889 a Memoria sobre a Capitania do Ceará, escrita pelo dito naturalista.
— "Aditamentos às biografias do Padre Gonçalo e do Coronel Andrade", publicados na “Revista do Instituto do Ceará”, ano de 1889.
— "Presidentes do Ceará: Primeiro Reinado, Período Regencial, Segundo Reinado".

 A série vem publicada na “Revista do Instituto do Ceará” a contar do ano de 1890, e foi interrompida pela morte do autor. Foi primitivamente publicada no jornal "Constituição", de Fortaleza, mas em traços ligeiros.

— "Província dos Cariris Novos", publicada na “Revista do Instituto do Ceará” 4.° trim. de 1892 com anotações.
— "Execuções de Pena de Morte no Ceará". Notável trabalho publicado na “Revista do Instituto do Ceará”, ano de 1894.
Sobre as Execuções de pena de morte no Ceará publicou o Padre Bellarmino de Souza uma apreciação no “Jornal do Commercio” de 31 de Dezembro de 1894, que mais tarde ajuntou como apêndice ao folheto Carta a um amigo, Rio de janeiro, Typ. d' “O Apostolo”, rua da Assémbléa n.o 53,1895.
— "O Coronel José Antonio Machado injustamente accusado pelo Presidente Coronel Antonio de Sales Nunes Berford", na “Revista do Instituto do Ceará”, 1895.
— "A Relação da Fortaleza", publicada na “Revistado Instituto do Ceará”, anno de 1900.
— "Relatório da Procuradoria Geral do Estado em 3 de Junho de 1901". Vem annexo ao Relatório do presidente do Estado Dr. Pedro Augusto Borges.
— "Naturalidade do Dr. José Cardoso de Moura Brasil". Publicado na “Revista do Instituto do Ceará”. 1901.
— "Relação dos Cearenses Titulares e Condecorados". Publicado na “Revistado Instituto do Ceará”, anuo de 1901.
— "Ainda a naturalidade do Dr. José Cardoso de Moura Brasil. Publicado na “Revista do Instituto do Ceará”, anno de 1902.
— "O Padre Francisco Pinto ou a Primeira Catequese de índios no Ceará". Esse trabalho, que foi primitivamente publicado na “Quinzena”, jornal literário de Fortaleza, ns. 3 a 8. e posteriormente, em 1887, em folheto, Typ. Economica, com dedicatória ao Exm. Bispo Diocesano D. Joaquim José Vieira e ao Rvd. Vigário Padre Francisco Xavier Nogueira, irmão do autor, vem reproduzido nas paginas da “Revista do Instituto do Ceará”, ano de 1904. É pena que a reprodução encerre ainda algumas incorreções que a noticia de documentos recentes encontrados, e que Paulino conhecia perfeitamente, tem expungido da historia Cearense.
—O verdadeiro Soneto de Maciel Monteiro, publicado no Almanach do Ceará, ano de 1905. 

 O Desembargador Paulino Nogueira casou duas vezes : a 22 de dezembro de 1866 com Donaa Anna Franklim de Alencar Nogueira, filha do Coronel João Franklim de Lima, e desse consorcio teve o Dr. João Nogueira, e Maria Nogueira, falecida em 1869, e a 24 de janeiro de 1891 com D.a Clothilde Jaguaribe, filha dos Viscondes de Jaguaribe, e desse consorcio teve uma filha, D.a Maria José.

 Paulino Nogueira faleceu pela madrugada de 15 de Junho de 1908, causando o acontecimento o mais profundo pesar no seio de toda população de Fortaleza e nada então faltando para a consagração, sob todos os aspectos devida, da memoria de homem tão rico de dotes, tão querido e respeitado. Entre as muitas demonstrações que se fizeram.
                                                                                                    Barão de Studart
            


                                                                                                                 Por Guilherme Studart
                                                            Dicionário Bio- Bibliográfico cearense (1913) - Barão de Studart

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