sexta-feira, 3 de março de 2017

Instituto do Ceará - 130 Anos e Desafios Eternos

“Fazer conhecida a História e a Geografia da Província e concorrer para a propagação das letras e ciências do Ceará”. 



Palacete Jeremias Arruda. Atual sede
Assim ficou registrado nos anais da ata da instalação do Instituto do Ceará, em 4 de abril de 1887. Nasceu do trabalho de doze intelectuais cearenses, destacando-se o primeiro presidente, nos 21 anos iniciais, Paulino Nogueira, notável personalidade cearense, que entre demais cargos acumulados citamos o de Presidente da Província (1878). Os demais foram: Barão de Studart, Antônio Bezerra de Menezes, Joakim Catunda, Antonio Augusto de Vasconcelos, Padre João Augusto da Frota, Júlio César da Fonseca, João Batista Perdigão de Oliveira, Juvenal Galeno, Virgílio Brígido, José Sombra e Virgílio Augusto de Morais.

 Sua primeira localização foi na sede da Biblioteca Pública, na atual rua Guilherme Rocha com General Bezerril (1887-88), onde funcionava, também, o Teatro da Concórdia. Em seguida passou para o prédio da Assembleia Provincial (atual Museu do Ceará), área térrea, mas como a mesma foi cedida à Faculdade de Direito, que iniciava sua história, mudou-se para um prédio alugado na rua Floriano Peixoto, porém voltou a prédio público, no caso às dependências da prefeitura e da Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca. Nessa época, as reuniões ocorriam no sobrado de Barão de Studart (rua Barão do Rio Branco), quando de sua gestão (1929 - 1938), a terceira do Instituto. Então, o interventor federal Carneiro de Mendonça cedeu salas do Arquivo Público e do Museu Histórico, continuando as reuniões na casa do Barão.


Praça Caio Prado, onde dividiu espaço com o Arquivo Público
Com a transferência da Faculdade de Direito para a Praça Clóvis Beviláqua, o Instituto retornou ao prédio do legislativo (1939). Depois voltou ao Arquivo Público, na Praça Caio Prado, em frente à Sé (1951) até a sua demolição, onde surgiria o Fórum Clóvis Beviláqua. Em 1957 se instalou, junto com o Museu Histórico, no antigo e belo imóvel onde funcionou o Grupo Escolar Rodolfo Teófilo, hoje a FEAAC, na Av. da Universidade. Em 1966, contudo, o reitor da UFC, Antônio Martins Filho, incorporou o prédio, e assim ocorreu a última mudança do Instituto do Ceará. Desde então se encontra no Palacete Jeremias Arruda, imóvel construído em 1921, onde residiu o proprietário, posteriormente vendido ao empresário João Gentil , localizado na Praça do Carmo. Nele funcionou a Chefatura da Polícia, anexo da Prefeitura de Fortaleza, Ginásio Municipal e consequentemente anexo da UFC.

  Nesse templo de riqueza arquitetônica, tombado pela Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, destaca-se, além da rica biblioteca, com 39 mil títulos e mais de 60 mil documentos manuscritos, a sua hemeroteca (revistas e jornais antigos), que possui invejável acervo de quadros e demais objetos de arte, tudo imortalizado em sua Revista, com certeza a maior fonte de informação sobre a História do Ceará.

1939. Instalado na antiga Assembléia Provincial
(hoje Museu do Ceará)

 No que pese a ajuda dos governos Federal e Estadual, porém, o Instituto do Ceará atravessou várias crises financeiras, como nos anos 1990, estando comprometido inclusive o memorial Barão de Studart, inaugurado naquela época, 1987. Após os protestos da imprensa, somados ao clamor dos defensores da preservação da cultura cearense, foram ampliadas verbas públicas, que, ao lado dos aportes dos seus quarenta sócios, fortaleceram o seu mantimento, embora insuficientes. No início da gestão do Prof. Ednilo Soarez (2013), por exemplo, o déficit mensal era de R$ 5 mil.



Dr. Lúcio e sua Digníssima, Beatriz Alcântara ( Foto O Povo)
Em 4 de março de 2017, exatamente no aniversário de 130 anos, Dr. Lúcio Alcântara assume o Instituto Histórico e Antropológico do Ceará em meio a desafios. Acumulando a presidência do Instituto do Câncer, fundado por seu pai, Dr. Waldemar Alcântara, o médico acredita ser fundamental a aproximação com a Academia Cearense de Letras, da qual também é membro, além de quaisquer entidades culturais do Estado. E é fato que dará continuidade às edições da Revista do Instituto do Ceará, o maior patrimônio gráfico do Estado, que existe deste 1887, sendo a mesma parabenizada pela sua impecável originalidade, priorizando a escrita e as abundâncias dos fatos
relacionados. À nova diretoria os nossos cumprimentos e felicitações de apoio pela causa maior, a cultura cearense.





1954: Jornal Unitário destaca o Ginásio Municipal antes da transferência do Instituto do Ceará




1939. No Palácio Senador Alencar: Assembléia



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