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Facsimile de "O Ceará" |
O Padre Henrique
Willebrord Luitem tomou posse na Ig. de
Nossa Senhora do Livramento em 25 de março de 1925, tendo como testemunhas os
senhores Antônio Joaquim Barbosa e Raimundo Lopes. Permaneceu até 1932. Conforme
o seu livro “Como nasceu Trairi”, Maria Pia de Sales, que nessa época tinha
quinze anos, “foi um verdadeiro apóstolo para o bem”. Houve um período em que
viajou para a sua terra, Holanda, trazendo uma lembrança que comoveu a
comunidade: os quadros da Via Sacra. Por outro lado, a autora relata que o
pároco vendeu a última joia doada pela portuguesa Maria Furtado para fins de
mantimento da igreja: um cordão de ouro
puro, comprado por dona Luizinha de Souza, das artes da costura. Trazemos,
contudo, uma matéria antiga, de 1928, do jornal do conceituado jornalista Alfeu
Aboim, acusando o religioso de viver amasiado com uma mulher, e de comportamento
intolerável, partindo de uma denúncia anônima. O denunciante mostra
desenvoltura na escrita, mas ao mesmo tempo modo preconceituoso.
Jornal O Ceará, quinta-feira, 19 de abril de 1928
Um padre hollandez que escandaliza a população de Trahiry.
Vive ostensivamente com uma beata! E Dom Manoel não sabe disso?
“As presentes linhas
são escritas e endereçadas ao “O Ceará” desta vila de Trahiry.
O padre Henrique
Willebroad, hollandez, ex frade, por infelicidade parocho desta freguezia,
continua sugando, desapiedadamente, este pobre e sofrido povo.
Alludido padre,
supinamente brusco e intolerante, só trata a nós, brasileiros, com desdém,
asperezas e grosserias as mais cínicas e revoltantes.
Este reverendo vive
aqui amasiado com uma certa mulher vinda de Aracoyaba. Maritalmente vive em
companhia d’ella.
Esta mulher, apesar
de feia, não tem mais de trinta annos de idade. Está com o reverendo há tempos,
isto é, aqui chegou há cerca de dois annos acompanhando o parocho.
Declara o padre
Henrique, à guisa de acobertar a sua manceba, que essa mulher é uma beata.
Imagine! Em Aracoyaba
tem padre e igreja, e se esta infeliz fosse beata deveria contentar-se em rezar
e frequentar a Igreja de sua terra, e não andar acompanhando o hollandez por
toda a parte. A referida amasia do reverendo occupa-se diariamente, e por
occasião das missas, em tirar esmolas, abodegando nós outros até por comedoria,
como: leite, ovos, etc, para o seu amigo vigário.
Tal mulher é vista
aqui, pela população, pelo nome comprido de “Julinha do padre Henrique”.
Na matriz e capella
do município se há registrados factos deprimentes e escandalosos provocados
pelo parocho Henrique que, encontrando na igreja alguma mocinha pobre ou mal
vestida, sendo feia, trata logo de expulsá-la do templo sem mais preambulos. Se
porém, é sympatica e vem pintada ou de cabellos curtos, manda também que a retire,
mas, de certo modo, apalpando-lhes os braços à guisa de explicar que o vestido está
curto ou as mangas são condenadas pelo alfaiate episcopal.
Aos dias de domingo,
insiste constantemente nos conselhos e pedidos da tribuna sagrada (?) para que
os rapazes (16 anos acima) cazem-se logo (cada casamento custa 15 $!)...o
representante do clero cearense, em nome de Jesus Christo, vem explorando a ingenuidade da população
desta Villa de Trahiry".
"Um catholico"
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