Chegando ao Pici em 1965. (GN) |
Edson José da Silva
foi o grande ídolo do Fortaleza nos anos 60. Revelado profissionalmente pelo
Maranhão Atlético Clube (MAC), foi contratado pelo presidente Otoni Diniz e estreou
pelo clube cearense em 1965. Nascido em
21/08/1940 no Recife PE, a
meninada curiava o seu aspecto físico, como a imagem de uma coroa na cabeça,
pronunciada como “crôa”, pegando o apelido de “Croinha”. O garoto identificou-se
cedo com a bola de futebol, encantando-se com as peladas, e logo estava jogando
pelos times amadores da capital pernambucana, quando estreou pela segunda divisão
pelo "Hiolanda".
Fome de Gol
Artilheiro absoluto
no Maranhão, de 61 a 64, com 184 gols, o segundo maior da história, o
centroavante, que a princípio não chamou atenção, pelo jeito desengonçado,
honrou a camisa tricolor, sendo artilheiro nos anos de 1966, 1967 e 1969, o que
lhe valeu verdadeira idolatria da torcida, especialmente juntando-se a isso o
vice-campeonato brasileiro (Taça Brasil de 1968) e o título do Norte e Nordeste
de 1970. Mas na estreia contra o América, em 1965, não convenceu. Sentiu o peso
da camisa e a força da galera apaixonada, valendo-lhe o título de “Bonde do
Maranhão” do grande nome da imprensa esportiva da época, Paulino Rocha.
Avisaram a ele que o radialista torcia pelo rival e devolveu, marcando os gols
da final do primeiro turno: 3x1 sobre o Ceará. O brilhante comentarista foi
humilde: “´É, foram zangar o homem, olha aí o que ele fez!”. Croinha dizia que
tinha gosto especial de fazer gol no alvinegro, sendo dele o maior carrasco.
Fim Precoce
1:78 metro, levou uma
vida paralela como os jovens atletas da
época: boêmia, na qual se gastava além
da conta. Ainda assim tinha um grande preparo físico,pois corria bastante e com
o oportunismo peculiar estava no local exato para mandar a bola ao gol. Passou
seis meses novamente no Maranhão e retornou nos braços do torcedor, uma
exigência do treinador, Carlos Castilho. Jogou pelo Fortaleza até 1972, quando
passou a “crôa” de linha avançado para outra divindade tricolor, Beijoca.
Croinha se sentia velho e encerrou a carreira, em 1973, pelo Tiradentes,
marcando o seu último tento na vitória de 2x1 sobre o Guarany de Sobral, no dia
30 de junho de 1973, aos 33 anos, sem
festas, sem despedidas.
Vigilante Municipal
Praça J. de Alencar: Croinha guarda |
Em seguida, as dificuldades que a maioria dos jogadores
humildes não escapa, notadamente a problemática financeira. Nos anos 80, com 45 anos, trabalhava como guarda da prefeitura na Praça José de Alencar, ganhando pouco para o sustento
da família. Com esposa e sete filhos, sendo seis mulheres, reforçava as finanças
em volta de jogos em clubes de subúrbios, como o “Fortaleza”, do Mucuripe,
afinal dizia que queria morrer jogando futebol.
De tantas alegrias a um clube, na inocência comprou uma casa, que seria própria se a escritura não fosse falsa, vivendo para sempre de aluguel no bairro periférico de Bom Jardim, na capital cearense. Dizia Croinha que nunca havia ido atrás das pendências contratuais, pois se jogava com paixão, enquanto na geração seguinte, pelo “bicho”. Por isso, deixou de receber várias dívidas do clube, mas sempre reclamou da direção, que prendeu seu passe, retendo-o no Fortaleza.
De tantas alegrias a um clube, na inocência comprou uma casa, que seria própria se a escritura não fosse falsa, vivendo para sempre de aluguel no bairro periférico de Bom Jardim, na capital cearense. Dizia Croinha que nunca havia ido atrás das pendências contratuais, pois se jogava com paixão, enquanto na geração seguinte, pelo “bicho”. Por isso, deixou de receber várias dívidas do clube, mas sempre reclamou da direção, que prendeu seu passe, retendo-o no Fortaleza.
Matador do Bahia
Jornal Correio do Ceará: Croinha 1x0 |
Disse ao jornal O
Povo, em 1984: “Um dos momentos mais interessantes que passei foi contra o
Bahia. Perdemos o primeiro jogo lá por 1x0. O Otoni Diniz quis vender o mando
de campo, para novo confronto na Fonte Nova, mas o Gumercindo (conselheiro)
pagou do próprio bolso toda a passagem de volta da delegação. Fizemos o segundo
jogo e ganhamos pelo mesmo placar e fomos para a prorrogação. Perdíamos de 1x0 e
a torcida já começava a sair, quando Mozart empatou. No final, entrei na área e
fui derrubado. O juiz marcou pênalti. Eu bati e marquei o gol da vitória. Foi a
minha maior emoção”. Exatamente no dia 9 de fevereiro de 1969, como mostra,
anexo, o jornal Correio do Ceará, com o placar do tempo normal, pela Taça Brasil.
1969: Croinha marca e despacha o Bahia no PV lotado (Correio do Ceará) |
O Time de Croinha
O maior goleiro que
enfrentou foi Pedrinho, campeão pelo América em 1966; seu maior marcador,
Cícero, do Ceará (“ele colava em mim e era difícil encontrar espaço para
finalizar”), mas seu maior lançador foi o meio-campista Joãozinho. Eis a sua
seleção, cearense: Pedrinho (América), William (FEC), Zé Paulo (FEC), Renato
(FEC) e Carneiro (FEC); Edmar (FAC), Coca-Cola (FAC) e Gildo (CE); Birungueta,
Croinha e Mozart (trio arrasador do Fortaleza). Na sua opinião, seu gol mais
bonito foi contra o América, em 1966: “Eles tinham um timão e defesa batia
muito. Peguei uma bola na corrida, banhei o Pedrinho (goleiro), enquanto o
Ribeiro (zagueiro) veio para me arrastar, mas apena s toquei de cabeça e o
encobri.
“ Jogador é que nem prostituta, só tem valor quando está
novo”. Croinha, 138 gols pelo Fortaleza, uma marca histórica.
No MAC, onde iniciou profissionalmente. |
Pesquisas: Jornais Gazeta de Notícia e O Povo.
Bi-campeão Cearense 1964-65. Croinha com a bola |
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