segunda-feira, 30 de maio de 2016

30 de Maio de 1934 - Nasce a PRE 9 - A Rádio do Ceará



1938 - Início do Rádio Teatro
No dia 30 de maio de 1934, os irmãos João e José Dummar conseguiram concessão para a atuação da primeira emissora do Ceará. Estava fundada a Ceará Rádio Clube, então PRE- 9. Através da Farmácia Francesa investiram, em prestações de mil reis em ações nominais, no que na época seria uma “aventura maluca” instalar uma emissora de rádio em Fortaleza, sob o pessimismo de muitos, inclusive daqueles que se aventurariam na radiofonia cearense.

 Localizado na Avenida João Pessoa, no bairro Damas, em 1937 passou a exibir programas de grande audiência, muitos obrigatórios, como o “Coisas que o Tempo Levou”, lançado no dia 3 de setembro daquele ano por João Limaverde, que deu continuidade por décadas. Outro de lembrança dos ouvintes foi “A Hora da Saudade”, que teve como primeiro artista famoso convidado Francisco Alves, em 1938, seguido de Chico Viola e Sônia Veiga (“Casinha Pequenina”), chamados de “cartazes”.

 Em outubro de 1938, estreou o rádio teatro, com a peça “Senhora Dona da Felicidade”, destacando-se rádio atores como Iracilda Gondim (primeira), Leila Cabral, Oduvaldo Cozzy, José Cabral de Araújo e Januário de Oliveira.

 Iracilda teve a primeira participação, em agosto de 1937, durante o programa “Hora dos Calouros”, cantando “Eu Sei Sofrer (Noel Rosa), tendo como prêmio um passeio, durante duas horas, num dos automóveis do Posto Mazine.

Em 1994, Marciano Lopes
homenageou João Dummar.
"Coisas que o Tempo Levou"
 Laura Santos também iniciou no mesmo programa, ainda em 1937, participando da primeira novela do Ceará, “Penumbra”, contracenando com o galã Paulo Cabral de Araújo seguido de “Fatalidade”, ao lado de João Ramos. Em 1944, estava em “Fidalgos da Casa Mourisca”, com Antônio Maria. As duas rádio atrizes recebiam de cachê dez mil reis, com direito a passe de ônibus e retorno de automóvel em caso de trabalho noturno.
Na parte esportiva, deu-se a primeira transmissão diretamente do Campo do Prado (hoje terreno do IFC), do qual o repórter Rui Costa Sousa passava as informações para o estúdio, onde se encontrava o “narrador”, João Cabral de Araújo, em 1938, enquanto Oduvaldo Cozzy se responsabilizava pelas matérias futebolísticas, dando-lhe a honra de se transferir para a equipe esportiva da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
 Após a transferência da sede da emissora para o Ed. Diogo, no Centro, com auditório para cem pessoas, estrearam outros competentes artistas: Altair Ribeiro, Romeu Menezes, José Jataí, Moacir Wayne, Zezé do Vale e Afonso Aires. Os salários chegavam a 150 mil reis.
 Entre 1939 e 1940 havia uma coluna de jornal exclusiva sobre rádio, a grande paixão cearense, assinada pela Professora Edite Braga. Numa das crônicas redigiu: “O Progresso vertiginoso de Fortaleza, a cidade morena, num sorriso de fada da beleza, o Teatro PRE 9 é o presente régio oferecido, semanalmente, pela Casa Snoper à sociedade “raffinèr". As possantes emissoras de João Dummar, o batalhador incansável que o Ceará admira e estima, apresentam esta arte nova, com estilo próprio e características especiais".
José Limaverde, Reine, Dona Leda e Nascélio Limaverde. Foto Marciano Lopes

 O proprietário, João Dummar, que chegou ao Brasil com sete anos, não sendo naturalizado, levou Assis Chateaubriand, dono do império de comunicação Diários Associados, a alegar que, segundo legislação vigente, a propriedade deveria pertencer a brasileiros natos ou naturalizados, e assim conseguiu comprar a emissora do outro, em 11 de janeiro de 1944.
 O resto...o tempo levou.

"Trio de Ouro" em Fortaleza. Grande Otelo recepcionado por Paulo Cabral´(Unitário, 8/4/1948)


Fonte e fotos: Jornal Unitário e Marciano Lopes.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

De Trahiry a Anacetaba. A Origem de Antônio Sales


Taba dos Anacés


 Anacetaba em tupi quer dizer “Taba dos Anacés”, tribo indígena que dominou principalmente o litoral norte a partir do rio Curu. De mistura potiguara (tupi) com tapuias e tremembé, em Trairi eram conhecidos como pitiguaras, hoje resistindo como anacé. Com a partida de Jacaúna (conhecido também como o primeiro dos grupos familiares Camarão e Algodão) com os padres jesuítas para a criação de aldeias missionárias nas adjacências de Fortaleza, manteve resistência no rio Siupé, continuando instalada em São Gonçalo do Amarante e em Caucaia. 


 Antônio Sales



Antônio Sales
(13/06/1868 a 14/11/1940)

 Documentos jurídicos e históricos dos municípios envolvidos revelam que a Lei Nº 1235, de 27 de novembro de 1868, desmembrou Parazinho (Alto Alegre, depois Paracuru) de Trairi. A data levou-nos a confrontar biografias às evidências peculiares, como o caso do poeta Antônio Sales, um dos fundadores do grêmio literário Padaria Espiritual, ao lado do trairiense Álvaro Dias Martins.

 Miguel Ferreira Sales, natural de Soure (Caucaia), possuía parentesco com os Sales de Trairi, inclusive fixando residência na comunidade das Lages antes do nascimento do filho-poeta. Conseguiu do Senador Pompeu cargo público em Parazinho, onde foi residir e abrir uma mercearia. Se faltou pouco para Antônio Sales nascer em Trairi, não impede de se dizer que ele era trairiense, uma vez que veio ao mundo no dia 13 de junho de 1868, antes da Lei (27 de novembro), quando as citadas vilas eram subordinadas à terra do amigo de infância Alvarins (Álvaro Martins). Jamais, oficialmente, foi discutida essa realidade.



 Parazinho de Pe. Rocha



Pe. João da Rocha. Fundador
de Paracuru. Foto Lúcio Damasceno

 Com a invasão das dunas e seu aterramento, achou relevante o padre local, João Francisco Nepomuceno da Rocha, em construir, a um quilômetro de Parazinho, uma vila que mais tarde se tornou a progressiva cidade de Paracuru, que tinha entre os seus povoados Passagem do Tigre, esta tempos depois tomada pelas cheias do rio Curu, surgindo então Paraipaba, hoje próspero município do Vale do Curu.

 Detalhe interessante, com a Lei Nº 1604, de 14 de agosto de 1874, todos passaram a se chamar Nossa Senhora do Livramento (Trairi),  Paróquia e Vila, uma hegemonia que durou 16 anos. Época de profunda devoção à Santa portuguesa, cuja imagem chegou à comunidade através da Sra. Maria Furtado de Mendonça. Muitos estudiosos defendem essa data, 14 de agosto, como o dia do município de Trairi.


 Neco Martins - Fundador de São Gonçalo do Amarante



 Com a chegada do Sr. Manoel Martins de Oliveira e de sua esposa, Dona Filomena, no início do Séc. XX, Anacetaba começou a se desenvolver. Seu Neco, avô do ex-prefeito Maurício Brasileiro Martins e tio-avô de Salvador Martins, ex-coletor de Trairi, cedeu o terreno onde foi construída a capela que levou o nome do Santo de sua devoção, São Gonçalo, e em torno dela nasceu a vila de São Gonçalo. Como a maioria das famílias que se fixaram no Vale do Curu, os Martins têm origem do Sertão Central, especificamente de Quixadá, de onde muitos migraram durante a praga da varíola durante a seca de 1877 e após a crise do algodão, ou mesmo antes, no auge das charqueadas, nas ribeiras dos grandes rios, como Acaraú, Mundaú, Siupé e Aracati.



    
Ig. de São Gonçalo do Amarante. Fundada por Neco Martins


        

  Artigos:  


                             São Gonçalo do Amarante - Por Overlan Gomes Correia:


Na primeira metade do século XVI, muito antes que as primeiras penetrações no território cearense fossem efetuadas, as terra onde hoje se localizam o município de São Gonçalo do Amarante já eram habitadas por índios de várias nações, principalmente de Anacés, Guanacés e Jaguaruanas.

Da cultura e civilização indígena nada ficou que possa caracterizar o marco do trabalho dos índios, além do que é contado nas publicações do Instituto Histórico do Ceará, que enfoca com maior destaque a nação dos Anacés, por sua superioridade numérica e valentia.

Realmente as terras eram privilegiadas e, com certeza, bastante disputadas entre as tribos, tendo em vista sua localização em pleno litoral, cortada por Rios e Lagoas, férteis e apropriadas para o cultivo, além da abundância da caça e da pesca.
Sabe-se que a penetração do homem branco, com vista ao povoamento da área, foi iniciada a partir de 1682, quando surgiram os primeiros núcleos como Parazinho, Trairi, Siupé e São Gonçalo.

Em 1881, chegou a São Gonçalo, Manoel Martins de Oliveira, conhecido como “Neco Martins”, ainda adolescente, que ali se estabeleceu juntamente com sua esposa Dona Filomena Martins.

A mesma época também chegava ao povoado, o Capitão Procópio de Alcântara, que buscava no clima saudável e fresco de São Gonçalo, melhoria para sua saúde.
Em 1898, ajudado pela Capitão José Procópio de Alcântara, Neco Martins edificou uma capela dedicada a São Gonçalo, santo de sua devoção. Iniciou-se, então, nova fase de vida da localidade. Dona Filomena Martins, professora dedicada, cuidou da educação de toda gente da terra e ao lado do Coronel Neco Martins, amimou e incentivou o comércio com outras povoações e vilas próximas, muito contribuindo para o desenvolvimento cultural e social de São Gonçalo. (Professor Overlan Gomes Correia).



Almanaque do Ceará (1951)  destaca Anacetaba




                  Paracuru - Por Rodolfo Spínola:


Numa antiga e pequena povoação a beira mar, habitado quase que exclusivamente por pescadores, mas que um dia foi tragado pelas areias amareladas das dunas de Paracuru, obrigando os moradores a construir uma nova vila em um local mais alto e seguro. 

E foi assim que o Padre João Francisco Nepomuceno da Rocha, nascido no Parazinho, deu início a construção da igreja, edificando ao seu redor as primeiras casas, sendo por esse motivo considerado o “Fundador de Paracuru”.  

Em 27 de novembro de 1868, a Lei de nº. 1.235, elevou a categoria de vila à povoação do Parazinho com a denominação de Vila do Paracuru, e território desmembrado de Trairi. 

Após a instalação do município já com a denominação de Parazinho, sua história passou a ser marcada por muitas idas e vindas da sede municipal, travando brigas políticas ferrenhas com Trairi e posteriormente com São Gonçalo do Amarante (ex - São Gonçalo e Anacetaba), de acordo com o poder político dos coronéis, que mandavam e desmandavam em seus redutos. 

E assim podemos constatar esse tremendo jogo de poder. Em 14 de agosto de 1874, de conformidade com a Lei 1.604, o município de Paracuru foi suprimido, transferindo-se a paróquia e a sede municipal para Trairi que doravante recebeu a denominação de Nossa Senhora do Livramento. 

O município voltou a ser restaurado, de acordo com o Decreto nº. 73, de 1º de outubro de 1890, tendo sua sede instalada dia 25 de outubro daquele ano. Em 1921 perde sua autonomia sendo sua sede transferida para São Gonçalo. 

Já em 30 de julho de 1926 a sede do município volta a Paracuru, sendo São Gonçalo rebaixado à condição de povoado com a denominação de Anacebata. 

Já em setembro de 1828, a Lei nº. 2.589 leva a sede novamente para São Gonçalo, mas em 20 de maio de 1931, Paracuru passou novamente a sede, perdendo mais uma vez essa condição para São Gonçalo em 7 de agosto de 1935.

Foi
 Paracuru, o local escolhido para observação do eclipse total do Sol, ocorrido em 15 de abril de 1893.

A Paracuru veio duas comissões científicas, uma da Real Sociedade Astronômica de Londres e outra brasileira, chefiada pelo cientista Dr. H. Moritze.

Origem do Topônimo: Primitivamente Paracuru denominou-se Alto Alegre e Parazinho. O nome Paracuru é tupi e significa Lagarto do Mar.




Almanach do Ceará 1908 traz curiosidades sobre Paracuru: Sede como Alto Alegre; mantém Parazinho como porto; distâncias em léguas e milhas; malotes dos correios da capital às quintas feiras e retorno de Trairi aos domingos.



Sede de São Gonçalo do Amarante em 1976








terça-feira, 24 de maio de 2016

1968 - Novo Incêndio no Majestic e o Fim do Cine Moderno

Cine Majestic e Majestic Palace 


 O Cine - Theatro Majestic Palace, localizado primeiramente na Rua da Palma e inaugurado em 2/9/1917, foi arrendado pelo seu proprietário, Plácido de Carvalho, a Luiz Severiano Ribeiro, que através da sua empresa, Ribeiro & Cia, manteve firme parceria  harmônica até o Cine Luz, na Praça Castro Carreira (Estação), o qual Plácido adquirira, em 1933, de Bernardino Proença Filho. Em 1920, Ribeiro arrendou os três andares superiores do primeiro, criando o hotel Majestic Palace, comprando-o no ano seguinte. Reinava ali diversão e jogos de bilhar. O prédio acabou vendido para o arquiteto húngaro e seu amigo Emílio Hinko.

 Em 4/4/1955 pegou fogo, sendo transferido para os fundos, com entrada pela Rua Formosa. Não foi o suficiente para nova fatalidade. Nas primeiras horas de primeiro de janeiro de 1968, uma ponta de cigarro aceso ocasionou um grande sinistro.  O incêndio iniciou às duas horas da manhã, com suas chamas apagadas totalmente cinco horas e trinta minutos depois, ruindo o teto e perda total. Fato curioso, em 1935 o filme “Incêndio em Roma" foi exibido no mesmo.

1/1/1968. Majestic em chamas

 “Paris está em Chamas”, certamente uma recordação à agonia do outro, foi o último filme exibido por outra sala de Plácido de Carvalho/Ribeiro. O cine Moderno foi inaugurado na Major Facundo, 594 (Praça do Ferreira) em 7 de setembro de 1922, dentro das comemorações do centenário da Independência. “Carmen” foi a sua primeira exibição, um filme mudo, como nos seus primeiros oito anos (O primeiro falado, privilégio do Moderno, foi “Broadway Melody”, com Charles King e Bessie Love). 46 anos depois, seus herdeiros o venderam para um jovem empresário que se evidenciava na solidez financeira, Edson Queiroz.

 Assim registrou o jornal Correio do Ceará sobre aquele triste acontecimento: “A chama da saudade vai se acender nos corações de milhares de fortalezenses”. Marcou época na década de 1930, a partir do seu luxo, ponto de encontro da sociedade, que fazia questão de exibir as melhores roupas e joias mais caras. Apenas com a chegada do Cine Diogo, em 1940, perdeu a liderança, sempre com filmes exibidos à noite. Na última, de 21/5/1968, uma despedida preocupante. Viveria uma crise a sétima arte? Os cinemas da cidade já estavam em decadência em números, contando com o São Luiz (de 1958), Diogo, Art, Samburá e Jangada. Mas na lembrança, os que partiram: Polytheama, Riche, Rex; Nazaré e Familiar (no Otávio Bonfim), América (no Jardim América), Luz, Majestic,  Messejana (na época, Mecejana), Centro, Atapu,  Ventura (este na Aldeota), entre tantos.
Plácido de Carvalho

 Plácido de Carvalho, nascido em Canindé no dia 17/01/1873, começou a vida comercial em Fortaleza como caixeiro (jovem auxiliar de comércio) na empresa Barbosa, Pinto & Cia. Com a experiência, constituiu a Plácido de Carvalho & Cia, e com ela, em 1880, a fábrica de cigarros São Sebastião, na Rua da Palma (Major Facundo), ao mesmo tempo da loja de tecidos Rocambole, na Rua Formosa (Barão do Rio Branco). Já em 1899, apenas como firma Plácido de Carvalho (sem o Cia, que vinha de familiares), abriu a loja de modas, com essa denominação, na rua Floriano Peixoto, 47.

 Entrou o Sec. XX com Casa Plácido, majestoso magazine de modas, que ligava o número 94 da Palma com o número 91 da Formosa, destacando-se como um dos mais promissores empresários do Ceará.

 Fez sociedade com o amigo engenheiro Luiz Gonzaga Flávio da Silva, que para ele construiu o Majestic, Cine Moderno e o seu palacete, no distante Outeiro (futura Aldeota), criminosamente demolido nos anos 70. Nascia, em 5/10/1914, a Fábrica Nacional de Mosaicos e Telhas, na Rua 24 de Maio.

 Durante a Primeira Guerra Mundial, Plácido de Carvalho trouxe de Milão, em 1917, com muita insistência, a sua amada Pierina, com ela residindo na rua Princesa Isabel, enquanto arquitetava com Luiz Gonzaga a construção do palacete.

Cine Moderno no seu último dia. Foto Correio do Ceará

 Mandou demolir o sobrado de Comendador Machado, onde funcionou o famoso Café Riche e o modesto Hotel Central, inaugurando, em 31/12/1931, o Excelsior Hotel, no cruzamento das ruas Guilherme Rocha com Major Facundo, construído por seu cunhado, Natali Rossi. Porém, em setembro daquele ano, Luiz Gonzaga havia reformado um prédio do qual nasceria um forte concorrente, o Palace Hotel, em frente ao Passeio Público, pertencente a Éfren Gondim, o antigo Hotel de France, com estrutura de hotel e boate.

 Em 4/6/1935 faleceu, sendo o corpo velado no Excelsior, como queria. Deixou sua fortuna para a família, colegas de trabalho e instituições de caridade. Seu cunhado Natali Rossi, por exemplo, recebeu 50 contos; a Santa Casa, Asilo dos Alienados (Parangaba) e Colégio da Imaculada cem contos; o Instituto de Proteção à Infância 50 contos, o mesmo valor para a Escola Pio X. Pierina tocou os negócios ao lado do novo esposo, Emílio Hinko. Um ano antes havia alugado o prédio, que um dia funcionou a farmácia de Boticário Ferreira, aos donos da Farmácia Oswaldo Cruz, ainda de pé.

Fontes: Revista do Instituto Histórico do Ceará, Jornal Tribuna do Ceará e Jornal Correio do Ceará.

Esta foto da Praça do Ferreira contempla o Majestic e o Cine Moderno. (Acervo Nirez/Sales)

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Josefa Lucas Mariano - 16 de Maio de 2009. Foi-se a Mãe dos Irmãos e dos Pobres


Zefinha Lucas
 Na lembrança dos sete anos sem a minha tia, a sua força de vontade em decidir a vida na capital, no final dos anos 40. Pobre financeiramente e rica em fé, rumou com o coração partido, decidida. Numa pensão, localizada num belo sobrado da Rua da Assembléia (antiga "das Belas"), hoje São Paulo, a moça simples de Trairi, educada pelos rígidos ensinamentos católicos, começou seu trabalho de comerciante de bordados no Mercado Central. Com a irmã, Ritinha, o exercício noturno e penoso na máquina de costurar, e de madrugada o ofício de caminhar no sentido da Sé, carregando sacolas de roupas e permanecendo todo o dia na tarefa de atrair e conquistar compradores, arte que lhe conferiu o orgulho de ser uma das profissionais de maior sucesso naquele mundinho apertado mas compensador.

Diário do Nordeste

 Tia Zefinha, mais tarde, acolheu os irmãos menores, procurando uma fonte de trabalho para eles, ajustando-os aqui e ali, no que o futuro mostrou que todo o esforço foi correspondido.

 Perguntei a meu pai o que ele mais "aperreava" a irmã: " Eu só queria uma coisa, o dinheiro do jornal todos os dias". E o teve, sempre, assim como o fez aos filhos, sendo eu a prova, mas sabemos que todos os irmãos da Mãe dos Pobres tiveram muito mais do que folhas de papel que sujavam as mãos, embora limpassem a mente, tiveram a gratidão e uma educação pela honradez. Por isso carregaram e carregam o mais profundo orgulho de se assistir diante de figuras que pelo sangue foram suas mães.

 Em 1974 abriu a loja Trairi Bordados durante a inauguração da EMCETUR, dividindo as tarefas com seus auxiliares, aos quais tratava como filhos: Liduína, Zé Maria e Dalvina.

 Deus esteja sempre com a Senhora, minha tia. E com o Mercado Central também, o segundo lar dos Lucas.

Josefa Lucas, sentada, a terceira a partir da nossa esquerda. Ao seu lado, a segunda, sua irmã inseparável, Ritinha.
Evento em Trairi com a presença do governador do Ceará. César Cals (1975)


18 de setembro de 1812  - Inaugurado o prédio do Mercado Público, com planta do tenente-coronel Antônio José da Silva Paulet (o primeiro urbanista de Fortaleza, que desenhou o traçado da cidade em forma de xadrês), ajudante de ordens do governador, no local onde esteve o Mercado Central até pouco tempo, na atual Rua General Bezerril. Foi primeiro mercado de Fortaleza, um pavilhão de madeira, ou telheiro, no meio do cercado da Casa da Câmara.

 Em 1814 foi iniciada a construção de um mercado na Praça Carolina, cuja denominação foi uma homenagem à Arquiduquesa Maria Carolina Leopoldina (Dona Leopoldina), por ocasião do seu casamento com D. Pedro II. Era um grande largo que ficava entre a atual Rua São Paulo, Rua Floriano Peixoto, Rua Sobral e Rua General Bezerril,

 Em 1827 foi construído um mercado para Fortaleza em frente à Praça Carolina, mais conhecido como "Mercado da Farinha", que acabou reinaugurado em 18 de abril de 1897 com outro nome, no mesmo local onde, depois, foi iniciada a construção, na gestão de Álvaro Weyne, do Mercado Central, ocupando todo o quarteirão, com frente para a Rua Conde D`Eu, onde ficava a antiga Casa dos Governadores e só ficou pronto em 1932, quando já era prefeito o Coronel Manuel Tibúrcio Cavalcânti.

 O Mercado de Ferro (antigo da Farinha) teve suas obras iniciadas em 05/02/1896 e sua pedra fundamental foi lançada em 18 de abril do mesmo ano.  Vendia carne fresca no centro da Praça Carolina, local hoje ocupado pelo Palácio do Comércio, Banco do Brasil, Correios e Praça Waldemar Falcão (nome atual, pois se chamou em seguida  Largo da Assembléia, Largo do Mercado, Praça José de Alencar (Norte) e Capistrano de Abreu (Sul). Na parte norte da praça, existia dois quiosques de ferro/madeira, a mercearia do João Aleixo e o Café Fênix, tendo por trás, um outro retangular, que abrigava o Engenho Bem Bem, que comercializava a garapa (caldo) de cana.

Mercado Central 1950. Neste prédio, Zefinha e Ritinha começaram a labuta. (Foto Coisas de Cearense)

 Em setembro de 1932, como citamos, foi inaugurado o Mercado Central onde hoje está o Centro Cultural BNB, entre as vias: Rua Coronel Bezerril (General Bezerril), Travessa Crato (Rua Sobral) e Rua Conde D`Eu. Foi nesse onde minhas tias iniciaram a labuta nos anos 40.

 O Mercado de Ferro foi desmontado em 1939 sendo dividido em duas partes, indo uma para a Praça Paula Pessoa (São Sebastião) e a outra metade para a Aldeota, na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões).

 A parte da Praça São Sebastião foi desmontada em 1968 e levada para a Aerolândia, onde ainda se encontra e no local foi levantado um galpão de alvenaria, com telhas de amianto, que já foi demolido, para a construção de uma praça para o novo mercado de São Sebastião pelo governo municipal do Dr. Juraci Magalhães.

  O Mercado Central passou para novo prédio na Avenida Alberto Nepomuceno, 199 no dia 19 de janeiro de 1998, após infinitos pedidos dos seus permissionários, temerosos de um grande incêndio.

Fonte: Cronologia Ilustrada de FORTALEZA - Nirez.



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sexta-feira, 13 de maio de 2016

Abolição dos Escravos - Ceará se Antecipa à Áurea


Redenção, Terra da luz
Se a Lei Áurea chegou ao Brasil em 13 de maio de 1888, o cearense diria, com a sua irreverência: “Já veio tarde!”

  No primeiro dia do ano de 1881, dizia o editorial da primeira edição do jornal “Libertador”: “A fera indomável da cobiça humana fez delle a sua victima. Escravizou-o, vendeu-o, torturou-o, matou-o! Um milhão e quinhentos mil desses infelizes, chismados com o nomes de captivos, ainda hoje não respiram livremente na pátria livre”. De um sobrado da praça José de Alencar, em Fortaleza, eclodia o grito cearense pela abolição dos escravos.

 A província miserável, convivendo com retirantes e epidemia de varíola, que matava pobres e ricos, na lembrança da extinção da economia da charque quase um século antes, vinha de um período histórico de seca, de 1877 a 1879, culminando com um prejuízo substancial ao algodão. Aos fazendeiros, por orientação de lideranças conservadoras contra o próprio partido ligado ao Império, aos quais pertenciam os quadros da burguesia dos grandes centros urbanos, arcando com elevados custos dos cativos, restaram de seus intelectuais e comerciantes o surgimento do movimento “Perseverança  e Porvir” (28/09/1879), nascendo dali a Sociedade Cearense Libertadora (8/12/1880), que contava como membros e redatores Manuel Albano Filho, Antônio Martins, Alfredo Salgado, Antônio Bezerra, Justiniano de Serpa, Isaac Amaral, Pedro Borges, Rodolfo Teófilo, Pedro Artur de Vasconcelos, José Marrocos, José do Amaral (vice-presidente) e outros como João Cordeiro, seu presidente, que em seus inflamados discursos exigia juramento pela luta contra o governo, retirando seus amigos da sua dependência, “matar ou morrer em prol da abolição”. E as consequências logo surgiram, pois, nas madrugadas, negros eram soltos às escondidas pelos revolucionários.

Chico da Matilde não era jangadeiro.
Mas tornou-se Dragão do Mar e herói.

  Na esfera “popular”, foi Chico da Matilde, o “Dragão do Mar”, quem deu altivez ao movimento libertário, comandando a famosa greve de 27 de janeiro de 1881, quando a partir de então os jangadeiros se negaram a transportar escravos negros. Custou-lhe danos trabalhistas, embora moralmente um herói, tornando-se um dos maiores nomes do Ceará, pela bravura, amor e convicção aos direitos humanos.

 No dia primeiro de janeiro de 1883, com as presenças de abolicionistas como João Cordeiro, Liberato Barroso, José do Patrocínio, Antônio Tibúrcio, Justiniano de Serpa e Antônio Martins, Acarape (futura Redenção), a cidade dos engenhos de força braçal negra, libertava seus escravos, orgulho da província por ter sido pioneira no Brasil, consagrando-se como “Terra da Luz”.

 A notícia se espalhou pela província, e, embora a resistência persistisse em importantes cidades, os gritos de liberdade bradaram em dois centros escravagistas do dia 2 de fevereiro de 1883. Em Pacatuba, Dr. Rodolfo Teófilo (que na adolescência se dizia "escravo branco"), destacado farmacêutico, que lutou pelo combate à varíola e outras pestes, liderando a "Libertadora Pacatuba", comandou uma grande festa pela libertação dos seus escravos, fato presenciado pelo presidente abolicionista João Cordeiro e pela líder feminista sobralense Maria Tomásia Figueira Lima.



 No dia mesmo, Itapagé, então Vila de São Francisco de Uruburetama, no norte cearense, marcou sua contribuição social com a libertação dos seus 112 negros, felizes com a alforria. A sessão ocorreu na Igreja da Matriz, sendo conquistada mais uma batalha da Sociedade Cearense Libertadora, com as presenças ilustres de José do Amaral, Antônio Martins, Rodolfo Teófilo, José do Patrocínio, João Oto do Amaral Henrique, Felipe Sampaio, Antônio Bezerra, Raimundo Vóssio Brígido e José Marrocos. Vários discursos e cânticos poéticos.

 A caravana seguiu para outras localidades. Como disse José do Patrocínio, "hoje, cada pegada dos Legionários da liberdade é um pedaço de território livre". No dia seguinte partiu para Imperatriz (Itapipoca), onde foi instalada a Sociedade Libertadora de Imperatriz. Em março, seguiram-se Canoa (Aracoiaba), Baturité e Icó; no dia 25 de abril de 1883, Tauá; em maio Maranguape, Messejana (ainda independente de Fortaleza) e Aquiraz.

  Após campanha de arrecadação financeira, na qual as senhoras dos libertadores, e simpatizantes da causa, doavam até suas jóias, Fortaleza foi palco da libertação de seus escravos, no dia 24 de maio daquele ano. Às 12 horas uma sessão magna  no salão nobre da Assembleia Provincial, cânticos dos hinos da "Redenção" (de autoria de Antônio Martins) e de "24 de Maio" pelos alunos do colégio Ateneu Cearense, mais o da "Independência" e o "Hino do Brasil". Entre concorridos oradores, destaram-se as abolicionistas Maria Tomásia e a poeta Francisca Clotilde. Em seguida, na Catedral, Padre Frota abençoou o ato. De lá, uma procissão popular seguiu para o Passeio Público, onde ocorreu uma grande festa.

 Naquele ano de glória para os negros cearenses, outras localidades seguiram a redenção: Soure (Caucaia, 3 de junho), Pedra Branca (8 de junho), Pereiro (27 de setembro), Vila Viçosa (29 de setembro), Canindé (4 de outubro), São Benedito e Ibiapina (11 de outubro), Várzea Alegre (22 de outubro) , Pentecoste (8 de dezembro) e Trairi (31 de dezembro).

 1884 começou com mais libertações: Santa Quitéria, Cachoeira, Aracati, Cascavel, Camocim, Tamboril, Lavras, Acaraú, Morada Nova, Independência, Santana, São Bernardo das Russas e Granja. Mas foi em 25 de março, dia da Anunciação à Virgem Maria, contudo, que a Sociedade Libertadora Cearense coroou seu trabalho com a libertação em todo o Ceará. Um coral formado por quinze mulheres cantou o "Hino da Redenção", novamente no Paço da Assembléia, cuja solenidade deu início às oito horas na Praça Castro Carreira (Estação), com o marco do pavilhão exclusivo para a ocasião. O governador Sátiro Dias, aclamado "sócio-benemérito" da Libertadora, deu a abertura e então o enlaço final, marcado por ovacionados discursos. A festa varou noite adentro na Praça Castro Carreira, numa demostração de sentimento humano do povo daquela Fortaleza de 30 mil habitantes.

"Liberta Fortaleza", por José Irineu Souza (1883)

 Muitos historiadores, porém, contestam o sentido “humano” da "Sociedade Cearense Libertadora", vendo-a como uma ação contra o império, exigindo mudanças econômicas (troca de força de trabalho manual por industrial, capitaneada pela Inglaterra). Para a Professora de História da UECE, Walda Mota, “como os abolicionistas de “Libertador” eram latifundiários e donos de escravos, o discurso era ideológico. A abolição passaria a ser uma “façanha” da classe dominante”. Uma das matérias do jornal (O Libertador), aliás, termina afirmando: “Somos todos irmãos!”. Desse modo, temos, no interior do Ceará, o exemplo de José Facó, que durante as núpcias da irmã, em Tauá, em abril de 1883, no leito de morte, deu carta de alforria a todos os seus escravos “herdados de seus maiores” (Boanerges Facó, no “Unitário”, em 1959).

   No que pesem os feitos, o cearense continua devendo tratamento igualitário em relação ao negro, historicamente marginalizado, isolado da sociedade. A própria Comissão de Direitos Humanos da OAB CE reconhece que é pouco procurada para combater esse tipo de caso homofóbico devido às reações, uma ação que, em caso de confirmação de racismo, pode resultar em pena de quinze dias a três meses de prisão, ou pagamento de multa. Vemos e lemos disposição para enfrentar o problema, mas jamais a solução. Esses seres humanos, que por aqui chegaram trazidos pelo holandês Mathias Beck, em 1649, sofrem as consequências de uma colonização branca, elitista e preconceituosa. E o caso se arrasta diante da sua pouca exploração nas escolas. Sequer possuímos um museu da escravatura, como em Pernambuco.

 Fonte: " A Abolição no Ceará" (Raimundo Girão).

sábado, 7 de maio de 2016

Gláucia Lima - Exemplo de Mulher, Mãe, Companheira

Gláucia. Somos todos Tonny Ítalo

 O poeta não se prende a ilusões, insiste na versão singela de uma natureza bela, que o inspire no desejo desesperador pela ternura, pela leveza, uma paz como forma de driblar as amarguras de uma vida marcada por espinhos, envolta de segredos. Essa imagem que o acompanha tem uma trilha e um fim, percorrendo todos os segredos da vida, dos quais apenas pessoas mais preparadas, em todos os sentidos, são capazes de completá-la sabendo-se vencedoras.

 A realidade nos torna um artista, ou para ser mais elegante, lembrando Paulo Freire, uma poeta, um poeta. Ela nos endereça àquelas que nascem com um destino, uma missão das mais desafiadoras, no que Deus, tão Magnífico, nos ensinou ao criar Maria, a mais bela, não fisicamente, mas completa pela fortaleza que representou, a maior de todas as mulheres, de todas as mães.

 Poderia homenagear, neste espaço do meu Ceará, a minha mãezinha, a quem rogo felicidades todos os dias, e comigo estar presente pelo amor que nos une, mesmo a 120 km um do outro, embora juntos no coração, mas me inspiro - em meio às nuvens que carregam uma montanha, onde, junto às flores e espinhos, numa mulher pela qual exaltamos a lembrança de sua infância no colo da mãe e irmãs, ao cordão abençoado que a conduz para longe das trevas que a despedaçaram.
Mãe e filho. Arte musical de berço

 Não posso esquecer daquela manhã em que ela me comunicou o ocorrido, a tragédia que levaria seu filho mais velho aos braços da avó, agora no céu, ao azul celestial que “vozinha” tão bem realçava com seu pincel. A perda de um filho, de uma criaturinha que a acompanhou até na sala-de-aula, comportadamente, dói, abala, afasta a pessoa da anterior, joga-a num vazio brutal. Mas, como a artista e o poeta se inspiram na chama reveladora do otimismo, ainda que na sua última etapa, encontra o destino daquela trilha: o amor. Esse sim é capaz de superar pesadelos.
 Pequenina, chegou a Fortaleza guardando as lembranças da sua Recreação, em Mombaça, município cearense que elegeu o primeiro prefeito socialista em plena ditadura oriunda do golpe de 1964: José Marques (MDB), seu pai, que se foi repentinamente, sendo ela uma menina. E com a partida dele, sua genitora, Dona Francisca, apressou-se em educar a caçula. Porém, estudante exemplar, viu sua mãe partir cedo também, não sem antes conviver com o netinho Tonny Ítalo, um amor arrolado em fatos que se entrelaçaram, mistérios que futuramente se revelaram verdadeiros, como a própria previu em seu livro, “Sonhos, Uma Percepção da Verdade” (ED. Realce, 2011), onde a autora procura conversar, a partir de experiências que se inter-relacionam, e discutir as situações pelas quais passamos. Como disse na apresentação, “são relatos variados de viagens oníricas ao longo da sua vida, amigos e de familiares”. E de fato o livro traz a associação de fatos, aproximação e ideias entre seus parentes, inclusive de seu filho, tão novo e se antecipando no desejo de ajudar pessoas carentes.

 Não foi fácil. Entre outra paixão, o canto, formou-se em Letras pela Universidade Estadual do Ceará, até então criando sozinha o seu garoto. Habilitou-se em Língua Cervantina, Máster e Doutora em Espanhol, não escondendo o seu orgulho de ter sido professora do Instituto Municipal de Pesquisas e Administração de Recursos Humanos (IMPARH), tendo, por concurso, entrado no quadro de servidoras da SEFAZ quando cursava a Faculdade, chegando, hoje, ao cargo de Auditora Fiscal Adjunta.
Reunião de Natal. Uma bela família, inclusive com a Lolita.

 Então surgiram os outros dois filhos queridos, igualmente inteligentes, João Rodrigues e Gláucia Maria, estudantes de Medicina e Direito, respectivamente, nos quadros da Universidade Federal do Ceará (UFC). Não sem antes seus esforços em garantir-lhes ensino de qualidade, o próprio que é ponto relevante, como militante dos direitos civis, na sua luta por uma sociedade justa. Os abraços e as presenças do casal são motivos de conforto e resistência a dor de uma mãe ilutada.

 O Grupo de Tradições Cearenses (GTC), fundado pela professora Elzenir Colares a partir de uma visita à Espanha, teve a colaboração de Gláucia Lima, numa brilhante participação ao interpretar “Cajueiro Pequenino” (Juvenal Galeno), no CD “Areia do Mar”, comemorativo aos 30 anos do grupo, que incorpora a cultura cearense, levando às gerações a riqueza do nosso folclore. Vez por outra a cantora me envia mensagens tipo “traga o meu CD de volta, seu peste!”. Não posso sequer “curiar” seus acervos... Quando ela parar de me questionar, por certo me pegará, trocando o disco por um pirata, que não é do seu feitio, claro. O GTC chega aos 50 anos, no que, suponho, a artista aposentada talvez se “sujeite” a gravar Chico.

Outubro Rosa é com Mulheres no Fisco
 Pelo lado ativista, sua atuação no movimento Mulheres no Fisco não foi interrompida. Óbvio que ouve uma lacuna no tempo diante do luto, mas Gláucia continua engajada na defesa das companheiras. Durante recente fórum, a preocupação e inquietude com a gravidade que vive o País. Os últimos atos do deputado Jair Bolsonaro levaram o grupo a sair com a posição drástica, condenando a violação dos direitos humanos e convocando a sociedade a “repudiar toda e qualquer atitude machista, homofóbica e preconceituosa que ponha em risco a harmonia entre homens e mulheres, independente de etnia, classe social ou condição”. Nossa amiga volta às lutas sociais, e nos encanta, envaidece e inspira. A altivez sobrepondo a fatalidade.
Itaitinga: presidente inspecionando obras do InsTI

 O Instituto Tonny Ítalo (InsTI), por sua vez, foi o reencontro de Gláucia com a mulher guerreira de outrora. Surgiu dos esforços da família e de pessoas próximas, precisamente dos amigos do seu filho, dos quais alguns ela não conhecia, estando a ONG em busca daquilo que ele sonhava desde a pré-adolescência: um espaço para ajudar o próximo, sensibilizar e mobilizar famílias e comunidades “na construção de uma sociedade justa, não-violenta, saudável, criando mecanismos para contribuir com uma nova cultura de alegria e paz”. Ainda que com poucos recursos financeiros, o trabalho é uma realidade e as obras seguem.
 Haverá um processo de cadastramento das famílias próximas à sede, em Itaitinga, no sentido de que, a partir da coleta de dados, possa sentir as necessidades e carências da comunidade. Essa sensibilidade será analisada neste mês, durante mais uma Ação Social, quando os convidados serão assistidos por prestação de serviços e atenção. Um trabalho que toda a sociedade deveria acolher.
  Queria ser o poeta do primeiro parágrafo para saber ilustrar e aprimorar estes garranchos, sintetizar com a arte dos imortais o que ela simboliza no mundo de desigualdades em que vivemos. A mulher que diariamente leva o café ao filho e com ele conversa, um diálogo que se resume em incentivo e conforto. A mulher que sobra ideias, que ouve e opina, que busca tornar seus desejos para o bem. A mãe que me inspirou neste dia dedicado a ELAS.

 Gláucia Lima, feliz Dia das Mães. Creio que muitos a desejarão o mesmo, em respeito não apenas a tua dor, mas a tua história e honradez. És uma vencedora.

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Chuvas no Ceará - Levantamentos Preocupantes


Açude Castanhão, o maior do País, nunca sangrou (foto DNOCS)
 Não é de admirar a preocupação das autoridades em conter o consumo exagerado de água no Ceará. Nossos estudos indicam queda e má distribuição das chuvas ao longo dos últimos anos. Desde 2008 os índices de armazenamento de suas bacias sofrem uma curva descendente, e vertiginosa a partir de 2011. Em maio de 2008 o Ceará contava com 83% da sua capacidade de armazenamento, caindo, em fevereiro de 2011, para 63%, chegando a 13% em abril de 2016, que teve um desvio negativo de 45,2% com relação à média histórica entre fevereiro e maio.. No que pese chuvas em janeiro de 2016, entenda-se que foram isoladas e seguidas de veranico no mês seguinte. A natureza foi castigada e responde duramente. Urge uma política de recuperação da sua vegetação e maior conscientização do seu uso, evitando aterramentos e construções nas proximidades de rios e açudes.

FUNCEME (Médias históricas do CE e médias registradas):

JAN: 98,7 mm -  Registros: 2015: 28,4 mm - 2016: 192 mm
FEV: 118,6 mm - Registros: 2015: 97,0 mm - 2016: 52,8 mm
MAR: 203,4 mm - Registros: 2015: 181 mm - 2016: 130,4 mm
ABR: 188,0 mm - Registros: 2015: 116,4 mm - 2016: 100,7 mm
MAI:   90,6 mm - Registros: 2015:   37,7 mm -  2016: 48,3 mm

COGERH (Armazenamento das bacias hidrográficas no CE):

2016:
ABR (4): 12,77%
ABR (29): 13,4%
MAI (11): 13,7 %
JUN (13): 12,6 %

Balanço da estação chuvosa de 2016 (FUNCEME):

Em janeiro, Funceme apontou ano seco como cenário mais provável

O presidente da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), Eduardo Sávio Martins, iniciou a coletiva de imprensa desta manhã, 13 de junho de 2016, lamentando ter que comunicar a consolidação do quinto ano de seca no Ceará. Entre os meses de fevereiro e maio, as precipitações observadas foram de 329,3mm. A média para o período é de 600,7mm, ou seja, choveu 45,2% abaixo da média.

“O principal fator para mais este ano de baixas precipitações foi o El Niño. A Funceme já tratava isso como uma preocupação desde dezembro de 2014, devido às perspectivas de que o fenômeno se estabeleceria com intensidade. Foi o que aconteceu. Agora, já estamos monitorando um provável resfriamento das águas do Pacífico Equatorial, que dissiparia o El Niño e, talvez, configuraria uma La Niña. Ainda é cedo pra uma previsão, mas há possibilidade de um cenário mais positivo em 2017”, explicou Martins.

Durante a apresentação nesta manhã, na sede da Funceme, ele mostrou que as regiões mais afetadas com as poucas chuvas foram Jaguaribana, Sertão Central e Inhamuns. Na faixa litorânea as precipitações tiveram desvios negativos menores, conforme a tabela abaixo.
Além do El Niño no Pacífico, as condições do Oceano Atlântico não estiveram favoráveis na maior parte da quadra chuvosa, o que manteve a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) mais afastada do Ceará. Quando esse sistema atua pouco no Estado a qualidade do nosso principal período de precipitações fica comprometida.

Era o cenário mais provável

Em janeiro e em fevereiro de 2016, já ciente da intensidade do El Niño, a Funceme elaborou duas previsões climáticas que apontaram maior probabilidade de chuvas abaixo da média durante a quadra chuvosa.

No segundo semestre, conforme a característica climatológica do Ceará, quase não chove. Enquanto março e abril têm médias de 203,4mm e 188mm, em setembro e outubro, essas médias são de apenas 2,2mm e 3,9mm. “O Governo do Estado, através da Secretaria de Recursos Hídricos, tem priorizado a questão do abastecimento da população. Desde que lançamos o prognóstico de 2015 o esforço tem sido de se antecipar, garantindo as licitações para perfuração de poços”, destacou Martins.

2015:
FEV: 19,03 %
ABR:  20,37%
OUT (22): 14,8%
DEZ: 12,23% (menor desde 1998)
2014:
JAN: 31,1%
FEV: 29,95%
2011:
FEV (24): 62,01%
2008:
MAI (13): 83,23%
2004:
FEV: 79,8 %
2002:
DEZ: 34,9 %

Almanaque do Ceará 1934

CE - ANOS COM MAIORES SECAS:

1605/06: Historiador Raimundo Girão: “A primeira que a história cearense registra”.
1612/14
1645
1652
1670/71
1690/93
1721/27: Primeira grande seca com registros oficiais.
1736/37: Índios escravizados e assassinados.
1744/45: A fome avança no sertão.
1777/78: Começa a enfraquecer as charqueadas.
1790/93: Arruinou as charqueadas do CE. Raimundo Girão: “...matando os rebanhos quase inteiramente, liquidou em definitivo o comércio das carnes, cujos mercados compradores passaram a ser abastecidos por Parnaíba (PI), e depois e até hoje - 1962 - pelo charque do RS”.
1814
1824/25: Seca cruel.
1844-45: Historiador Gustavo Barroso: “Peste e fome”. Criado órgão oficial de pesquisas, Comissão Científica.
1877/81: Jornalista Dórian Sampaio: “...famílias inteiras morriam de fome, além de surto de bexiga. Província arruinada”.
1915: Com a devastação, flagelados interioranos foram a pé para Fortaleza.
1931/32
1942
1951/53
1958: Seca a maioria dos rios e açudes.
1970 - Três composições da RVC (Rede Viação Cearense) tomadas de assalto, por flagelados, entre Piquet Carneiro e Acopiara. Delas levaram dezenas de sacas de alimentos.
1976
1979/83: O noticioso da TV Globo, Fantástico, mostrou a devastação no Ceará.
1987/88
1991/94
1998/2000
2012/15

CURIOSIDADE:

Açude do Cedro (Arquivo Pararâmio)

 O açude do CEDRO (Quixadá CE), cujas obras foram iniciadas durante o Império e inaugurado na República, em 1906, em Quixadá, por ter sido construído ao lado de nascente de rios, só sangrou seis vezes:
1924 - 1925 - 1974 - 1975 - 1986 (3 de maio) e 1989.

 O açude ORÓS (Orós CE), o segundo maior, tendo as obras iniciadas no Governo JK (1958) ante à grande seca do período, e inaugurado em 1965, sangrou em:

 24/02/1966
 1974
 1985
 05/02/2004
 12/04/2008
 24/04/2009 - 1,9 bi metros cúbicos.
 27/04/2011
 01/04/2013
 
Açude do Orós durante cheia (Foto DNOCS)

CE - ANOS COM MELHORES CHUVAS:

1789: Rio Jaguaribe invade Aracati. Alguns pesquisadores falam em 32 anos de "invernos" seguidos nesse século, complementados por terrível seca que praticamente acabou com as charqueadas.
1924
1963/64
1973/74
1986
1996
2004
2008
2009
2011


CEARÁ - MAIORES CHUVAS:
 
Groaíras CE: cheia do seu rio (correio do Ceará, 14/03/1974)
Dom Quintino (Crato) - 290,0 mm - 16/02/2004 (Fonte Funceme).
Obs: Jornal do Cariri, publicado no dia seguinte, apontou 130 mm no Crato e 176 mm em Juazeiro do Norte. Enviamos o jornal via anexo (internet) e estamos aguardando o posicionamento da Funceme.

*Tucunduba (Caucaia) - 280 mm - 22/03/2015 (Fonte Funceme. Ano de seca)
Fortaleza - 24/04/1997 - 270,6 mm (Fonte Funceme, de 3h às 13h. Ano de seca)
*Tucunduba (Caucaia/Maranguape) - 13/04/2015 - 270,0 mm (Fonte Funceme. Ano de seca)
*Essas chuvas em Tucunduba, numa serra habitada e sem ocorrências de alagamentos e desastres ambientais, nós questionamos. Foram cerca de 650 mm em três ocasiões.
 
Fev de 2004: Jornal do Cariri
não confirma a maior chuva da história
Eusébio - 07/03/2004 - 253,0 mm
Cágado (S. Gonçalo do Amarante) - 07/04/2016 - 252,0 mm (Fonte Funceme. Ano de seca)
Fortaleza - 29/01/2004 - 250,0 mm (Fonte Funceme)
Fortaleza - 06/05/1949 - 250, 0 mm (Fonte Serviço de Meteorologia. Não entra nos dados da Funceme))
Fortaleza - 11/02/1978 - 250,0 mm (Fonte Jornal O Povo)
Paraipaba - 07/04/2016 - 233,0 mm (Fonte Funceme. Ano de seca)
Quixelô – 23/03/2008 – 231 mm (Fonte Funceme)
Trairi - 07/04/2016 - 217,0 mm (Fonte Funceme. Ano de seca)
Beberibe – 29/04/2009 – 215 mm (Fonte Funceme. Ano chuvoso)
Icapuí – 19/04/2009 – 213,0 mm (Fonte Funceme)

Obs: Em 2004, exceto as citadas acima, as maiores chuvas ocorreram em janeiro, como em Mauriti (180,0 mm) e Cariré (173,0 mm). Municípios como Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha, Tauá, Jardim e Fortaleza decretaram calamidade pública. Exemplo: 30/01/2004: Açude Araras (Varjota) sangra. Comemoração com fogos de artifício.

FORTALEZA – MAIORES CHUVAS:

Bairro Lagamar, em Fortaleza (O Povo  8/3/2004, igualmente abaixo)


24/04/1997 -  270,6 mm (seca)
06/05/1949 - 250,0 mm (chuvoso)
11/02/1978 - 250,0 mm (chuvoso)
29/01/1994 - 250,0 mm (chuvoso). Questionável. Não consta nos jornais da época.
11/01/1978 - 200,0 mm (segundo o meteorologista Claudio Pamplona. Ano chuvoso)
23/06/2012 - 197,6 mm (seca)
27/03/2012 - 197,5 mm (seca)
07/03/2004 - 185,6 mm (chuvoso. Entre 0h e 20h. Funceme)
31/03/2014 - 169,0 mm (seca)
12/05/2005 - 169,0 mm (chuvoso)
02/06/1977 - 168,0 mm (chuvoso)
08/04/2001 - 165,0 mm (mal distribuídas)
10/04/2002 - 163,0 mm (idem)
08/04//2001 - 165,0 mm (por este pesquisador)
21/03/1981 - 161,6 mm (seca)
01/05/1974 - 147,0 mm (chuvoso)
19/03/2003 - 146,7 mm (idem)
11/03/2011 - 145,8 mm (chuvoso)
03/04/1985 - 145,5 mm (chuvoso)
03/01/2015 - 145,2 mm (seca)
01/05/1986 - 140,4 mm (chuvoso)

CEARÁ 2016:

Cágado (S. Gonçalo) - 07/04/2016 - 253,0 mm
Paraipaba - 07/04/2016 - 233,0 mm
Trairi - 07/04/2016 - 217,0 mm
Quiterianópolis - 21/01/2016 - 204,5 mm
Arneiroz - 21/01/2016 - 194,0 mm
Barroquinha - 21/01/2016 - 166,2 mm
Crateús - 21/01/2016 - 166,0 mm
Trairi - 21/01/2016 - 164, 0 mm
Aquiraz - 31/03/2016 - 163,2 mm
S. Teresa (Tauá) - 21/01/2016 - 160,0 mm

FORTALEZA 2016:

Água Fria - 02/04/2016 - 132,6 mm. A maior parte se refere a 1 de abril.
Pici - 21/01/2016 - 129,8 mm
Água Fria - 31/03/2016 - 123,8 mm
Messejana - 01/04/2016 - 100,6 mm

CEARÁ 2015:

*Tucunduba (Caucaia/Maranguape) - 22/03/2015 - 280,0 mm
*Tucunduba - 13/04/2015 - 270,0 mm
*Tucunduba - 15/04/2015 - 101,0 mm
*Total: 651,0 mm em uma semana na serra de Tucunduba.

Paramoti - 01/04/2015 - 197,8 mm
Cruz - 03/04/2015 - 167,4 mm (228,9 em três dias)
Lameiro (Crato) - 22/04/2015 - 162,0 mm
Barbalha - 22/04/2015 - 159,0 mm
Camocim - 07/04/2015 - 146,0 mm
Água Fria (Fortaleza) - 03/01/2015 - 145,2 mm
Crato - 22/04/2015 – 140,0 mm
Missão Velha - 22/04/2015 - 133,0 mm


FORTALEZA 2015:

Água Fria - 03/01/2015 - 145,2 mm
Pici - 05 a 10/03/2015 - 181,0 mm
Castelão - 05 a 10/03/2015 - 167,4 mm

O Cedro e a dor da seca (Arquivo Quixadá Antiga)



CEARÁ 2014:

Farias Brito - 03/02/2014 – 182,0 mm
Fortaleza - 31/03/2014 - 169,0 mm (Messejana)
Ererê - 03/04/2014 - 158,0 mm
Ipaumirim - 05/03/ 2014 - 157,0 mm
Pereiro - 03/04/2014 -130,0
Cariús - 08/02/2014 - 127,0 mm
Juazeiro do Norte - 08/02/2014 - 125,0 mm
Caririaçu - 31/03/2014 -111,0 mm
Barreira - 03/04/2014 - 110,0 mm
Várzea das Mercês (Itapipoca) - 31/03/2014 -106,6 mm              
Barbalha - 26/03/2014 - 106 mm
S. Gonçalo - 30/01/2014 -104,5 mm
S. Gonçalo - 03/04/2014 - 102,0 mm

CEARÁ 2013:

Icapuí - 20/04/2014 - 180,0 mm
Jaguaretama - 18/03/2013 - 158,0 mm
Baleia (Itapipoca) - 18/05/2013 - 144,0 mm
Icaraí (Amontada) - 18/05/2013 - 142,0 mm
Aracati - 20/04/2013 - 142,0 mm
Jardim - 14/01/2013 - 133,0 mm
Groaíras - 03/01/2013 - 126 mm
Paraipaba - 18/05/2013 - 125,0 mm
Crato - 25/05/2013 - 125,0 mm

CE 2011:

Porteiras - 04/05/2011 - 182,0 mm
Aquiraz - 05/01/2011 - 174,0 mm
Croatá - 10/05/2011 - 170,4 mm
Santa Quitéria - 25/01/2011 - 162,8 mm
Ibiapina - 10/05/2011 - 150,0 mm
Paramoti - 19/01/2011 - 149,6 mm
Canindé - 25/01/2011 - 147,0 mm
Fortaleza - 11/03/2011 - 145,8 mm
Ipueiras - 10/05/2011 - 141,0 mm
Acaraú - 24/04/2011 - 139,4 mm
Granja - 01/05/2011 - 137,0 mm
Ipu - 10/05/2011 - 137,0 mm

Obs.: O Orós sangrou no dia 24/04/2011.

CEARÁ 2008:
 Espetacular ano chuvoso. Sertão Central e Baixo Jaguaribe, entretanto, com as menores precipitações.

De janeiro a abril:
Itapipoca (Vale do Curu): 1.206,9 mm
Granja (Litoral Norte): 1.164,9 mm
Trairi (Vale do Curu): 1.136,8 mm
Lavras da Mangabeira (Cariri): 1.060,5 mm
Barro (Cariri): 1.053,6 mm
Sobral (Vale do Acaraú): 988,0 mm
Fortaleza: 947,7 mm

Obs 2008:
30/03/2008: Sangra o açude Trici (Tauá - Inhamuns)
03/04/2008: sangra o açude Várzea do Boi (Tauá - Inhamuns)
03/04/2008: Sangra o açude Arneiroz II (Arneiroz - Inhamuns)
04/04/2008: Sangra o açude Orós (abriram as comportas do Castanhão, o maior do País, que nunca sangrou), assim como no dia 27/04/2009 e 24/04/2011.

2008: COGERH. Nível dos açudes monitorados do Ceará: 13/05/2008: 83,23% (o maior segundo as nossas anotações).

Maiores precipitações:

Quixelô - 23/03/2008 - 231,0 mm
Beberibe - 29/04/2008 - 215,0 mm
Aracati - 11/03/2008 - 200,8 mm
Saboeiro - 26/02/2008 -197,0 mm
Acaraú - 07/04/2008 - 174,0 mm
Chaval - 05/04/2008 - 158,0 mm
S. L. do Curu - 11/04/2008 -158,0 mm
Iracema - 29/03/2008 - 156,0 mm
Morrinhos - 31/03/2008 - 148,2 mm
Campos Sales - 29/04/2008 -147, 3 mm
Redenção - 29/04/2008 -147,0 mm
Novo Oriente - 29/04/2008 -146,2 mm
Missão Velha - 31/01/2008 - 143,0 mm
Pereiro - 02/04/2008 - 142,0 mm
Parambu e N. Oriente - 31/01/2008 - 140,0 mm
Uruoca - 11/04/2008 - 140,0 mm
Saboeiro - 15/04/2008 - 140 mm



Fontes: COGERH, FUNCEME, Jornal O Povo e nosso Acervo Lucas.