Cine Majestic e Majestic Palace |
O Cine - Theatro
Majestic Palace, localizado primeiramente na Rua da Palma e inaugurado em
2/9/1917, foi arrendado pelo seu proprietário, Plácido de Carvalho, a Luiz Severiano Ribeiro, que através da sua empresa, Ribeiro & Cia, manteve firme parceria harmônica até
o Cine Luz, na Praça Castro Carreira (Estação), o qual Plácido adquirira, em 1933,
de Bernardino Proença Filho. Em 1920, Ribeiro arrendou os três andares
superiores do primeiro, criando o hotel Majestic Palace, comprando-o no ano
seguinte. Reinava ali diversão e jogos de bilhar. O prédio acabou vendido para
o arquiteto húngaro e seu amigo Emílio Hinko.
Em 4/4/1955 pegou fogo, sendo transferido para os fundos, com entrada pela Rua Formosa. Não foi o suficiente para nova fatalidade. Nas primeiras horas
de primeiro de janeiro de 1968, uma ponta de cigarro aceso ocasionou um grande
sinistro. O incêndio iniciou às duas
horas da manhã, com suas chamas apagadas totalmente cinco horas e trinta minutos depois,
ruindo o teto e perda total. Fato curioso, em 1935 o filme “Incêndio em Roma" foi exibido no mesmo.
1/1/1968. Majestic em chamas |
“Paris está em Chamas”,
certamente uma recordação à agonia do outro, foi o último filme exibido por outra
sala de Plácido de Carvalho/Ribeiro. O cine Moderno foi inaugurado na Major Facundo,
594 (Praça do Ferreira) em 7 de setembro de 1922, dentro das comemorações do
centenário da Independência. “Carmen” foi a sua primeira exibição, um filme
mudo, como nos seus primeiros oito anos (O primeiro falado, privilégio do Moderno, foi “Broadway Melody”, com Charles King e Bessie Love). 46 anos
depois, seus herdeiros o venderam para um jovem empresário que se evidenciava
na solidez financeira, Edson Queiroz.
Assim registrou o
jornal Correio do Ceará sobre aquele triste acontecimento: “A chama da saudade vai se acender nos
corações de milhares de fortalezenses”. Marcou época na década de 1930, a
partir do seu luxo, ponto de encontro da sociedade, que fazia questão de exibir
as melhores roupas e joias mais caras. Apenas com a chegada do Cine Diogo, em
1940, perdeu a liderança, sempre com filmes exibidos à noite. Na última,
de 21/5/1968, uma despedida preocupante. Viveria uma crise a sétima arte? Os cinemas da cidade já estavam em decadência em números, contando
com o São Luiz (de 1958), Diogo, Art, Samburá e Jangada. Mas na lembrança, os
que partiram: Polytheama, Riche, Rex; Nazaré e Familiar (no Otávio Bonfim), América (no Jardim
América), Luz, Majestic, Messejana (na
época, Mecejana), Centro, Atapu, Ventura (este na Aldeota), entre tantos.
Plácido de Carvalho |
Plácido de Carvalho,
nascido em Canindé no dia 17/01/1873, começou a vida comercial em Fortaleza como
caixeiro (jovem auxiliar de comércio) na empresa Barbosa, Pinto & Cia. Com a
experiência, constituiu a Plácido de Carvalho & Cia, e com ela, em 1880, a
fábrica de cigarros São Sebastião, na Rua da Palma (Major Facundo), ao mesmo
tempo da loja de tecidos Rocambole, na Rua Formosa (Barão do Rio Branco). Já em
1899, apenas como firma Plácido de Carvalho (sem o Cia, que vinha de
familiares), abriu a loja de modas, com essa denominação, na rua Floriano
Peixoto, 47.
Entrou o Sec. XX com Casa Plácido, majestoso magazine de modas,
que ligava o número 94 da Palma com o número 91 da Formosa, destacando-se como
um dos mais promissores empresários do Ceará.
Fez sociedade com o
amigo engenheiro Luiz Gonzaga Flávio da Silva, que para ele construiu o
Majestic, Cine Moderno e o seu palacete, no distante Outeiro (futura Aldeota), criminosamente
demolido nos anos 70. Nascia, em 5/10/1914, a Fábrica Nacional de Mosaicos e
Telhas, na Rua 24 de Maio.
Durante a Primeira
Guerra Mundial, Plácido de Carvalho trouxe de Milão, em 1917, com muita
insistência, a sua amada Pierina, com ela residindo na rua Princesa Isabel,
enquanto arquitetava com Luiz Gonzaga a construção do palacete.
Cine Moderno no seu último dia. Foto Correio do Ceará |
Mandou demolir o
sobrado de Comendador Machado, onde funcionou o famoso Café Riche e o modesto Hotel Central, inaugurando, em 31/12/1931, o Excelsior Hotel,
no cruzamento das ruas Guilherme Rocha com Major Facundo, construído por seu cunhado, Natali Rossi. Porém, em setembro
daquele ano, Luiz Gonzaga havia reformado um prédio do qual nasceria um forte
concorrente, o Palace Hotel, em frente ao Passeio Público, pertencente a Éfren
Gondim, o antigo Hotel de France, com estrutura de hotel e boate.
Em 4/6/1935 faleceu, sendo
o corpo velado no Excelsior, como queria. Deixou sua fortuna para a família, colegas
de trabalho e instituições de caridade. Seu cunhado Natali Rossi, por exemplo, recebeu 50 contos; a Santa Casa, Asilo dos Alienados (Parangaba) e Colégio da
Imaculada cem contos; o Instituto de Proteção à Infância 50 contos, o mesmo
valor para a Escola Pio X. Pierina tocou os negócios ao lado do novo esposo,
Emílio Hinko. Um ano antes havia alugado o prédio, que um dia funcionou a farmácia
de Boticário Ferreira, aos donos da Farmácia Oswaldo Cruz, ainda de pé.
EU ASSISTI DO OUTRO LADO DA PRAÇA EM FRENTE AO MAJESTIC O PAVOROSO INCENDIO. O CALOR ERA MUITO GRANDE O PREDIO ARDIA TODO, ATÉ O ULTIMO ANDAR. NESTA ÉPOCA ESTAVA EM DECADÊNCIA. TINHA MORADORES E LEMBRO DE UM HOMEM QUE MORAVA LÁ E QUE CHAMAVAM DE VIADO PELO FATO DO TAMANHO DA BUNDA DELE E PELO JEITO DE ANDAR COM A BUNDA.AO VER AS FOTOS HOJE, EU COM 80 ANOS VOLTO A VIVER MEUS DIAS DE GAROTO.
ResponderExcluirSr. Birolindo, gostaria de falar com o senhor sobre esse incêndio. O senhor poderia me enviar um e-mail para que eu possa lhe encontrar ou nos falarmos por redes sociais? (e-mail arscript@hotmail.com ou contato@albertorodrigues.com.br) Grato pela sua atenção.
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