segunda-feira, 30 de maio de 2016

30 de Maio de 1934 - Nasce a PRE 9 - A Rádio do Ceará



1938 - Início do Rádio Teatro
No dia 30 de maio de 1934, os irmãos João e José Dummar conseguiram concessão para a atuação da primeira emissora do Ceará. Estava fundada a Ceará Rádio Clube, então PRE- 9. Através da Farmácia Francesa investiram, em prestações de mil reis em ações nominais, no que na época seria uma “aventura maluca” instalar uma emissora de rádio em Fortaleza, sob o pessimismo de muitos, inclusive daqueles que se aventurariam na radiofonia cearense.

 Localizado na Avenida João Pessoa, no bairro Damas, em 1937 passou a exibir programas de grande audiência, muitos obrigatórios, como o “Coisas que o Tempo Levou”, lançado no dia 3 de setembro daquele ano por João Limaverde, que deu continuidade por décadas. Outro de lembrança dos ouvintes foi “A Hora da Saudade”, que teve como primeiro artista famoso convidado Francisco Alves, em 1938, seguido de Chico Viola e Sônia Veiga (“Casinha Pequenina”), chamados de “cartazes”.

 Em outubro de 1938, estreou o rádio teatro, com a peça “Senhora Dona da Felicidade”, destacando-se rádio atores como Iracilda Gondim (primeira), Leila Cabral, Oduvaldo Cozzy, José Cabral de Araújo e Januário de Oliveira.

 Iracilda teve a primeira participação, em agosto de 1937, durante o programa “Hora dos Calouros”, cantando “Eu Sei Sofrer (Noel Rosa), tendo como prêmio um passeio, durante duas horas, num dos automóveis do Posto Mazine.

Em 1994, Marciano Lopes
homenageou João Dummar.
"Coisas que o Tempo Levou"
 Laura Santos também iniciou no mesmo programa, ainda em 1937, participando da primeira novela do Ceará, “Penumbra”, contracenando com o galã Paulo Cabral de Araújo seguido de “Fatalidade”, ao lado de João Ramos. Em 1944, estava em “Fidalgos da Casa Mourisca”, com Antônio Maria. As duas rádio atrizes recebiam de cachê dez mil reis, com direito a passe de ônibus e retorno de automóvel em caso de trabalho noturno.
Na parte esportiva, deu-se a primeira transmissão diretamente do Campo do Prado (hoje terreno do IFC), do qual o repórter Rui Costa Sousa passava as informações para o estúdio, onde se encontrava o “narrador”, João Cabral de Araújo, em 1938, enquanto Oduvaldo Cozzy se responsabilizava pelas matérias futebolísticas, dando-lhe a honra de se transferir para a equipe esportiva da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
 Após a transferência da sede da emissora para o Ed. Diogo, no Centro, com auditório para cem pessoas, estrearam outros competentes artistas: Altair Ribeiro, Romeu Menezes, José Jataí, Moacir Wayne, Zezé do Vale e Afonso Aires. Os salários chegavam a 150 mil reis.
 Entre 1939 e 1940 havia uma coluna de jornal exclusiva sobre rádio, a grande paixão cearense, assinada pela Professora Edite Braga. Numa das crônicas redigiu: “O Progresso vertiginoso de Fortaleza, a cidade morena, num sorriso de fada da beleza, o Teatro PRE 9 é o presente régio oferecido, semanalmente, pela Casa Snoper à sociedade “raffinèr". As possantes emissoras de João Dummar, o batalhador incansável que o Ceará admira e estima, apresentam esta arte nova, com estilo próprio e características especiais".
José Limaverde, Reine, Dona Leda e Nascélio Limaverde. Foto Marciano Lopes

 O proprietário, João Dummar, que chegou ao Brasil com sete anos, não sendo naturalizado, levou Assis Chateaubriand, dono do império de comunicação Diários Associados, a alegar que, segundo legislação vigente, a propriedade deveria pertencer a brasileiros natos ou naturalizados, e assim conseguiu comprar a emissora do outro, em 11 de janeiro de 1944.
 O resto...o tempo levou.

"Trio de Ouro" em Fortaleza. Grande Otelo recepcionado por Paulo Cabral´(Unitário, 8/4/1948)


Fonte e fotos: Jornal Unitário e Marciano Lopes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário