1938 - Início do Rádio Teatro |
Localizado na Avenida
João Pessoa, no bairro Damas, em 1937 passou a exibir programas de grande
audiência, muitos obrigatórios, como o “Coisas que o Tempo Levou”, lançado no
dia 3 de setembro daquele ano por João Limaverde, que deu continuidade por
décadas. Outro de lembrança dos ouvintes foi “A Hora da Saudade”, que teve como
primeiro artista famoso convidado Francisco Alves, em 1938, seguido de Chico
Viola e Sônia Veiga (“Casinha Pequenina”), chamados de “cartazes”.
Em outubro de 1938,
estreou o rádio teatro, com a peça “Senhora Dona da Felicidade”, destacando-se
rádio atores como Iracilda Gondim (primeira), Leila Cabral, Oduvaldo Cozzy,
José Cabral de Araújo e Januário de Oliveira.
Iracilda teve a
primeira participação, em agosto de 1937, durante o programa “Hora dos
Calouros”, cantando “Eu Sei Sofrer (Noel Rosa), tendo como prêmio um passeio,
durante duas horas, num dos automóveis do Posto Mazine.
Em 1994, Marciano Lopes homenageou João Dummar. "Coisas que o Tempo Levou" |
Laura Santos também
iniciou no mesmo programa, ainda em 1937, participando da primeira novela do
Ceará, “Penumbra”, contracenando com o galã Paulo Cabral de Araújo seguido de
“Fatalidade”, ao lado de João Ramos. Em 1944, estava em “Fidalgos da Casa
Mourisca”, com Antônio Maria. As duas rádio atrizes recebiam de cachê dez mil
reis, com direito a passe de ônibus e retorno de automóvel em caso de trabalho
noturno.
Na parte esportiva, deu-se a primeira transmissão
diretamente do Campo do Prado (hoje terreno do IFC), do qual o repórter Rui
Costa Sousa passava as informações para o estúdio, onde se encontrava o
“narrador”, João Cabral de Araújo, em 1938, enquanto Oduvaldo Cozzy se
responsabilizava pelas matérias futebolísticas, dando-lhe a honra de se
transferir para a equipe esportiva da Rádio Nacional do Rio de Janeiro.
Após a transferência
da sede da emissora para o Ed. Diogo, no Centro, com auditório para cem
pessoas, estrearam outros competentes artistas: Altair Ribeiro, Romeu Menezes,
José Jataí, Moacir Wayne, Zezé do Vale e Afonso Aires. Os salários chegavam a
150 mil reis.
Entre 1939 e 1940
havia uma coluna de jornal exclusiva sobre rádio, a grande paixão cearense,
assinada pela Professora Edite Braga. Numa das crônicas redigiu: “O Progresso
vertiginoso de Fortaleza, a cidade morena, num sorriso de fada da beleza, o
Teatro PRE 9 é o presente régio oferecido, semanalmente, pela Casa Snoper à
sociedade “raffinèr". As possantes emissoras de João Dummar, o batalhador
incansável que o Ceará admira e estima, apresentam esta arte nova, com
estilo próprio e características especiais".
José Limaverde, Reine, Dona Leda e Nascélio Limaverde. Foto Marciano Lopes |
O proprietário, João
Dummar, que chegou ao Brasil com sete anos, não sendo naturalizado, levou Assis
Chateaubriand, dono do império de comunicação Diários Associados, a alegar que,
segundo legislação vigente, a propriedade deveria pertencer a brasileiros natos
ou naturalizados, e assim conseguiu comprar a emissora do outro, em 11 de
janeiro de 1944.
O resto...o tempo
levou.
"Trio de Ouro" em Fortaleza. Grande Otelo recepcionado por Paulo Cabral´(Unitário, 8/4/1948) |
Fonte e fotos: Jornal Unitário e Marciano Lopes.
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