segunda-feira, 16 de maio de 2016

Josefa Lucas Mariano - 16 de Maio de 2009. Foi-se a Mãe dos Irmãos e dos Pobres


Zefinha Lucas
 Na lembrança dos sete anos sem a minha tia, a sua força de vontade em decidir a vida na capital, no final dos anos 40. Pobre financeiramente e rica em fé, rumou com o coração partido, decidida. Numa pensão, localizada num belo sobrado da Rua da Assembléia (antiga "das Belas"), hoje São Paulo, a moça simples de Trairi, educada pelos rígidos ensinamentos católicos, começou seu trabalho de comerciante de bordados no Mercado Central. Com a irmã, Ritinha, o exercício noturno e penoso na máquina de costurar, e de madrugada o ofício de caminhar no sentido da Sé, carregando sacolas de roupas e permanecendo todo o dia na tarefa de atrair e conquistar compradores, arte que lhe conferiu o orgulho de ser uma das profissionais de maior sucesso naquele mundinho apertado mas compensador.

Diário do Nordeste

 Tia Zefinha, mais tarde, acolheu os irmãos menores, procurando uma fonte de trabalho para eles, ajustando-os aqui e ali, no que o futuro mostrou que todo o esforço foi correspondido.

 Perguntei a meu pai o que ele mais "aperreava" a irmã: " Eu só queria uma coisa, o dinheiro do jornal todos os dias". E o teve, sempre, assim como o fez aos filhos, sendo eu a prova, mas sabemos que todos os irmãos da Mãe dos Pobres tiveram muito mais do que folhas de papel que sujavam as mãos, embora limpassem a mente, tiveram a gratidão e uma educação pela honradez. Por isso carregaram e carregam o mais profundo orgulho de se assistir diante de figuras que pelo sangue foram suas mães.

 Em 1974 abriu a loja Trairi Bordados durante a inauguração da EMCETUR, dividindo as tarefas com seus auxiliares, aos quais tratava como filhos: Liduína, Zé Maria e Dalvina.

 Deus esteja sempre com a Senhora, minha tia. E com o Mercado Central também, o segundo lar dos Lucas.

Josefa Lucas, sentada, a terceira a partir da nossa esquerda. Ao seu lado, a segunda, sua irmã inseparável, Ritinha.
Evento em Trairi com a presença do governador do Ceará. César Cals (1975)


18 de setembro de 1812  - Inaugurado o prédio do Mercado Público, com planta do tenente-coronel Antônio José da Silva Paulet (o primeiro urbanista de Fortaleza, que desenhou o traçado da cidade em forma de xadrês), ajudante de ordens do governador, no local onde esteve o Mercado Central até pouco tempo, na atual Rua General Bezerril. Foi primeiro mercado de Fortaleza, um pavilhão de madeira, ou telheiro, no meio do cercado da Casa da Câmara.

 Em 1814 foi iniciada a construção de um mercado na Praça Carolina, cuja denominação foi uma homenagem à Arquiduquesa Maria Carolina Leopoldina (Dona Leopoldina), por ocasião do seu casamento com D. Pedro II. Era um grande largo que ficava entre a atual Rua São Paulo, Rua Floriano Peixoto, Rua Sobral e Rua General Bezerril,

 Em 1827 foi construído um mercado para Fortaleza em frente à Praça Carolina, mais conhecido como "Mercado da Farinha", que acabou reinaugurado em 18 de abril de 1897 com outro nome, no mesmo local onde, depois, foi iniciada a construção, na gestão de Álvaro Weyne, do Mercado Central, ocupando todo o quarteirão, com frente para a Rua Conde D`Eu, onde ficava a antiga Casa dos Governadores e só ficou pronto em 1932, quando já era prefeito o Coronel Manuel Tibúrcio Cavalcânti.

 O Mercado de Ferro (antigo da Farinha) teve suas obras iniciadas em 05/02/1896 e sua pedra fundamental foi lançada em 18 de abril do mesmo ano.  Vendia carne fresca no centro da Praça Carolina, local hoje ocupado pelo Palácio do Comércio, Banco do Brasil, Correios e Praça Waldemar Falcão (nome atual, pois se chamou em seguida  Largo da Assembléia, Largo do Mercado, Praça José de Alencar (Norte) e Capistrano de Abreu (Sul). Na parte norte da praça, existia dois quiosques de ferro/madeira, a mercearia do João Aleixo e o Café Fênix, tendo por trás, um outro retangular, que abrigava o Engenho Bem Bem, que comercializava a garapa (caldo) de cana.

Mercado Central 1950. Neste prédio, Zefinha e Ritinha começaram a labuta. (Foto Coisas de Cearense)

 Em setembro de 1932, como citamos, foi inaugurado o Mercado Central onde hoje está o Centro Cultural BNB, entre as vias: Rua Coronel Bezerril (General Bezerril), Travessa Crato (Rua Sobral) e Rua Conde D`Eu. Foi nesse onde minhas tias iniciaram a labuta nos anos 40.

 O Mercado de Ferro foi desmontado em 1939 sendo dividido em duas partes, indo uma para a Praça Paula Pessoa (São Sebastião) e a outra metade para a Aldeota, na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões).

 A parte da Praça São Sebastião foi desmontada em 1968 e levada para a Aerolândia, onde ainda se encontra e no local foi levantado um galpão de alvenaria, com telhas de amianto, que já foi demolido, para a construção de uma praça para o novo mercado de São Sebastião pelo governo municipal do Dr. Juraci Magalhães.

  O Mercado Central passou para novo prédio na Avenida Alberto Nepomuceno, 199 no dia 19 de janeiro de 1998, após infinitos pedidos dos seus permissionários, temerosos de um grande incêndio.

Fonte: Cronologia Ilustrada de FORTALEZA - Nirez.



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